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G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social | ||
PRETO É PRETO, BRANCO É BRANCO: AS TEORIAS RACIAIS E A LITERATURA MARANHENSE | ||
Creusa Kelly Rego Lopes 1 (creklly@bol.com.br), Gilberto Pinto Cutrim Júnior 1 e Irisnete Santos de Melo 1 | ||
(1. Depto. de História, Universidade Federal do Maranhão - UFMA) | ||
INTRODUÇÃO:
O pensamento racial desenvolvido a partir da terceira década do século XIX em algumas nações da Europa obteve ampla difusão chegando a influenciar, antes do fim do século, estudiosos de várias regiões. No Brasil, as interpretações que levaram em consideração a noção de raça ganham corpo, sobretudo, nas três últimas décadas do século XIX por influência de trabalhos estrangeiros como os de Arthur de Gobineau e Paul Broca. Lilia Moritz Schwarcz e Roberto Ventura deixam claro esse processo quando analisam o reflexo do pensamento racial entre os brasileiros: o movimento de difusão das teorias raciais no Brasil se caracterizou por uma ampla assimilação dessas por parte tanto de pesquisadores quanto de literatos. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar de que forma essas teorias que chegaram ao Brasil foram absorvidas por escritores maranhenses em suas obras, tendo em vista o período de agitação social e econômica pelo qual passava a província do Maranhão envolvida em discussões sobre o negro e sobre a grave crise que atingia a lavoura de algodão, período este abrange o final do século XIX e o início do século XX. |
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METODOLOGIA:
O estudo se dá a partir da leitura e análise das obras de escritores maranhenses como Aluísio Azevedo, Nascimento Moraes, Dunshee de Abranches e outros, tendo como referência trabalhos realizados sobre o tema. Utiliza-se assim das obras de Lilia Moritz Schwarcz e Roberto Ventura acerca da assimilação das teorias raciais no Brasil e, também, de autores como Peter Gay e Michael Banton, que analisaram a difusão dessas teorias nos Estados Unidos e em nações européias. |
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RESULTADOS:
No decorrer deste trabalho confirmaram-se as expectativas em relação à absorção do pensamento racial em produções literárias maranhenses: as obras exemplificaram o processo de assimilação / adaptação de teorias estrangeiras. Embora não tenham eles mesmos teorizado sobre o assunto, os literatos demonstraram de forma implícita (às vezes mais, às vezes menos) a forte presença de um pensamento que cria na existência de uma desigualdade entre as raças. Percebeu-se com a análise das obras uma freqüente utilização de vocabulário e conceitos comuns às teorias, mas adaptados à realidade local. |
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CONCLUSÕES:
Conforme os resultados obtidos foi possível perceber que houve uma ampla absorção do pensamento racial do século XIX por alguns escritores maranhenses. Ao final deste trabalho, ressalta-se a importância da análise das referidas teorias raciais e de seu reflexo na literatura maranhense. Acredita-se que o preconceito racial de que ainda hoje são vítimas negros e índios foi construído no decorrer do tempo e que as características desse fenômeno no século XIX contribuíram para a ampliação desse tipo pensamento que se tenta esconder, mas que é tão latente nos dias atuais. |
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Palavras-chave: raça; literatura; Maranhão. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |