IMPRIMIR VOLTAR
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada
CRENÇAS DE ALUNOS ACERCA DO ENSINO DA GRAMÁTICA DA LÍNGUA INGLESA EM UMA INSTITUIÇÃO MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL
Mariela Zebian Bassetti 1 (ma.bassetti@gmail.com)
(1. Depto. de Línguas Estrangeiras Modernas, Universidade Estadual Paulista - UNESP)
INTRODUÇÃO:
Muitos trabalhos têm sido realizados na área de Lingüística Aplicada com relação à formação e a prática de professores, assim como sobre o ensino/aprendizagem em geral. Estes trabalhos nos levam a refletir e analisar situações atuais, do nosso próprio dia a dia, no que diz respeito à situação das escolas públicas quando comparadas às particulares e a nossa principal preocupação, o estudo de línguas, em nosso caso, da língua inglesa.
O objetivo deste trabalho é, observar a prática do ensino da gramática da língua inglesa, como ela se dá em um contexto de sala de aula de uma Instituição Municipal de Ensino Fundamental; quais crenças, pressupostos e concepções são apresentadas pelos alunos participantes, além de observar como eles reagem às aulas com foco gramatical.
Vários fatores nos levaram a pensar nessa pesquisa, e ir para a sala de aula observar a prática do outro, embora um tanto desconfortável pode vir a ser muito interessante e útil tanto para os participantes, quanto para mim pesquisadora e para os que possam vir a compartilhar dessa experiência.
METODOLOGIA:
Foi utilizada a pesquisa etnográfica que de acordo com Moita Lopes (1996, p. 22) “[...] coloca o foco na percepção que os participantes têm da interação lingüística e do contexto social em que estão envolvidos, através da utilização de instrumentos tais como notas de campo, diários, entrevistas etc” e é a partir destes instrumentos juntamente com gravações de áudio e vídeo que trabalhou-se para que com a triangulação dos dados, resultados mais precisos fossem alcançados.
A pesquisa etnográfica apresenta o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento; onde este não interfere, apenas observa as diferentes situações, descreve os dados, os quais são considerados de extrema importância, além de haver uma enorme preocupação com o “processo” e não apenas com o “produto”.
Esta pesquisa foi realizada em uma Instituição Municipal de Ensino Fundamental do interior do Estado de São Paulo, tendo sido observadas várias aulas desde a 5ª até a 8ª séries, em que os alunos têm 4h/aulas semanais de língua inglesa. Os alunos participantes têm idades que variam de 10 a 15 anos. As salas de aulas são numerosas, apresentando uma média de 35 alunos; a grande maioria só estuda inglês na escola, poucos (cerca de 30%) já cursaram ou cursam uma escola de idiomas.
RESULTADOS:
Observou-se durante as aulas assistidas nas 5ª e 6ª séries, que a reação dos alunos é diferente dependendo do tipo de atividade aplicada pela professora. Quando a mesma trabalha de forma interativa, ou mesmo fala sobre a cultura de outros países há uma motivação por parte deles e o interesse em realizar a atividade é maior. Já nas salas como 7ª e 8ª séries, onde o trabalho é feito de forma diferente, há um ensino voltado para a gramática e exercícios estruturais, não há uma motivação por parte dos alunos, e quando foi perguntado a eles o quanto se interessavam pela língua inglesa, a maioria disse que precisam para o futuro, alguns que apenas gostam e de forma geral, os alunos atribuem o ensino da língua inglesa ao ensino da gramática desta, não vendo assim uma outra maneira de estudá-la que não seja através de estruturas e por conseqüência não existe o uso efetivo e significativo da mesma para a comunicação.
Outros resultados também foram alcançados, porém estes mostram que existe uma consciência por parte de alguns alunos sobre a importância do estudo de outra língua, porém neste caso, o problema encontrado no resultado da pesquisa deve-se ao tipo de ensino realizado em sala de aula, que vai de encontro ao contexto em que é aplicado, ensino este voltado para os moldes tradicionais.
CONCLUSÕES:
Percebe-se que a mudança de atitude por parte da professora assim como por parte dos alunos é necessária, mas que não é uma tarefa fácil, visto que toda mudança exige quebra de hábitos e envolve fatores às vezes maiores e mais fortes que nós, porém devemos acreditar que serão sempre para melhor e para atingirmos nossos objetivos.
Para que mudanças ocorram no ensino de línguas e no enfoque dado ao ensino de Gramática em escolas de Ensino Fundamental, deve haver uma conscientização por parte tanto do professor quanto dos alunos de que a Gramática deve ser uma ferramenta para ajudar o aluno a se comunicar melhor e não o principal objetivo do ensino de línguas e, que tenha uma proposta significativa para os mesmos e que não apenas reproduza os sistemas estruturalistas, o que deveria ser evitado, e em lugar disso possibilitasse um ensino cujo foco estivesse centrado na Comunicação.
Fique claro que o ensino de Gramática pode e até mesmo deve ocorrer, porém de forma diferente da que temos visto, deve fazer parte de um todo e não ser o foco central do ensino. Além disso, o que se nota observando o modo como os alunos vêem o ensino da gramática da língua inglesa, que nada mais é do que uma parte pequenina de um trabalho realizado dentro do ensino de línguas, é o quanto as pessoas e as relações existentes entre elas são complexas e sofrem influências o tempo todo, e que tais influências são refletidas em tudo que é feito.
Palavras-chave:  gramática; ensino/aprendizagem; crenças.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005