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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil | ||
UM DIZER SOBRE AS PRÁTICAS ORAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL | ||
Célia Maria Brasil de Carvalho 1 (celia.04@amazon.com.br), Cláudia Telma da Cruz Lima 1 e Maria do Perpétuo Socorro Cardoso da Silva 1 | ||
(1. Centro de Ciências Sociais e Educação, Universidade do Estado do Pará - UEPA) | ||
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa é o resultado da investigação relacionada à teoria infantil, realizada no sentido de relacionar processos observados no cotidiano da Educação Infantil para comparar e compreender a oralidade na formação de leitores e o envolvimento de procedimentos e decisões para encontrar caminhos que conduzam as crianças ao sucesso no momento crítico de sua entrada no mundo da leitura. A preocupação centra-se nas relações entre a produção de conhecimento e sua socialização em práticas pedagógicas de professores desta etapa escolar, práticas orais inadequadas que precisam ser transformadas para que se chegue a essas escolas e no ensino. A avaliação atenciosa dos dados da pesquisa permite detectar lacunas como a falta de clareza causada por respostas desencontradas quanto os instrumento adequados a tal prática. Pois, infelizmente, muitos educadores ainda vêem a infância submetida às imposições dos adultos, ou paparicadas e deixadas à deriva em seu desenvolvimento. É, a partir deste cenário, que se busca estabelecer uma relação entre o dizer infantil, condição para a participação da criança como co-autora, junto com o educador da pré-escola e os companheiros de aula, e as práticas pedagógicas, especialmente àquelas voltadas para a oralidade, estudando a inter-relação pensamento e linguagem, afetividade e cognição e entre esses elementos entre si. |
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METODOLOGIA:
O percurso metodológico para a realização deste estudo, iniciou com leituras referentes à temática e prosseguiu com uma pesquisa de campo. Esta, realizada em duas escolas, uma da rede pública e outra de rede particular de ensino, compreendendo alunos e professores da Educação Infantil de crianças de quatro a seis anos, constituindo-se em uma amostra de oito crianças e quatro professores. A pesquisa de campo foi aplicada em duas etapas. A primeira, coletada, por meio de entrevistas e questionários, falas de pessoas de três diferentes gerações, e de professores e alunos sobre as práticas que dizem respeito à linguagem oral na Educação Infantil; a segunda, por meio da observação direta, com registros de dados relativos às práticas desenvolvidas pelos professores e alunos nas salas de aulas.Após essas etapas, procedeu-se à análise comparativa, a partir dos dizeres e do constatado, evidenciando os contrastes e/ou similares entre ambos. Para as entrevistas foram realizados dois roteiros de observação para alunos e professores onde pôde ser verificada a participação oral dos mesmos, no cotidiano das salas de aula. |
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RESULTADOS:
Foram encontradas duas realidades referentes ao desenvolvimento da oralidade de crianças de quatro a seis anos. Uma considerada positiva em relação ao dizer infantil à formação de sujeitos autônomos e responsáveis ao seu desenvolvimento psíquico-social e outra negativa, por não valorizar esta formação. Na primeira, os alunos são estimulados a falar com espontaneidade, respeitam a fala dos colegas e trabalham em grupo. Na segunda realidade, as crianças falam todas ao mesmo tempo, reclamam dos colegas, são proibidas de contar suas histórias, se irritam com os gritos das professoras pedindo que calem a boca. Observou-se também, que nas turmas em que as professoras conversam carinhosamente com as crianças, antes de iniciar a aula, o comportamento delas era de atenção e respeito, enquanto que, nas turmas em que as professoras primeiro pedem silêncio e/ou reclamam da bagunça, as crianças parecem mais agitadas. Quanto aos questionários feitos com as crianças sobre o contar e ouvir histórias, todas as crianças entrevistadas gostam de ouvir histórias, mas nem todas gostam de contar. As que dizem não gostar de contar, são aquelas que não escutam histórias em casa ou não são permitidas a contar no espaço escolar, pois as oportunidades não são dadas a todas em sala de aula. Apenas, lhe é exigida a ficar quietinha e ouvir o outro, ou apenas a professora. |
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CONCLUSÕES:
Observou-se com a pesquisa, que o ser se constrói a partir da forma de como o processo de educação se desenvolve na família e na escola. Isso pode ser afirmado pelas entrevistas sobre o ouvir e contar histórias nas demais gerações, com pessoas que nasceram em mil novecentos e trinta até os dias atuais. Tanto alunos quanto professoras apresentaram duas realidades, de caráter positivo e negativo, mesmo em instituições públicas ou particulares. A questão da oralidade se dá de forma muito similar. Tentativas de mudanças foram observadas, mas não chega a ser muito significativo. Por isso, acredita-se que se comprometer com o desenvolvimento da oralidade infantil é um dos papéis do educador, já que a família parece tão ausente. E se as crianças já entram na escola falando sobre sua realidade e já dominam a língua oral, por que não valorizar seus dizeres? Seria um bom passo para ampliar a linguagem tanto verbal quanto escrita. Quando, porém, isso não é feito, ou seja, as crianças são tolhidas, de sua expressão espontânea, não adquirem autonomia, ficam esperando sempre a iniciativa de um adulto, do educador. Buscar alternativas, com as próprias crianças, por exemplo, pode ser citado, ao momento da roda de conversa, que não é só para cantar músicas, mas também aprender falar e ouvir, pois para haver oralidade, há necessidade desses dois mecanismos. E esse seria um momento ideal para saber sobre o que pensam e também o que esperam de nós, educadores, porém não o único. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: oralidade; práticas pedagógicas; Educação Infantil. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |