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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal | ||
CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS DE Philodendron imbe Endl. (ARACEAE), EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BA. | ||
Sara Fernandes Galvão 1 (sarafergal@universiabrasil.com.br) e Carlos André Espolador Leitão 2 | ||
(1. Graduanda junto ao Depto de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB; 2. Prof. MSc. do Depto de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB) | ||
INTRODUÇÃO:
A família Araceae é constituída por cerca de 106 gêneros e por mais de 3000 espécies, que em sua vasta maioria são de ocorrência tropical ou subtropical. O gênero Philodendron é um dos mais importantes da família. É o segundo maior gênero, com mais de 350 espécies distribuídas do México Central à Argentina, incluindo as Antilhas, das quais 155 espécies são de ocorrência no Brasil. Por sua potencialidade ornamental, é muito utilizado em jardins, em especial de interiores, além de ter uma especial importância farmacológica por sua toxidade. Apesar de sua importância, o gênero é pouco conhecido taxonomicamente e não são bem definidas as características anatômicas diagnósticas para uma devida compreensão filogenética deste grupo. Philodendron. imbe Endlt. é uma espécie de grande aplicação paisagística e de fácil cultivo. Na medicina popular, é utilizado em inflamações reumáticas, orquite, erisipela, no tratamento de úlceras e como purgante. Tendo-se em vista a necessidade de implementar o conhecimento anatômico em Araceae para a melhor compreenção das relações filogenéticas de suas espécies, e de se levantar dados sobre plantas tóxicas, medicinais e ornamentais, este trabalho tem como objetivo descrever a anatomia dos órgãos vegetativos de P. imbe. |
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METODOLOGIA:
Foram coletadas, em março de 2005, amostras de caule, folha e raiz de exemplares de Philodendron imbe cultivados no campus de Vitória da Conquista – BA, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Dessas amostras, foram obtidos cortes transversais e longitudinais, a mão livre, com o auxílio de lâmina de barbear. Parte dos cortes foram utilizados para confecção de lâminas temporárias, montadas em glicerina 50%, de material fresco. Para confecção de lâminas permanentes, os cortes foram fixados em FAA50, clarificados em hipoclorito de sódio 5%, lavados em água destilada corrente, corados com Safranina O 1% em solução aquosa, e lavados em água destilada corrente. Posteriormente, os cortes tiveram o excesso de corante removido em ácido acético 25%, e desidratados em série etílica. Após desidratação, os cortes foram corados em Fast Green 0,5% em solução de 50% de álcool etílico absoluto e 50% de óleo de cravo, sendo submetidos á série etílica/butílica e butílica/xilol. As lâminas permanentes foram montadas com resina sintética bálsamo-do-canadá. Para análise do laminário e documentação fotográfica foi utilizado um microscópio Carl Zeiss/Jena com recurso de polarização e equipado com sistema fotográfico digital Canon Power Shot A300. |
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RESULTADOS:
O caule apresenta estelo tipo atactostelo. Os feixes vasculares mais periféricos são colaterais e os mais internos são, em sua maioria, concêntricos anfivasais. Ambos os tipos de feixe apresentam fibras. O tecido fundamental caulinar é constituído, em sua maior parte, por parênquima incolor, apresentando alguns ductos secretores. O parênquima clorofiliano, com cerca de 10 camadas de células, ocorre subjacente a cerca de 5 camadas mais periféricas de células de tecido fundamental incolor. Nos caules mais velhos, há a formação de felogênio que produz súber externamente. A folha é dorsi-ventral e anfiestomática, onde os estômatos da face adaxial só ocorrem sobre a nervura principal. O parênquima paliçádico é constituído por 2 a 3 camadas de células curtas, e o lacunoso é mais amplo, delimitando grandes espaços intercelulares. A nervura principal e o pecíolo apresentam copioso aerênquima, cujas células acumulam vários amiloplastos. Ductos secretores ocorrem subjacentes à epiderme abaxial da nervura principal, em meio a um colênquima de 3 a 4 camadas. A raiz é poliarca e apresenta uma medula constituída por fibras. Nas raízes jovens, a endoderme é nítida, ocorrendo posterior esclerificação, assim como de células mais internas do córtex e do periciclo. No córtex radicular encontram-se inúmeros ductos secretores que são envolvidos por duas camadas de fibras. Idioblastos contendo drusas e ráfides são comuns por todo o corpo vegetativo da planta. |
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CONCLUSÕES:
Feixes concêntricos ocorrem em famílias de monocotiledôneas, como Araceae, Liliaceae, Juncaceae e Cyperaceae, porém são raros dentre as dicotiledôneas, o que sugere que sejam filogeneticamente mais especializados. As raízes de Philodendron. imbe são meduladas, e essa condição não é onipresente dentro do gênero. P. bipinnatifidum, não apresenta medula na raiz. Para uma melhor discussão, este trabalho deveria ser complementado com um estudo ontogenético. Foi verificado, por comparação entre cortes proximais e distais da raiz, que a lignificação das fibras dos ductos secretores ocorre primeiro naqueles mais próximos ao estelo. A folha de P. imbe possui estômatos em toda a epiderme abaxial, exceto na nervura principal. Na epiderme adaxial, ocorre a recíproca. Existem menos camadas de células entre a epiderme adaxial e o aerênquima, que entre este e a epiderme abaxial. A comunicação entre as câmaras subestomáticas na região da nervura com o aerênquima pode ser indício de um efetivo papel desses estômatos no sistema de aeração interna da planta. Em P. imbe foram entrados drusas e cristais. Dentre as monocotiledôneas, as ráfides são os cristais de oxalato de cálcio mais freqüentes e apenas a família Araceae tem registro de drusas, ráfides e estilóides. A esses cristais são, muitas vezes, atribuídas as funções de estrutura e defesa. Em Araceae, freqüentemente ocorre a ação mútua de ráfides e toxinas, sendo esse um dos motivos de sua importância farmacológica. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Philodendron; Anatomia; Araceae. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |