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G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
SACERDÓCIO OU PROFISSÃO ?: O MAGISTÉRIO FEMININO EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO NO FINAL DO SÉCULO XIX.
Marcilda de Souza Machado 1 (marcildasouza@ig.com.br), Elizabeth Sousa Abrantes 2, Suzete Maria Pereira 1, Ilma de Jesus Rabelo Santos 1, Mirlane Mendes Silva 1, Pekelman Halo Pereira Silva 1, Lívia Maria Laranjeira Castro 1 e Danuza Costa Mendes 1
(1. Depto. de História, Universidade Federal do Maranhão - UFMA.; 2. Depto. de História, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA.)
INTRODUÇÃO:
A educação no século XIX estava perpassada por valores que definiam os papéis sociais dos indivíduos. A legislação educacional previa um ensino diferenciado para homens e mulheres. Enquanto os homens eram preparados para um ofício, e para o ensino superior que os tornava aptos para as funções de mando, as mulheres eram moldadas para as funções de esposa e mãe. Na prática do magistério também havia a distinção entre os sexos, cabendo às mulheres o ensino do nível primário às meninas, especialmente no ensino público. As professoras recebiam um salário inferior ao dos professores e não ensinavam níveis mais elevados. Durante o século XIX as autoridades maranhenses tentaram a criação de uma Escola Normal para formação dos docentes, especialmente para qualificação do professorado feminino considerado mais carente de uma boa formação. Lentamente as mulheres foram ocupando o ensino das séries iniciais da educação primária, ocorrendo uma feminização do magistério. Esse avanço não era visto como uma ameaça para a ordem social uma vez que o magistério feminino era entendido como uma extensão da função materna, e por essa razão podendo até ser trabalhado de maneira melhor por uma mulher. Com a criação da Escola Normal em 1890, verificou-se um crescimento do número de professoras, tanto moças das camadas médias com um certo grau de instrução, como também mulheres das camadas populares que viam no magistério uma profissão para garantir-lhes a sobrevivência e um meio de ascensão social.
METODOLOGIA:
Para a elaboração do trabalho utilizamos fontes primárias variadas, como relatórios, legislação, jornais, a fim de perceber os discursos dos diferentes sujeitos sociais (autoridades civis, intelectuais, religiosos) sobre a condição feminina na sociedade ludovicense, a educação ideal para as mulheres, bem como sua atuação no magistério. O estudo teve por base a utilização do conceito de gênero como categoria de análise, mostrando o aspecto relacional dos processos educativos de homens e mulheres e dos papéis que desenvolvem na sociedade.
RESULTADOS:
No decorrer da pesquisa pudemos perceber que no século XIX a educação feminina tinha como propósito preparar melhor as mulheres para os papéis que elas já comumente desempenhavam, tendo como objetivo legitimar e reproduzir a sociedade paternalista e manter a submissão feminina, restringindo a mulher ao espaço privado do lar e sua educação aos conhecimentos científicos de maneira superficial, sendo a ênfase principalmente nas prendas domésticas. O magistério feminino era visto mais como um sacerdócio do que uma profissão, portanto, não causava sérios perigos para a ordem social estabelecida. Os discursos que legitimavam as mulheres enquanto professoras, baseava-se no principal papel social a que estavam destinadas: o de mãe.
CONCLUSÕES:
A proposta do trabalho tinha como objetivo responder a algumas perguntas dentre elas, a seguinte: no século XIX a atuação da mulher maranhense no magistério proporcionou a ela alguma forma de emancipação ?. A princípio, pensávamos numa resposta afirmativa. Entretanto, a partir da leitura de algumas obras do período, discussões travadas sobre o assunto e após a análise dos resultados alcançados no decorrer da pesquisa, observamos que os discursos da época discorriam sobre a situação da mulher como um ser diferente, que deveria desempenhar papéis já bem definidos. Então nesse momento os cursos normais representavam a meta mais alta dos estudos a que uma jovem poderia pretender. Percebemos que as inovações ocorridas na educação das mulheres não representaram avanços que levassem ao deslocamento da mulher da posição de filha, esposa e mãe, para a de profissional, intelectual e cidadã.
Palavras-chave:  educação feminina; magistério no século XIX; discursso sobre os papéis sociais.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005