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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
EPIDEMIOLOGIA DE MELANOMA MALIGNO CUTÂNEO EM 84 PACIENTES ATENDIDOS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM FORTALEZA, CEARÁ
Geórgea Hermógenes Fernandes 2 (cratinho@ig.com.br), Ana Lígia Rocha Peixoto 2, Zoélia Maria Leite Ratts 2, Eveline Barroso Aragão 2, Germana Augusta Josino Carrilho de Arruda 2, Leonardo Augusto Negreiro Parente Capela Sampaio 2, Jorg Heukelbach 2 e Miren Maite Uriibe Arregi 1
(1. Depto. de Registro do Câncer, Hospital do Câncer - ICC; 2. Depto. de Saúde Comunitária, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas, a incidência de melanoma maligno cutâneo (MMC) vem aumentando de forma contínua em muitos países do mundo, inclusive no Brasil, onde a taxa de incidência em 2000 foi estimada em 2,9 por 100.000 pessoas/ano em homens e 2,0 por 100.000 pessoas/ano em mulheres. Foi enfatizado que o risco de melanoma é mais alto no sul do país por ter um maior número de pessoas descendentes de europeus. Por exemplo, entre 1983 e 1988, a incidência de MMC em homens em Porto Alegre (SC) era de 5,1 por 100.000 habitantes/ano, comparado com 1,7 por 100.000 habitantes/ano em Fortaleza (CE). Estudos epidemiológicos do nordeste brasileiro praticamente nunca foram publicados. Para descrever as características epidemiológicas de MMC no nordeste do país foi realizado um estudo retrospectivo em pacientes atendidos com MMC no Instituto do Câncer do Ceará (ICC) em Fortaleza, centro de referência no Estado.
METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo retrospectivo no ICC em Fortaleza/CE. O ICC é um hospital terciário especializado em oncologia, referência para todo o Estado. Os dados foram obtidos através do banco do registro hospitalar. Esse banco de dados consta da ficha de registro computadorizada de tumor do ICC. Todos os pacientes que se apresentaram no ICC com MMC entre 2000 e 2002 foram incluídos na análise, independente do modo de entrada no Hospital. Os dados foram transferidos para o programa Epi Info e analisados com os respectivos módulos do programa. Os testes de qui quadrado e de Kruskal-Wallis foram aplicados para calcular a associação entre variáveis categóricas nominais e ordinais, respectivamente.O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto do Câncer do Ceará, Fortaleza.
RESULTADOS:
Foram incluídos no estudo 84 pacientes com MMC. Destes, 54 (64,3%) eram do sexo feminino e 30 (35,7%) do sexo masculino. A mediana da idade era de 58,5 anos, sendo a amplitude entre 18 e 87 anos. A maioria dos casos aconteceu entre 41 e 80 anos de idade. A respeito da cor da pele, 46 (54,8%) pacientes eram de cor branca e 35 (41,7%) de cor parda. Um paciente era indígena e um negro. A localização predominante do tumor primário foi nos membros inferiores (21,4%), seguido pela localização no tronco (10,7%) e na face (7,1%). A localização do tumor primário não foi associada com a cor de pele branca ou parda (p=0.3), como também não mostrou associação com a idade (p=0.8). A respeito do tipo histológico, mais do que 80% dos tumores eram melanoma maligno sem outra especificação. O tipo histológico do tumor não foi dependente da cor da pele (p=0.4) e não mostrou associação com a idade (p=0.7). Em 16 pacientes (19,0%) foram diagnosticadas metástases à distância. A localização da metástase à distância mais comum foi no fígado (5 casos, 31,2%), seguido pela localização no cérebro e no pulmão (3 casos cada, 18,8%), na pele e nos ossos (2 casos cada, 12,5%). Dois pacientes apresentaram duas metástases (pulmão e coração/ mediastino/ pleura), e um paciente, três metástases (fígado, pele e pulmão).
CONCLUSÕES:
Em geral, a incidência de MMC é mais alta em pessoas entre 50 e 60 anos e em indivíduos de cor de pele branca. No estudo presente, similar a outros estudos brasileiros, as faixas etárias mais atingidas foram entre 41 e 80 anos.O MMC é considerado pela maioria dos autores como uma doença predominante em mulheres. Entretanto, outros estudos apontam uma predominância no sexo masculino ou nenhuma diferença considerável. Vale ressaltar que existem diferenças genéticas e de exposição a raios UV regionais contribuindo para esses achados diferentes. O nosso estudo confirma a predominância no sexo feminino.Estudos populacionais de países de clima temperado encontraram que a localização anatômica predominante no sexo masculino foi no tronco e no sexo feminino nos membros inferiores. Similarmente, encontramos como localização predominante o tronco, membros inferiores e a face. Nesse estudo, foram localizadas metástases à distância em 19% dos pacientes. Em geral, essa freqüência é similar a dados oriundos de outras partes do Brasil e do mundo, apesar de parecer elevada. Os dados mostram que a epidemiologia de pacientes atendidos com MMC em um centro de referência no nordeste brasileiro é similar aos estudos anteriormente publicados no sul e sudeste do país. Futuros estudos populacionais são imprescindíveis para conhecer melhor a epidemiologia dessa doença no Brasil.
Palavras-chave:  epidemiologia; melanoma; oncologia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005