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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 5. Enfermagem Pediátrica
REDE DE SIGNIFICADOS DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE: PRÁTICA DOS PROFISSIONAIS NO CUIDADO DA CRIANÇA
Maria Veraci Oliveira Queiroz 1, 2 (veracioq@hotmail.com) e Maria Salete Bessa Jorge 1
(1. Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Hospital Geral de Fortaleza - HGF)
INTRODUÇÃO:
A pesquisa está relacionada com a rede de significados da prática de educação em saúde no cuidado da criança e segue pressupostos ancorados na antropologia cultural, pois consideramos que toda prática de cuidado com a criança envolve ação educativa e deve considerar o contexto sociocultural da criança e da família, facilitando maneiras de aprimorar e desenvolver o cuidado da criança com vistas a recuperar e manter sua saúde. Na assistência à criança as propostas de educação em saúde ainda permanecem centradas na transmissão de conhecimentos fundadas nas concepções dos profissionais, que nem sempre levam em conta o saber das famílias, a existência de práticas populares, as representações sobre o processo saúde doença. Venho com esse estudo resgatar interesse, idéias e uma visão de mundo construída ao logo da prática profissional, as quais me direcionam para estudar tramas e teias da educação em saúde a partir dos seguintes objetivos: compreender a prática de educação em saúde no contexto de cuidados da criança identificando as concepções de educação em saúde na perspectiva dos profissionais que cuidam da criança e analisando o significado da prática educativa articulados no pensar e no fazer desses profissionais.
METODOLOGIA:
Pesquisa qualitativa apoiada em um enfoque teórico da antropologia cultural e método etnográfico de Geertz, antropólogo contemporâneo que tem estudado profundamente as imediações da vida social numa visão cultural. O campo de investigação foi uma instituição pública do Sistema Único de Saúde, tendo como cenários cinco unidades de cuidado da criança: unidade neonatal, alojamento conjunto, internação pediátrica, ambulatórios de puericultura e núcleo de aleitamento materno. Os informantes-chave constituíram-se de dezoito profissionais, dos quais dez enfermeiras, seis médicos e duas nutricionistas. Outros profissionais da equipe de saúde foram considerados informantes gerais. Como técnica de obtenção das informações optei pela observação-participante e pela entrevista semi-estruturada a qual foi gravada com permissão dos participantes, pois a pesquisa seguiu todos os preceitos éticos da Resolução 196/96 sobre pesquisas com seres humanos. Os dados coletados foram organizados após leituras exaustivas, utilizando-se o método de análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) de Lefèvre. Destacamos os temas emergentes e após codificação pela prévia identificação Os recortes desses discursos temáticos foram encadeados para construir o discurso do sujeito coletivo representados em cada temática/categoria.
RESULTADOS:
Os resultados retratam as concepções e as práticas que exprimem idéias, pensamentos, o fazer cotidiano partilhado entre este grupo de profissionais que cuidam da criança: Temática 1 Concepções de Educação em Saúde: categoria 1 Educação em saúde como orientação para o cuidado e categoria 2 Educação em Saúde como processo comunicativo e relacional. Essa temática indica o pensamento dos profissionais sobre uma educação que predomina uma consciência vazia a ser preenchida com conteúdos, mas ficou evidente que a educação em saúde é, sobretudo, um ato relacional e comunicativo sendo relevante a escuta para conhecer as necessidades e experiências do cliente. Temática 2 Tramas da prática da Educação em Saúde: categoria 1 Teia da comunicação na prática de educação em saúde e categoria 2 Delineando as possibilidades e percebendo as impossibilidades da Educação em Saúde. Os discursos confirmam ser a prática educativa centrada nas relações interpessoais mediadas pela teia de comunicação presente sob as diversas formas de acordo com as experiências de cada profissional. Assim, apontam as múltiplas dimensões da educação em saúde em situações do cotidiano que se mostram possíveis, reais. Mas também evidenciam as impossibilidades pelas dificuldades na efetivação, portanto, não se concretiza em sua totalidade nos complexos formadores do tecido da prática de cuidado.
CONCLUSÕES:
De acordo com as reflexões do estudo constatamos ser a educação em saúde uma estratégia de orientação ao cuidado infantil a envolver relacionamentos e uma comunicação com a mãe/família que traz em si uma finalidade precípua de acompanhar o crescimento e o desenvolvimento infantil promovendo a qualidade de vida. Elucidou-se existir nessa trama e teias vivenciadas no cotidiano, possibilidades e impossibilidades de desenvolvê-la tal como concebem os defensores dessa prática. Contudo, representa uma necessidade e uma perspectiva para a humanização, o cuidado integral, ético e solidário, que promove vínculos e confianças entre profissionais e usuários. Favorece o resgate à linguagem, ao conhecimento e as experiências da mãe/família numa atitude de troca entre saber popular e saber científico, embora os profissionais demonstrem dificuldade em articular tais conhecimentos. Esse é um dos caminhos utilizados para a compreensão da realidade vivenciada na prática e possibilita oferecer subsídios para reflexões sobre as atitudes profissionais em relação à saúde e às estratégias de educação em saúde como propostas de mudanças.
Instituição de fomento: FUNCAP
Palavras-chave:  Educação em saúde; Prática dos profissionais pediátricos; Etnografia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005