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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 6. Enfermagem Psiquiátrica | ||
O COTIDIANO DE UMA FAMÍLIA NO CUIDADO DOMICILIAR A UMA PACIENTE COM DEFICIÊNCIA MENTAL | ||
Hermínia Maria Sousa da Ponte 1 (herminiaponte@yahoo.com.br), Lauriany dos Santos Sousa 1, Angelo Brito Rodrigues 1, Flávia Oliveira dos Santos 1 e Ana Virgínia de Melo Fialho 2 | ||
(1. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA; 2. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
A visita domiciliária possibilita a penetração do profissional de saúde no íntimo da família, criar laços afetivos, identificar as dificuldades encontradas pela família no cuidado do paciente e proporcionar meios para possíveis resoluções de problemas. Para serem estabelecidos estes laços é necessário que o profissional transmita confiança tanto para o paciente quanto para a família (NOGUEIRA,1997). A participação do profissional de enfermagem na assistência ao deficiente mental, deve ser estimulada visando à prevenção, a proteção e a promoção da saúde, através da identificação precoce dos casos, aconselhamento genético, tratamento específico e reabilitação (ANDRADE,1986). De acordo com Barros (2004), há pessoas com transtorno mental que apresentam limitações, mostrando-se assim impossibilitadas de comparecerem regularmente aos postos de saúde ou ao Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, para um acompanhamento sistemático pelas equipes de saúde. Geralmente são pessoas com histórico de sucessivas internações psiquiátricas e que infelizmente tornaram-se vítimas de cronificação ou aqueles indivíduos marginalizados pelos próprios membros da família, os quais muitas vezes adotam uma conduta de isolar o portador de transtorno mental do convívio familiar e comunitário. Este estudo tem como objetivos observar o papel do cuidador do deficiente mental no domicílio e identificar as dificuldades encontradas pela família no cuidado domiciliar. |
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METODOLOGIA:
Esta pesquisa é do tipo estudo de caso, de caráter exploratório e descritivo analisado dentro de uma abordagem qualitativa. Conhecemos a paciente no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), do município de Sobral - CE, ao participar de um grupo de convivência supervisionado por uma Terapêuta Ocupacional. Desenvolvemos o estudo no CAPS e no domicílio, situado no bairro da Coelce, de maio a novembro de 2004. Os dados foram coletados através de observação participante utilizando um roteiro de entrevista que abordava aspectos como: a identificação da paciente e de sua cuidadora; constituição familiar; atividades; sentimentos percebidos relacionados a sua patologia, e que foi respondido por sua cuidadora. Seguimos os princípios éticos da resolução 196/96 do CNS. O estudo teve como base os princípios da beneficência e da autonomia, respeitando os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, assim como os hábitos e os costumes, sendo assegurada aos participantes a sua confidencialidade e privacidade. Ao abordarmos a paciente e sua família explicamos os objetivos da pesquisa, logo após convidamo-os a participar da mesma, quando eles aceitaram lemos o documento de consentimento livre e esclarecido garantindo o anonimato dos participantes e pedimos a assinatura do cuidador, esclarecendo que a qualquer momento pode se retirar do estudo sem ter qualquer prejuízo. |
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RESULTADOS:
A paciente M.J.A.M, 52 anos, solteira, sobralense, aposentada, com prole de 2 filhos, apresenta o diagnóstico de psicose com sintomas residuais. Há três anos ela está sendo acompanhada pela equipe multidisciplinar do CAPS, recebendo como proposta de tratamento participar do grupo de convivência oito vezes por mês e comparecer a consultas psiquiátricas uma vez por mês. A partir do contato com a paciente no grupo de convivência, decidimos acompanhar a repercussão de seu tratamento no domicílio e no CAPS. Observamos que o cuidado a paciente é ineficaz devido à falta de tempo que sua irmã, a qual é sua cuidadora, tem em realizar a atenção à mesma, sendo a administração dos medicamentos atrasada deixando-a muitas vezes irritada, dificultando assim, o seu tratamento. E que o ambiente domiciliar é inadequado para o cuidado da paciente pelo constante fluxo de familiares e amigos na residência gerando barulho, deixando-a muito inquieta e irritada. A cuidadora diz que encontra dificuldades no que diz respeito ao tratamento da paciente devido às alterações de humor, crise de choro nos momentos de crise, já que a cuidadora divide seu tempo auxiliando seu pai de 86 anos a realizar as necessidades básicas. |
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CONCLUSÕES:
Constatamos que a paciente está sendo bem acompanhada pela equipe do CAPS, mas que o cuidado não está sendo continuado no domicílio. Sendo necessário que a cuidadora tenha orientação de como fazer o cuidado adequado no domicílio, com o apoio da equipe de saúde da família. A cuidadora ressalta que a terapia de grupo proporciona bons resultados, pois a mesma volta calma e animada de cada sessão. Elogia também o trabalho e a metodologia do atendimento do CAPS que é o oposto dos procedimentos realizados pelos profissionais da antiga Casa de Repouso Guararapes, que era um hospital psiquiátrico da cidade de Sobral. Ela fala ainda que durante as internações da paciente no hospital a mesma não tinha nenhuma melhora, pois freqüentemente se encontrava sobre efeitos dos medicamentos. Percebemos que o CAPS surgiu como uma das melhores respostas ao hospitalocentrismo e ao modelo manicomial, oferecendo tratamento especializado a pessoas portadoras de transtornos mentais, que outrora foram excluídos e discriminados. E aos poucos vem ganhando mais espaço dentro da sociedade e aceitação da população em geral. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Deficiência mental; Visita domiciliar; Cuidador. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |