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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos | ||
O QUE DIZEM AS PROFESSORAS E OS ALUNOS SOBRE O SUCESSO E O FRACASSO ESCOLAR NA EJA | ||
Severina Gomes da Silva 1 (severinags@yahoo.com.br), Maria Selma Augusta de Melo 1 e Maria Eliete Santiago 2 | ||
(1. Secretaria de Educação e Desporto de Olinda, Prefeitura Municipal de Olinda-PMO; 2. Dept. de Administração Escolar e Planejamento Educacional, Centro de Educação-UFPE) | ||
INTRODUÇÃO:
O estudo do sucesso e o fracasso escolar escolhido como objeto de pesquisa, teve sua origem nas inquietações geradas em nossa prática docente como professoras da Educação de Jovens e Adultos -EJA. A escola noturna, enquanto espaço de escolarização para jovens e adultos das classes populares, apresenta um movimento que interfere e desafia a prática pedagógica: entradas, saídas e retornos dos alunos da escola. Esse movimento é responsável por cerca de 50% da evasão escolar e 15% de reprovação do aluno da EJA em nível nacional e municipal, gerando um fracasso escolar em torno de 65%. Diante dos relatos de professores e alunos e do quadro de rendimento escolar da EJA em Olinda nos indagamos: o que sabem alunos e professores sobre o resultado de seu trabalho? O que dizem alunos e professores sobre o sucesso e o fracasso escolar na EJA? Essas perguntas levaram a traçar como objetivos da pesquisa conhecer as explicações dos alunos e professores sobre o sucesso/fracasso escolar e o processo de implantação, implementação e sistematização da EJA em Olinda. Para tratar as questões referentes ao sucesso e o fracasso escolar que na história da educação brasileira encontra diversas explicações teóricas, fundadas em fatores objetivos e subjetivos, intra e extra escolares, nos pautamos pela abordagem pedagógica, fundamentada nas leituras de Freire (1979/2000), Santiago (1990), Brandão (1990) e Souza (2000). |
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METODOLOGIA:
Optamos pela abordagem qualitativa como orientação metodológica conforme Minayo (1994) em virtude da pesquisa investigar as explicações dos alunos/as e professoras da Rede Municipal de Olinda/Divisão de EJA sobre o sucesso e o fracasso escolar no período de 2000 a 2003. Analisamos a situação de 94 alunos/as com histórico de evasão e 19 professoras (entre elas, duas com experiências polarizadas: uma com 0% de evasão e 100% de aprovação, e outra com fechamento de turma por evasão). Para a coleta dos dados nos utilizamos de questionários, entrevistas e documentos (registros históricos do processo de implantação, implementação e sistematização da EJA em Olinda e quadros de rendimento escolar) no período de novembro de 2003 a maio de 2004. Para organização e análise dos dados nos apoiamos em Bardin (1997). Elaboramos mapas a partir das respostas dadas aos questionários, construímos tabelas e gráficos com as informações dos documentos, identificando temáticas - Trajetória da EJA em Olinda, Sucesso/Fracasso Escolar na EJA, Trajetória Escolar do Aluno, Limites e Possibilidades da Prática Pedagógica e Contribuição da Escola na Inclusão e Exclusão Sócio-Educacional - que possibilitaram a produção dos textos analíticos. |
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RESULTADOS:
Em grande maioria os alunos da EJA entraram na escola quando criança, entre 5 e 8 anos de idade, tiveram experiência escolar de fracasso por repetência e evasão. Na perspectiva dos alunos, a evasão escolar têm justificativas e explicações diversas, relacionadas a uma relativa “opção pessoal” e a fatores circunstanciais que incidem mais imperativamente sobre a decisão de abandonar em dado momento a escola, como: necessidade de trabalhar, mudança de cidade, horário de trabalho e escola, cansaço, rotina doméstica e conflito com professora. Segundo as professoras os motivos principais que contribuem para o sucesso e fracasso escolar na EJA são: aquisição de trabalho temporário, relacionamento entre professor/a e aluno/a, caracterizado pela “paciência, carinho, disponibilidade, empenho e amor” e o “desinteresse” do aluno/a pelo universo escolar. Os achados ainda nos mostraram que existe um baixo índice de identificação das professoras com o trabalho da EJA e estas não relacionam fracasso escolar e prática pedagógica. |
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CONCLUSÕES:
A pesquisa mostrou que a EJA tem um movimento de entradas, saídas e retornos à escola e que o sucesso/fracasso escolar do/a aluno/a da EJA é construído a partir de questões objetivas e subjetivas. Objetivas na estruturação da escola/ensino e subjetivas na individualidade/especificidade de cada sujeito. Para os/as alunos/as e professoras o trabalho é o principal motivo do abandono da escola. No entanto, o trabalho tanto influencia no abandono da escola como no retorno: quando encontram trabalho, mas o horário e o cansaço não permitindo a conciliação entre estudo e trabalho, desistem da escola; quando excluídos do mercado de trabalho, voltam à escola porque precisam adquirir competências específicas para a (re)inserção nesse mercado; e quando já empregados, o trabalho exige maior qualificação acadêmica/profissional. A afetividade e o incentivo do professor foram competências indicadas pelos/as alunos/as e professoras como importantes para uma prática pedagógica de sucesso . As professoras explicaram que os alunos/as da EJA, por terem uma história de exclusão social e escolar, necessitam de um relacionamento menos formal e mais próximo com seu professor/a, contribuindo na construção do sucesso do processo ensino- aprendizagem cotidiano da sala de aula. |
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Palavras-chave: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS; EXCLUSÃO SOCIAL E ESCOLAR; SUCESSO/FRACASSO ESCOLAR NA EJA. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |