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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
IDOSO E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE E CONTEXTO SOCIAL EM UMA ÁREA URBANA DE MARACANAÚ
Maria José Andrade Ximenes 1 (maze.ximenes@bol.com.br)
(1. Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
O envelhecimento populacional traz desafios ao país que o enfrenta, com repercussões sociais, econômicas e familiares. No Brasil, ele provém de vários fatores como: a redução de nascimentos através de uso de anticoncepcionais, a redução da mortalidade infantil, o avanço da tecnologia, através de pesquisas relacionadas à saúde, aumentando a qualidade de vida, melhoria das condições sanitárias, oportunidades educacionais e aumento do mercado de trabalho. Através da prática em Saúde da Família e do grande contingente de idosos que é atendido, mensalmente, nos programas do Ministério da Saúde, surgiu o interesse de estudar o processo de envelhecimento, relacionado com a saúde, por meio do contexto social e familiar, fazendo-se necessário, detectar hábitos que, podem ou não, favorecer a manutenção de uma relação saudável consigo mesmo e com os outros. À medida que a idade aumenta, as características próprias desta fase começam a surgir, como as doenças crônicas, a diminuição da capacidade funcional e a ociosidade. Assim, é de interesse analisar o processo de envelhecimento relacionado à saúde, contexto social e familiar dos idosos; descrevendo o perfil sócio econômico e de sua família; investigando os hábitos de lazer e o relacionamento familiar e identificando as enfermidades mais freqüentes na população estudada. Este estudo servirá de base para implantação ou melhoramento de atividades em programas de assistência ao idoso
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo do tipo descritivo, corte-transversal, realizado em uma equipe de saúde da família do Município de Maracanaú. A população coincidiu com a amostra, constituída pelos 353 idosos, dos quais: 24 idosos não foram entrevistados pois não se encontravam em casa, durante o período da pesquisa.Totalizando 329 idosos entrevistados. Os dados foram coletados através de um questionário de 35 perguntas, objetivas e subjetivas; aplicado no período de 20 de Setembro a 13 Outubro de 2003, através de visitas domiciliares.Foi realizado um pré-teste e alterações necessárias. Após o pré-teste, foi realizada reunião com as agentes de saúde da área em estudo, onde receberam explicações sobre a pesquisa. Inicialmente, cada agente de saúde aplicou apenas três questionários e retornaram para que dúvidas surgidas na aplicação dos mesmos fossem esclarecidas. À proporção em que iam fazendo os inquéritos domiciliares, estes eram entregues à responsável pela pesquisa, que conferia se todas questões tinham sido respondidas; nos casos de haver alguma questão em branco ou que trouxesse dúvida quanto à interpretação dos dados, a agente de saúde realizava uma nova visita ao domicílio, para completar o que estava faltando. As respostas foram todas tabuladas no banco de dados do EpiInfo 6. Os dados foram organizados em quadros e tabelas. A pesquisa obedeceu aos aspectos éticos e legais que rege a resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde que trata de pesquisa com seres humanos.
RESULTADOS:
No presente trabalho sobre o idoso e sua relação com a saúde e contexto social, entrevistamos um total de 329 idosos. Diante de tal realidade, podemos observar que é uma população de baixa renda e de baixas condições sócio-econômicas. Geralmente moram com familiares e a maioria dos casos a aposentadoria é a fonte de renda familiar. Entretanto, estes são “marginalizados”, por serem velhos, e, ainda, não tem o apoio e nem a dedicação da família.Passam a maior parte do tempo sozinhos. Atividades de lazer são, praticamente, realizadas sozinhas, com algum amigo ou assistindo à televisão A maioria dos sujeitos era do sexo feminino, 63,6%. A faixa etária predominante foi a de 60 à 64 anos, com 24,6% e a de 65 à 69 anos com 25,8%. Quanto ao estado civil observamos que a maioria, 48,9%, encontra-se casada, seguido dos viúvos, com 35,3%. Com relação ao contexto familiar concluímos que grande parte dos idosos, 47,6%, mora em casa, com 3 gerações. Apenas 21,3% não recebem nenhum benefício. Dos que recebem 75,5% aplicam todo na manutenção da casa. Apenas 14,9% não relatou nenhum problema de saúde. Dos 85,1% que referiram algum problema de saúde, as patologias mais freqüentes foram as doenças crônicas, principalmente a hipertensão arterial e a diabetes mellitos. Com relação as atividades de lazer, as mais freqüentes foram: o uso da televisão, o ficar na calçada (conversando ou não) e ir à igreja. É interessante ressaltar, que 7,3% deles informaram não ter nenhuma atividade de lazer.
CONCLUSÕES:
Ao final da pesquisa observamos que, estes idosos possuem baixo nível sócio-econômico e apesar de muitos terem uma fonte de renda, geralmente a aposentadoria, praticamente são eles quem sustentam a casa e vários familiares. Geralmente possuem algum tipo de patologia, sendo as mais freqüentes, as doenças crônicas. Quando discutimos a questão do lazer, observamos que muitos passam a maior parte do tempo assistindo à televisão, conversando na calçada e freqüentando igrejas. Apesar de a maioria viver com familiares, sustentando a casa, permanecem grande parte do tempo sozinhos, sem à assistência da família. Ao nosso ver, precisamos melhorar muito no âmbito de assistência ao idoso. Procurar engajá-los em grupos, realizar atividades, para que não se sintam tão ociosos e aproveitem da melhor forma possível, esta etapa da vida, com alegria e sendo úteis e produtivos. Sugere-se às equipes de PSF, que procurem formar grupos e engajem seus idosos, pois será de suma importância, para que eles venham a ter melhor qualidade de vida; também será de grande proveito, para que os profissionais se sintam úteis, em estar ajudando o próximo e ao mesmo tempo desafogando os ambulatórios, pois os pacientes poli-queixosos vão sendo trabalhados nos grupos, uns ajudando aos outros. E aos nossos gestores que criem Centros de Convivência de idosos nos Municípios, para que eles cada vez mais, se sintam valorizados. Conseqüentemente o município irá diminuir os gastos com internamentos, medicações, etc.
Palavras-chave:  Envelhecimento; Idoso e sua relação com a saúde; Programa de Saúde da Família.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005