IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
O FENÔMENO DAS INVASÕES DE SALVADOR-BA:
DO CORTA-BRAÇO NA LITERATURA DE ARIOSVALDO MATOS, AOS DESDOBRAMENTOS NAS DÉCADAS SEGUINTES
ALEX DE SOUZA SILVA 1 (alexdesouzasilva@hotmail.com), ANGELA DE OLIVEIRA BELAS 1 e MARIA AUXILIADORA DA SILVA 1
(1. Depto. de Geografia, Universidade Federal da Bahia - UFBA)
INTRODUÇÃO:
A proposta do presente trabalho é apresentar um diagnóstico sobre a evolução espacial da cidade de Salvador-BA, a partir de um panorama sobre as invasões que passaram a configurar sua paisagem urbana no período de 1946-1989. Essa dimensão de análise ganhou espaço mais contundente com a obra de Ariovaldo Matos, que permitiu aprofundar à compreensão sobre a crise habitacional nas quatro décadas em análise.
METODOLOGIA:
Preliminarmente, procedeu-se o estudo sobre a obra literária de Ariovaldo Matos, romance jornalístico intitulado Corta-Braço e que relata a gênese da primeira invasão na capital baiana. Na seqüência, operacionalizou-se o levantamento do material bibliográfico já produzido, bem como de mapas e documentos que permitissem compreender as causas e conseqüências da problemática urbana dos setores populares mais carentes da cidade.
RESULTADOS:
Por procedimentos didáticos, adotou-se uma periodização em quatro fases, com base nos relatórios da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - CONDER. A despeito dessas informações, observou-se que na fase inicial, 1946-49, marcada pela desapropriação e mercantilização das áreas invadidas, as dezesseis invasões catalogadas, situavam-se na periferia urbana da cidade. A segunda fase, 1950-68, marcada pela falta de política habitacional para as camadas de baixa renda, o número de invasões aumentou para setenta e nove. Dessas, uma grande parcela foi construída em áreas mercadologicamente valorizadas, a exemplo da orla marítima e de bairros destinados às classes mais abastardas. Já na terceira fase, 1969-79, foram catalogadas cento e nove invasões. Nesse período, além das invasões que ocorreram impulsionadas pela tímida política de programas habitacionais voltados para a população mais carente, verificou-se a construção de loteamentos e condomínios luxuosos para moradia dos mais afortunados em locais proibidos, invadindo áreas remanescentes de Mata Atlântica e de manguezais. Já na década de oitenta, última fase em análise, as duzentos e quarenta invasões catalogadas ocorreram em áreas menos valorizadas pela especulação imobiliária.
CONCLUSÕES:
Conclui-se, portanto, que o fenômeno das invasões foi um dos grandes fatores que modificou a lógica de organização do espaço urbano soteropolitano. Ademais, a escassez de políticas públicas, nos períodos em análise, não equacionou o déficit habitacional. Conseqüentemente, a periferia da capital baiana se transformou em um receptáculo de pobreza para os que não conseguiram integra-se ao modelo formal de habitação, espoliando uma massa populacional espacialmente segregada e sócio-eticamente marginalizada.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Invasões; Salvador; Periferias.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005