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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura | ||
O LIVRO INFANTIL: ELABORAÇÃO E CONSUMO | ||
Carla Mirella Façanha Adriano 1, 2 (carmirella@terra.com.br) | ||
(1. Centro de Ciências Humanas, Universidade de Fortaleza - UNIFOR; 2. Centro de Humanidades, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho analisa algumas das diversas concepções acerca do consumo e elaboração de um livro infantil, bem como aspectos de sua literatura. Por “concepções” entende-se questões como gênero, ideal adulto de infância, necessidade pedagógica da escola, o livro como uma mídia e o mercado editorial. Os aspectos literários englobam discussões relativas à “especificidade” da literatura infantil, à representação do imaginário infantil e da criança, à importância da imagem, e, por fim, às funções da literatura: divertir, emocionar, educar, conscientizar, instruir, integrar e, principalmente, libertar. Visto que a elaboração de obras desta natureza leva em consideração, geralmente, não só fatores de sua literatura, mas outros, como posicionamentos pedagógicos, observou-se a necessidade de que as análises fossem feitas de forma interligada. Neste contexto este trabalho tem por objetivo entender as diversas implicações sociais, culturais, mercadológicas, que fazem parte da confecção de um livro de literatura infantil. |
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METODOLOGIA:
A metodologia utilizada inclui, além de pesquisa bibliográfica, entrevistas com classes de indivíduos que têm interesse nessa relação, como crianças, professores e diretores, além das editoras. Os principais autores que nortearam esta pesquisa são Fanny Abramovich, Jean Baudrillard, Walter Benjamin, Nelly Novaes Coelho, Tânia Dauster, Theodor Horkheimer, Cecília Meireles, Edgar Morin. No que se refere às entrevistas, estas foram conduzidas através de roteiros de tópicos, uma vez que diferentes aspectos tinham de ser considerados para cada um dos grupos de indivíduos anteriormente citados. |
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RESULTADOS:
O estudo permitiu a observação de alguns fenômenos no âmbito literário e mercadológico relativos à litearatura infantil. Dentre estes resultados, alguns merecem destaque: O hábito de ler é o suporte mercadológico das editoras. Embora existam fortes indicadores intuitivos para esta tese, o resultado pode ser empiricamente comprovado através das entrevistas conduzidas e do correlacionamento das referências bibliográficas utilizadas. Ainda no tocante às considerações mercadológicas há, no contexto atual, uma incoerência. Este fato observado decorre da seleção do público-alvo dos produtos de literatura infantil. Uma vez que, paradoxalmente, é o adulto o alvo, aspectos não só comerciais, mas literários, sofrem interferência da manipulação mercadológica. Os reflexos desta imposíção do mercado editorial - imediatista - sobre os fatores literários são percebidos a longo prazo. Este modelo não é sustentável, já que as alterações literárias citadas limitam, muitas vezes, a percepção, absorção e o aproveitamento das obras de literatura infantil pelo seu público modelo - em oposição ao público-alvo mercadológico: as crianças. As conseqüências deste modelo são o atrofiamento do aproveitamento do potencial de leitura nas crianças. |
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CONCLUSÕES:
O trabalho teve por objetivo entender algumas das implicações que fazem parte do processo de elaboração de um livro infantil. As implicações literárias consideram a especificidade da literatura infantil, a representação do seu imaginário, a importância da imagem e as funções da literatura. As mercadológicas incluem o gênero infantil, a idelização da infância, as necessidades pedagógicas, a mídia livro e o mercado editorial. Para isso, foram realizados levantamento bibliográfico e aplicação de roteiros de entrevista a grupos interessados na elaboração destes livros: crianças, professores, diretores e editoras. Neste contexto, observou-se que o mercado influencia os moldes literários. Esta influência objetiva seduzir as escolas, que detêm o poder de adoção das obras, e os pais, responsáveis pela aquisição destas obras. Em suma, as preocupações mais relevantes neste contexto são, paradoxalmente, focadas em elementos que não dizem respeito às crianças, mas aos adultos. Este modus operandi mantém o mercado a curto prazo com a adoção obrigatória destes livros. Porém, a longo prazo, há um prejuízo para o mercado. O público infantil é preterido em relação ao público adulto, reduzindo o prazer da leitura das crianças, associando literatura a uma obrigação escolar. Por fim, o livro infantil tem na literatura uma arma eficiente na formação do leitor e da manutenção do mercado editorial. Não é preciso artifícios mercadológicos se a criança for entendida como consumidora também de livros. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Literatura infantil; Indústria cultural; Elaboração do livro infantil. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |