|
||
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada | ||
A PRESENÇA DO HAICAI NA POESIA HISPANOAMERICANA E BRASILEIRA: ESTUDO DE TEXTOS DE JUAN TABLADA E ADRIANO ESPÍNOLA A PARTIR DO TEÓRICO OCTAVIO PAZ. | ||
Tatiane de Aguiar Sousa 1 (tatichan1@yahoo.com.br) | ||
(1. Depto. de Letras, Universidade Estadual do Ceará - UECE.) | ||
INTRODUÇÃO:
O ocidente sempre mostrou muito interesse em tudo que diz respeito ao oriente. A cultura, os costumes, a forma de ver o mundo, tudo difere bastante do nosso comportamento ocidental, provocando-nos, no mínimo, curiosidade. A restauração Meiji de 1868 não só abriu o Japão às influencias ocidentais, mas também constituiu um ponto de partida no interesse dos próprios países europeus pela cultura japonesa, já que o intercâmbio cultural até então havia sido mínimo. A arte japonesa é bastante apreciada atualmente. O teatro, a pintura e a poesia já têm grande influência na arte ocidental. Como exemplo podemos citar o HAIKU, também conhecido como HAICAI, que já ocupa um lugar especial entre as formas de poesia ocidental. Essa forma literária japonesa, poema breve e simples de dezessete sílabas sem título e sem rima, conseguiu uma aceitação universal, sendo cultivada não somente entre os poetas, mas também bastante popularizada. Poetas ingleses, franceses, portugueses, espanhóis e também brasileiros já se dedicam à arte do haiku. Esse trabalho tem como propósito fazer um estudo de alguns haicais produzidos pelo poeta mexicano Juan Tablada e pelo cearense Adriano Espínola, a partir da teoria de Octavio Paz sobre essa forma poética, além de divulgar ainda mais o haicai e mostrar a importância da influência japonesa na arte da América Latina através de dois de seus representantes. |
||
METODOLOGIA:
A metodologia consistiu em: pesquisa bibliográfica sobre o haicai e sua influência na poesia ocidental; análise temática e formal de poemas de Juan Tablada e Adriano Espínola numa perspectiva comparativista e síntese dos resultados. A escolha de Tablada para esse estudo deu-se pelo fato de ele ter sido um dos primeiros hispano-americanos a ocupar-se da arte japonesa e a escrever haicai. José Juan Tablada é um dos melhores haijin (poeta de haiku) em língua espanhola até os nossos dias. Decidimos trabalhar com a poesia de Adriano Espínola representando a produção nacional por ele ser um poeta da região. Em um Estado onde não há muita influência japonesa, encontrar um poeta de haiku foi algo raro e especial. As poesias de Espínola que analisamos estão presentes no livro Trapésio. |
||
RESULTADOS:
Através das análises feitas chegamos à conclusão de que Tablada e Espínola são fiéis à forma original do haiku em alguns aspectos e em outros não, como também possuem semelhanças e diferenças entre si. Quanto à forma o poeta cearense é fiel à métrica (5/7/5), mas coloca título em seus poemas e faz rima entre o primeiro e terceiro versos, e a segunda e a última sílaba do segundo verso. Já Tablada não se preocupa com a metrificação, mas é fiel à forma japonesa no aspecto de não dar título nem rima aos seus haicais. Os dois poetas descrevem os ambientes de uma maneira quase fotográfica. Também é característica comum aos dois haijin a referência a animais. A natureza está sempre presente, mesmo que indiretamente, em quase todos os haicais. |
||
CONCLUSÕES:
Com esse trabalho pudemos concluir que algo que caracteriza um povo (seja esse algo uma forma de arte, um estilo, etc), passa por transformações quando é difundido para outros meios. No caso do haiku, pudemos perceber que ele não se manteve totalmente fiel aos padrões japoneses ao ser praticado pelos poetas ocidentais. Algumas mudanças e adaptações, seja quanto à forma ou ao conteúdo, são feitas para que se possa retratar esse novo ambiente. Embora de origem japonesa, um haicai pode ser bem brasileiro, ou mexicano, ou francês, etc. |
||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: poesia; haicai; estudo comparativo. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |