|
||
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada | ||
ABERTURAS E FECHAMENTOS NAS AULAS CHAT | ||
Ewerton Ávila dos Anjos Luna 1, 2, 3 (ewertonavila@ig.com.br) e Kazue Saito Monteiro Barros 1, 2, 3 | ||
(1. Depto. de Letras, Universidade Federal de Pernambuco- UFPE.; 2. CNPq/Bolsa PIBIC; 3. Núcleo de Estudos Lingüísticos da Fala e Escrita – NELFE/UFPE) | ||
INTRODUÇÃO:
Este trabalho insere-se no âmbito do projeto de pesquisa em andamento “Aspectos da organização global de interações síncronas” que, por sua vez, está relacionado ao projeto “Aulas pela Internet: um estudo da organização global da interação” (CNPq 551771/02-0) coordenado pela professora Kazue Barros. Nos dias atuais, o número de usuários da Internet tem se multiplicado consideravelmente, assim como o número de cursos oferecidos por meios virtuais. No entanto, muito pouco se sabe sobre a natureza das comunicações mediadas por computador (CMC). Este estudo enfoca aspectos da organização global das interações pedagógicas, observadas a partir de seus organizadores globais. Devido à amplitude do tema proposto, contempla apenas as interações pedagógicas síncronas, isto é, a forma de CMC pedagógica em que professores e alunos se encontram num dado horário e espaço. As sessões de aberturas e fechamentos não são vistas apenas como estruturas formais, mas também como estratégias interativas utilizadas pelos interactantes em função das formas pelas quais eles vêem o evento de que participam. |
||
METODOLOGIA:
O corpus do presente trabalho é composto por três aulas chat: a primeira tem com 88 minutos de duração, realizada em 2002, com participantes da área de educação e cujo principal tópico é “Workshop de Criação e Capacitação de WebQuest”. As outras duas têm 236 minutos e foram realizadas em 2000 e 2001, com estudantes universitários e tendo como tópico principal “Conservação de Alimentos”. Além dessas aulas pela Internet que totalizam 324 minutos, é utilizada para efeitos comparativos uma aula presencial, realizada em 2005, com duração de 100 minutos com estudantes universitários. O material faz parte do Banco de Dados do Núcleo de Estudos sobre a Fala e a Escrita (NELFE) da Universidade Federal de Pernambuco. Conforme se pode depreender dos comentários acima, a metodologia de análise baseia-se fortemente no estudo comparativo. Inserindo-se na perspectiva teórica da relação entre a fala e a escrita, busca-se comparar gêneros textuais próximos, que apresentem similaridades, tal como aconselha Biber (1988). O estudo também se fundamenta em postulados teóricos da Análise da Conversação, da Etnografia da Comunicação e da Sociolingüística Interacional. Em particular, este estudo apóia-se nos trabalhos de Schegloff e Sacks (1973), Hymes (1971), Gumperz (1972), Marcuschi (2002) e Barros (1991). |
||
RESULTADOS:
Em relação às aberturas, foi verificado que os participantes apresentam comportamentos sistemáticos e diferenciados dos apresentados nas aulas presenciais. Todos procuram cumprimentar o grupo, dada a necessidade de assinalar sua presença. Os tópicos podem ser iniciados por vários, que mostram sua disposição para o início da discussão. Como todos os interactantes não se conectam no mesmo momento, o professor, para esperar os que ainda farão parte da interação, não começa a discutir o tópico previamente proposto para a discussão (ex: Sim... vamos esperar mais alguns minutinhos antes de entrarmos no assunto... tudo bem para vocês?). Por essa razão, maximiza-se o surgimento de pré-tópicos, como comentários sobre aulas passadas (presenciais ou virtuais), produções dos alunos (trabalhos realizados), condições do meio (ex: A Rachid está com problemas de conexão, mas já está voltando!), etc. Diferentemente das aulas presenciais, na aula chat, os fechamentos são negociados pelos participantes principalmente por causa do tempo que não é rigidamente estipulado de forma prévia: após várias avaliações sobre a discussão realizada (ex: achei muito proveitosa a discussão), os participantes se despedem um dos outros (ex: Até para todos!). |
||
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos evidenciam que as aulas chat apresentam características híbridas, assemelhando-se tanto a textos prototipicamente orais quanto escritos. Compartilham com outros gêneros do domínio pedagógico alguns aspectos, mas diferem em vários outros. Por exemplo, nas interações pedagógicas síncronas a rotina de saudações se faz presente, enquanto vários estudos (cf. Barros, 1991) mostram que, na presencial, isso normalmente não ocorre. Os pré-tópicos são utilizados para adiar o início do tópico central em ambas as formas de aula (virtual e presencial), só que na presencial a estratégia é empregada pelos alunos e, na virtual, pelo professor. Na aula chat, os fechamentos se dão pela negociação dos participantes; na aula presencial, a aula simplesmente acaba quando o tempo pré-estabelecido é atingido, sendo o término anunciado pelo professor. Em suma, os alunos das aulas chat parecem bastante engajados na interação, por ser a contribuição a única forma de que o professor dispõe para avaliar a participação dos estudantes. |
||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: interação virtual; aula pela internet; aberturas e fechamentos. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |