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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia | ||
DIAGNÓSTICO DA PEDICULOSE NA POPULAÇÃO INFANTO-JUVENIL DE ESCOLAS DE MANAUS | ||
Nely de Souza Corrêa 2, Geíza Carmen de Souza 2, Suellen Karen de Oliveira Felix 2, Sandra Beltran-Pedreros 1 e Mirian Freire 2 | ||
(1. Profa. MSc Faculdade de Ciências Biológicas (CEULM-ULBRA); 2. Faculdade de Ciências Biológicas (CEULM-ULBRA)) | ||
INTRODUÇÃO:
A pediculose é uma infestação causada pelo piolho, caracterizada por prurido, irritação na pele ou couro cabeludo, além de causar anemias quando associadas às más condições sociais e dietas inadequadas. Existem três tipos de piolhos que atingem os homens: capilar (Pediculus humanus capitis), corporal (Pediculus humanus corporis) e pubiano (Phthrirus púbis). Os piolhos não têm sido assinalados como vetores de enfermidades internas, porém provocam infecções secundárias e reações de hipersensibilidade. A pediculose tem distribuição mundial e de modo geral, a infestação dos indivíduos parasitados está estratificada por grupos etários: P. humanus capitis ocorre mais em crianças e jovens enquanto que P. humanus corporis em adultos e idosos (Linardi et al., 1989). A principal via de transmissão é a direta, podendo também ocorrer uma transmissão indireta por contato com objetos de uso pessoal (Linardi et al., 1988). Atualmente a pediculose por P. capitis está em recrudescimento em todo o mundo e são as crianças e escolares od que compõem a faixa da população mais acometida (Borges e Mendes, 2002). No Brasil, os estudos sobre pediculose referem-se à prevalência e epidemiologia de P. humanus capitis em especial em escolas e bairros pobres das cidades de Rio de Janeiro, Fortaleza, São Paulo, Uberlândia e em instituições que cuidam de crianças abandonadas ou de rua, como os de Linardi et al. (1989) e Borges e Mendes (2002). |
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METODOLOGIA:
O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do CEULM e aprovado em Julho de 2004. Para a coleta de dados foram marcadas visitas ás escolas da rede estadual da área urbana da cidade de Manaus. Foram visitadas 16 escolas de diferentes zonas da cidade. Em cada escola foram selecionados 100 alunos com idades entre 06 a 16 anos, que levaram um folder explicativo do projeto, com informações básicas sobre a pediculose, o termo de consentimento aos pais ou responsáveis e um questionário com perguntas que indagavam sobre hábitos de higiene (freqüência de banho, local onde dorme, freqüência de troca de roupa de cama e de vestir, uso de pentes e escovas, comprimento do cabelo, uso de xampu, entre outros), número de membros da família, freqüência anual de pediculose, comportamentos preventivos e de controle. Os questionários com os dados dos alunos, autorizados pelos pais a participar da pesquisa, foram recolhidos nos 10 dias seguintes. Os dados foram trabalhados em termos de percentagem, calculando a: Freqüência de infestação por faixa etária, por sexo, por cada uma das variáveis de hábitos de higiene e por ano, para o total das entrevistas recuperadas (n=448). |
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RESULTADOS:
Dos 1.600 formulários distribuídos foram recolhidos 448 formulários. A maior participação de alunos foi nas faixas etárias dos 10-12 anos (37%) e dos 8-10 anos (36,8%). 43,3% das crianças declararam ter cabelos curtos, 31,5% médios, 48,9% usam seu próprio pente, 48% o pente da família, 61,6% lavam todo dia os cabelos e 58,2% o secam com sua própria toalha e 67% vestem suas próprias roupas. 52,2% dormem em cama e sozinhos, mas 30% compartilham cama. Nas moradias o 33,5% trocam e lavam roupas de cama, toalha e redes uma vez por semana. A infestação por piolho foi reconhecida por todos os alunos durante a apresentação do trabalho nas palestras, mas nos dados das entrevistas o 23% declarou não ter tido nunca piolho. Ainda assim, 40,2% manifestaram ter piolhos uma vez por ano e 6,0% até três vezes no ano. A época que foi marcada como de maior infestação por piolhos foi o período escolar (39,7%). A faixa etária mais atingida pela pediculose nos membros da família foi dos 6-10 anos com 157 casos, seguida pela faixa etária dos 10-16 anos com 116 casos, com freqüência anual de pediculose de 41,7%, porem o 13,16% manifestaram que a pediculose é constante. Foram reportados diversos métodos para controle dos piolhos: fórmulas caseiras, mas, segundo os pais, o método mais utilizado tem sido o uso do pente fino (49,3%), seguido do uso de loção piolhicida (36,4%). Porém mais do 59% preferem o uso de piolhicidas e não o pente fino. |
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CONCLUSÕES:
Borges & Mendes (2002) reportam taxas de prevalência de pediculose em crianças de Uberlândia de 35%, Ghana de 49,7% e França 48,7%, enquanto que para Manaus foi de 40,2%. A faixa etária mais atingida em Uberlândia foi a de 10-12 (45,3%) e em Manaus foram as de 6-10 anos (31,4%) e 10-16 anos (23,2%). Resultados importantes para a estruturação de um programa de prevenção e controle da pediculose são os que indicam os hábitos de higiene das crianças, que permitem encontrar as fontes de contaminação do parasita. Os resultados alertam para situações como uma alta percentagem de crianças utilizando o pente que é de uso familiar (47,99%) e compartilhando cama (29,68%). O uso de piolhicidas, de maneira indiscriminada, tem sido apontado como uma das possíveis causas de incremento da pediculoses nos dias de hoje (Linardi et al., 1988). Nesta pesquisa foi verificado que se bem a maioria prefere o uso do pente fino (49,33), mais do 59% preferem o uso de piolhicidas sejam estes em forma de sabão, xampu ou loção. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Pediculoses em Manaus, Amazonas; Pediculus humanus capitis; Piolhos. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |