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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 3. Serviço Social da Educação
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NO EXERCÍCIO DA LIDERANÇA COMUNITÁRIA
MONICA FREITAS 1 (monicanejup@bol.com.br), MARIA BEATRIZ LIMA HERKENHOFF 1, VANIA SEIDLER 1, CLAUDIA GIULIATTE 1, ELIANE FERNANDES RIBEIRO 1 e ROSINEIA APARECIDA PEREIRA 1
(1. DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL, UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES)
INTRODUÇÃO:
Este trabalho teve como objetivo identificar as competências e habilidades exercidas por líderes de instituições governamentais e não-governamentais que atuam no bairro Planalto Serrano, situado no município da Serra, ES. A categoria teórica liderança iluminou a compreensão e análise da pesquisa. Autores apontam as funções a serem desempenhadas pelo líder, tais como: influenciador, agente de mudanças, conselheiro, energizador, visionário, pensador crítico, condutor e comunicador (LOURENÇO; TREVISAN, 2001). Para ser um líder é preciso ter qualidades presentes em muitos indivíduos, mas que muitas vezes não encontram um ambiente propício para serem desenvolvidas, como, por exemplo, desenvolver a capacidade de: ouvir, incluir o outro no processo decisório, estabelecer vínculos de confiança, respeitar as diferenças; adquirir habilidades na tomada de decisões, nas negociações com os órgãos públicos e privados; nos encaminhamentos de lutas e reivindicações; apropriar-se de um referencial teórico e metodológico que possibilite uma análise da conjuntura local, estadual e nacional. São habilidades que exigem, muitas vezes, a intervenção de profissionais especializados, que possam contribuir para que as lideranças dêem um salto qualitativo nas relações que estabelecem com as instituições, com os órgãos públicos, entre outros. Buscando responder a questão central se essas competências se manifestam ou não no cotidiano dos líderes comunitários foi elaborada a proposta dessa pesquisa.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória. A amostragem teve como critério a inclusão de lideranças principais e intermediárias, representantes de instituições governamentais e não-governamentais que atuam na área cultural, religiosa, educacional, comunitária e de saúde. Foram entrevistadas 12 lideranças, sendo oito principais e quatro intermediárias. Para coleta de dados foi utilizado o roteiro de entrevista semi-estruturado, tendo como principais questões: sua experiência atual e anterior à ocupação do cargo; as mudanças ocorridas em sua vida e na vida da instituição desde que assumiu a liderança; as competências e habilidades exigidas no exercício da liderança; concepção do líder e papeis desempenhados. A análise dos dados se efetivou através da técnica de análise de conteúdo, os dados foram agrupados em categorias de análise a partir de suas semelhanças e diferenças.
RESULTADOS:
Os resultados mostram que algumas lideranças sinalizam que suas habilidades foram desenvolvidas com a experiência; destacaram as seguintes habilidades: saber ouvir, buscar e repassar informações aos membros, atender os interesses do coletivo, saber comunicar-se, estar atento à realidade, saber administrar e comandar as pessoas, ser uma pessoa humilde e saber identificar os limites e potencialidades da comunidade, aumento da responsabilidade. Suas competências estão em: ajudar e orientar a comunidade, dar respostas rápidas aos anseios dos moradores, ser o “esteio da comunidade”. A maioria dos líderes entrevistados não possuíam curso de capacitação para o exercício da liderança, alegaram que não têm tido oportunidades para aperfeiçoar suas habilidades, desconhecem a oferta de cursos com esse propósito, para alguns, a situação econômica é outro limitador, também foram encontrados líderes que não consideram um treinamento importante, acreditam que as capacidades e habilidades para ser um líder são adquiridas na prática ou são próprias do ser humano, como um dom.
CONCLUSÕES:
De acordo com os resultados pode-se perceber que os líderes ressaltam competências e habilidades que facilitam o trabalho grupal e que são desenvolvidas no exercício da liderança, estas tornam o líder uma referência para os liderados. Ao mesmo tempo em que alguns utilizam as suas habilidades para estimular a participação da população, outros se colocam numa posição de onipotência, acreditando que a melhoria das relações com o grupo e o atendimento das necessidades da comunidade está em suas mãos. Dessa forma, geram relações de dependência e subserviência, dificultam o surgimento de novas lideranças. A ausência de cursos de capacitação favorece essa concepção e abre, ao mesmo tempo, um campo de atuação para o Serviço Social, que pode por meio de suas ações, estabelecer relações mais democráticas, onde a comunidade seja co-responsável pela transformação de sua realidade. Sendo assim, faz-se necessário a expansão de habilidades que levem o líder a trabalhar sempre em equipe, estimulando a participação de todos. Só o crescimento do coletivo permitirá que o líder saia do lugar em que se coloca como o “esteio da comunidade”. Ao trabalhar numa perspectiva de educação popular, os moradores da comunidade poderão também expandir suas competências e habilidades, exercitando sua cidadania. Todavia, percebe-se que existem líderes que buscam atuar nessa perspectiva, à medida que desenvolvem a capacidade de ouvir, manter o grupo informado e buscam estabelecer um elo de comunicação entre líderes e liderados, possibilitando dessa forma uma relação mais democrática.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  liderança; capacitação; comunidade.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005