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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
DESENVOLVIMENTO E ADAPTAÇÃO DE FILHOTES DE SERPENTES DA ESPÉCIE CROTALUS DURISSUS TERRIFICUS (CASCAVÉL) NASCIDOS EM CATIVEIRO NO TERRAQUARIUM – CENTRO DE CONVIVÊNCIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL / MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL / CRIADOURO CONSERVACIONISTA DO CEULP/ULBRA.
Camila Moreira Barreto Gomes 1 (camilambg@ulbra-to.br), Caio Monteiro da Rocha 2, Solange Alves Oliveira 3 e Lucilândia Maria Bezerra 4
(1. Curso de Biologia do Centro Universitário Luterano de Palmas/ULBRA; 2. Curso de Biologia do Centro Universitário Luterano de Palmas/ULBRA; 3. Curso de Biologia do Centro Universitário Luterano de Palmas/ULBRA; 4. Curso de Biologia do Centro Universitário Luterano de Palmas/ULBRA)
INTRODUÇÃO:
os Criadouros Conservacionistas são áreas especialmente delimitadas e preparadas, capazes de possibilitar a criação racional de espécies da fauna selvagem brasileira. Como tal o Terraquarium, está idealizado como um laboratório aberto e interativo, onde questões ambientais são instrumento de estudo básico, visando o conhecimento, valorização e proteção da natureza e desenvolvimento da Educação Ambiental. Desta forma, os animais mantidos em cativeiro são instrumento para estudo e para a Educação Ambiental. Uma das linhas de estudo adotadas é a do comportamento animal, buscando o desenvolvimento de técnicas comuns que permitam um padrão para a comparação de dados referentes ao tema. Com relação ao comportamento reprodutivo na natureza, as serpentes do gênero Crotalus escolhem locais protegidos, de difícil acesso para estudo de observação. No cativeiro essa observação é mais fácil, no entanto a reprodução ocorrerá apenas em condições de manejo (limpeza, ventilação, iluminação e temperatura, alimentação, sanidade) adequado. A primeira ninhada de serpentes da espécie Crotalus durissus terrificus, do Terraquarium, com 15 filhotes nasceu em 26 de dezembro de 2003. O presente trabalho tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento e adaptação desses filhotes. Os resultados foram obtidos através da técnica de amostragem de seqüências, com menção da temperatura dos terrários, pesagem mensal da ninhada e do alimento (neonato) oferecido a estas.
METODOLOGIA:
o presente trabalho foi realizado no Terraquarium – Centro de Convivência e Educação Ambiental / Museu de História Natural / Criadouro Conservacionista, localizado no Centro Universitário Luterano de Palmas / ULBRA, Tocantins. Teve início em 26 de dezembro de 2003 quando do nascimento de 15 filhotes de um casal de serpentes da espécie Crotalus durissus terrificus mantidas em um terrário de 2,0 X 2,0 X 1,5m. Após um mês de nascidos os filhotes foram separados em 5 terrários fechados de 1,5 X 2,5 X 0,85m com piso de areia, seixo, tanque d’água com 0,30 X 0,20 X 0,07 cm, iluminação e ventilação naturais. A cobertura do terrário foi feita com telha na parte posterior e o restante com sombrite 50%. Os terrários identificados como A1, A2, A3, A4 e A5 cada um com três serpentes. Durante a semana de adaptação realizou-se a menção da temperatura e umidade dos terrários sempre as 8, 11, 14 e 17 horas para verificar a adequação desses fatores. As observações procederam pela manhã e no crepúsculo sendo registrados: suas atividades, localização dentro do terrário, se ficavam agrupadas, troca de pele e amostragem de seqüências no momento de predação (comportamento). A pesagem (em gramas) das serpentes, com balança digital foi feita mensalmente até completarem 01 ano de vida. A presa, neonatos de camundongos, previamente pesados em balança digital, foi oferecida às serpentes mensalmente. A higienização do terrário foi mensal e a troca de água diária.
RESULTADOS:
as cascavéis vivem em ambientes com temperatura média de 25ºC a 27ºC e baixa umidade (30%). Na semana de adaptação a média da umidade foi de 58% e a temperatura de 24,6 a 29,8ºC. No período da manhã as serpentes ficavam em esconderijos. Por terem hábitos crepusculares, na segunda observação, a maioria, se encontrava em atividade. As serpentes não foram sexadas, por medida de segurança, pois o filhote já nasce com uma carga de veneno compatível com seu tamanho, o que pode ser constatado quando picam a presa que tem morte imediata. As serpentes de vida livre são animais solitários, com exceção da época reprodutiva. No entanto, observaram-se em média 6,4 encontros/mês em cativeiro, embora se tratem de filhotes. A primeira ecdise ocorreu nove dias depois do nascimento e as demais mensalmente. A técnica estudada em comportamento animal e praticada neste experimento foi à amostragem de seqüências, utilizada no momento de predação. A alimentação era pesada e oferecida no período de atividade. Inicialmente os neonatos eram colocados aleatoriamente no terrário o que ocasionou competição e prejuízo alimentar de algumas. Posteriormente os indivíduos foram colocados em pontos distantes no terrário e a presa próximo, sem ocorrência de excitação por manipulação. Com relação ao desenvolvimento o peso médio dos filhotes ao nascerem foi de 23,3g. O peso médio ao final de um ano foi de 99,9g, ou seja, um ganho médio de 6,38 g/mês. Com relação ao peso médio dos neonatos oferecidos foi de 6g.
CONCLUSÕES:
apesar da umidade e temperatura do terrário estarem relativamente altas, houve adaptação, pois se alimentavam, efetuaram ecdises, conservaram hábitos crepusculares. As características comportamentais de uma espécie são determinadas por fatores físicos podendo ser moduladas ou modificadas pelo ambiente. O padrão de predação das serpentes peçonhentas ocorre em sete fases principais: orientação (localização da presa), aproximação (utilizando-se da língua bifurcada), bote (mordendo e largando a presa), rastreando (através de sua língua bifurcada), inspeção (com o auxílio da língua “examina” a presa de uma extremidade a outra), abocamento (começa a ingerir a presa pela parte anterior do animal) e ingestão (movimentos do maxilar). A verificação do bote é difícil, pois ocorre de uma maneira muito veloz. Na situação de estudo o ambiente não interferiu no padrão de predação descrito para situação de vida livre. Com relação ao desenvolvimento percebe-se que o ganho médio de peso dos filhotes foi superior ao peso médio do alimento oferecido principalmente se considerarmos que no mês 11 não houve oferta de alimentos por não haver disponibilidade de neonatos. Desta forma a média real de ganho/mês seria de 6,8g e não de 6,38g/mês. Essa diferença pode ser explicada se levarmos em consideração que esses animais ficam praticamente inativos durante o período que a digestão está se processando (em torno de 15 dias) o que representa uma economia significativa de energia.
Instituição de fomento: Centro Universitário Luterano de Palmas/ULBRA
Palavras-chave:  serpentes; comportamento; desenvolvimento.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005