IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
MOTIVOS QUE LEVARAM AS ADOLESCENTES A ENGRAVIDAR E SUA PERCEPÇÃO EM RELAÇÃO À GRAVIDEZ
FRANCISCO ROSEMIRO GUIMARÃES XIMENES NETO 1 (rosemiro@sobral.org) e MARIA SOCORRO DE ARAÚJO DIAS 1
(1. Curso de Graduação em Enfermagem, Universidade Estadual do Vale do Acaraú- UVA)
INTRODUÇÃO:
No processo do adolescer, além dos conflitos o ser humano se depara com o sexo e as drogas; o primeiro (o sexo) devemos considerá-lo como algo inerente e próprio do ser humano, que deve ser vivido de forma intensa e com responsabilidades, para que não se tenha aquisição de algum tipo de Doença Sexualmente Transmissível- DST, HIV/AIDS, como também uma gravidez; e o segundo, a prática do uso e abuso de drogas, como algo que impede o desenvolvimento do adolescente, destruindo, inclusive os projetos de vida e as relações familiares em alguns casos.
A gravidez na adolescência tem sido objeto de estudo de pesquisadores sociais, educadores, profissionais da saúde e governantes, por ter si tornado um fenômeno social e de saúde pública em detrimento de sua ascensão progressiva, vulnerabilizando tanto a mulher adolescente quanto seu filho.
Hoje no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, em torno de um quarto dos partos ocorridos em estabelecimento de saúde credenciados pelo SUS- Sistema Único de Saúde são de mulheres com menos de 20 anos de idade, em torno de um milhão de adolescentes por ano (Pinto & Silva, 2001).
Com isto o estudo objetiva: Caracterizar o perfil sócio-demográfico e gineco-obstétrico das adolescentes gestantes. Identificar os motivos que levaram a adolescente a engravidar e Identificar a percepção da adolescente acerca da gravidez.
METODOLOGIA:
O estudo consiste de uma pesquisa exploratório-descritiva.
A amostra Compreendeu 216 adolescentes grávidas assistidas pela Estratégia de Saúde da Família e/ou pelo PACS- Programa Agentes Comunitários de Saúde dos municípios pertencentes à Microrregião de Saúde de Acaraú.
Os dados foram coletados através de um formulário contendo perguntas fechadas e abertas, com os seguintes conteúdos: identificação, dados sócio-demográficos e gineco-obstétrico das adolescentes grávidas, além das possíveis causas que levaram à gravidez e a percepção em relação à mesma.
O estudo foi realizado de agosto de 2002 a janeiro de 2003. Sendo que a coleta ocorreu durante o período de outubro a dezembro de 2002.
Este estudo foi realizado com a permissão dos sujeitos (Consentimento Pós-informado), onde foi esclarecido o objetivo da pesquisa, conforme a Resolução Nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde- CNS (BRASIL, 1996). Portanto, o Termo de Consentimento pós-informado foi assinado pelos sujeitos do estudo.
Durante todas as fases da pesquisa formam respeitados os princípios éticos e legais da pesquisa, pautados nos princípios da bioética, autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça.
RESULTADOS:
Das adolescentes 92,6% estavam na faixa etária de 15 a 19 anos. Nesta pesquisa das adolescentes encontravam-se na mesma faixa etária. Quanto à raça/cor há uma predominância da parda 52,3%. Em relação ao estado civil/conjugal 46% das adolescentes vivem com um companheiro fixo e 26% são casadas. Das adolescentes grávidas, 96,8% referiram exercer alguma atividade/profissão. Destas 61,1% atuam nos cuidados de seu próprio lar. Apenas 10,2% referem continuar a estudar. E 4,6% realizam atividades que necessitam de grandes esforços que é a prática na agricultura. Em relação à renda familiar, 51,8% das adolescentes apresentam uma renda de até um salário mínimo; sendo que 40,7% (88) estão abaixo da linha da pobreza. Quanto à escolaridade 43% tem menos de seis anos de estudo; 6,5% (14) são analfabetas.
Neste estudo 55,1% das adolescentes tiveram sua menarca entre 12 e 13 anos. Quanto à primeira relação sexual, 62% das adolescentes tiveram sua sexarca entre 14 e 16 anos. Em relação aos dados obstétricos tem-se: 27,3% das adolescentes estão na segunda ou mais gestações; 9,3% tiveram mais de um parto.
Motivos que levaram as adolescentes à gravidez: 44,9% queria muito ter um filho, ser mãe; 12,9% engravidou por não se prevenir; 10,1% por acidente/descuido; e, 7,8% referem que planejaram com o marido.
Nos resultados apresentados 42% das adolescentes consideram a gravidez como “Algo de grande importância”; 28% “Uma coisa boa”; 26% “Uma responsabilidade muito grande” e, 17% “Uma felicidade”.
CONCLUSÕES:
Com a atual situação sócio-econômica em que se encontra o Brasil fica cada vez mais difícil a mulher adolescente e jovem planejarem seu futuro pensando em concluir um curso de nível universitário e ter uma profissão definida; ou viver uma linda história de amor dos contos de fada. Neste caso a capacidade de operar um planejamento em longo prazo é quase impossível.
Na atualidade, a gravidez na adolescência é um fenômeno de grande importância e relevância social. Há um grande questionamento sobre suas causas, seus riscos; suas conseqüências, vivências e possível problemática. Muitos há consideram precoce, indesejada, transgressora, sem ao menos saber o que pensa, sonha e planeja a adolescentes. É sabido que o número de partos na adolescência seriam reduzidos e teríamos cidadãs adultas cada vez mais felizes, se tivéssemos aparelhos sociais eficientes e efetivos e políticas públicas destinadas às necessidades das adolescentes e de suas famílias e não as do (s) sistema (s) político (s) e econômico e de seus formuladores. Quando isto ocorrer, teremos adolescentes mais saudáveis, vivendo sua cidadania plena. Consideramos adolescentes saudáveis aqueles que afirmaram sua personalidade; com excelente desenvolvimento sexual e capacidade reprodutiva; com a concretização dos projetos de vida, desenvolvimento espiritual e auto-estima; com capacidade de pensamento abstrato e independência. Vale ressaltar que a adolescente jamais deverá ser culpabilizada pela gravidez.
Palavras-chave:  adolescência; gravidez; práticas.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005