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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química
ESTUDO DO COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DO PESTICIDA BENTAZON USANDO O ELETRODO DE PASTA DE CARBONO
Caroline Michelon Marchesin 1 (carolmarchesin@hotmail.com), Antonio Rogério Fiorucci 1, Gilberto José de Arruda 1 e Edemar Benedetti Filho 1
(1. Curso de Química, Unidade universitária de Dourados, UEMS)
INTRODUÇÃO:
Bentazon é o nome usual para o composto 3 isopropil-1H-2,1,3 benzothiadizin-4-(3H)-ona 2,2-dióxido e é usado como herbicida pós emergente no controle de ervas daninhas na cultura de feijão, arroz, milho, amendoim, hortelã e soja. É um herbicida de contato sendo que sua ação é de curta duração. Comercialmente, está disponível na forma de um concentrado solúvel que contém o sal sódico de bentazon como ingrediente ativo, e é chamado de bentazon sódico. É um pesticida de uso geral, sendo classificado em relação a sua toxidade como medianamente tóxico (classe II). O comportamento eletroquímico deste herbicida é pouco descrito na literatura. Garrido et al. estudaram a oxidação eletroquímica do bentazon sobre a superfície do eletrodo de carbono vítreo e propuseram a determinação voltamétrica deste pesticida em formulações comerciais. Silva Junior et al. investigaram o comportamento eletroquímico do bentazon usando o eletrodo de pasta de carbono e a técnica de voltametria de pulso diferencial. O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento eletroquímico do bentazon sobre a superfície do eletrodo de pasta de carbono usando as técnicas de voltametria cíclica e de voltametria de onda quadrada.
METODOLOGIA:
As medidas voltamétricas foram realizadas com um potenciostato/galvanostato Autolab PGSTAT30 (Eco Chemie) interfaciado a um microcomputador que dispõe do programa Autolab Software Ecochemie versão 4.9. A cela eletroquímica de 3 eletrodos utilizada nas medidas é composta de contra-eletrodo de lâmina retangular de platina (Metrohm AG 9101 Herisau 8.109.1046), eletrodo de referência Ag/AgCl (Metrohm AG 9101 Herisau 8.109.1156) e o eletrodo de pasta de carbono como eletrodo de trabalho. A pasta de carbono foi preparada pela mistura de pó de grafite com o líquido aglutinante Nujol na proporção em massa de 75%:25%. As soluções de bentazon utilizadas nas medidas voltamétricas foram preparadas por diluição de uma solução etanólica de Bentazon 0,020 M com uma solução tampão. Nos estudos iniciais, o eletrólito de suporte adotado foi o tampão ácido acético/acetato de sódio 0,2 mol L-1 de pH 3,4. Nesta etapa inicial usando a técnica de voltametria cíclica, foi estudado o efeito dos parâmetros instrumentais como a velocidade de varredura e intervalo de potencial de trabalho na resposta do eletrodo de pasta de carbono para o pesticida Bentazon. Posteriormente, usando a técnica de voltametria de onda quadrada, foi investigada a influência de parâmetros experimentais e instrumentais na resposta do eletrodo de pasta de carbono, como o pH do eletrólito de suporte, a freqüência de aplicação da onda quadrada e o tempo de aplicação do potencial inicial anteriormente a varredura de potencial.
RESULTADOS:
Os voltamogramas para soluções de Bentazon apresentam um pico de oxidação irreversível em + 0,9 V(vsA/AgCl). Para os estudos com voltametria cíclica, a corrente de pico para o processo de oxidação do bentazon aumenta linearmente com a raiz quadrada da velocidade de varredura como esperado para um processo controlado por transporte de massa difusional. Também, nestes estudos, constatou-se que há uma perda de resposta do eletrodo a cada ciclo subsequente de varredura. O estudo da influência da freqüência de aplicação da onda quadrada indicou que a o processo de oxidação irreversível do Bentazon ocorre sem sua adsorsão na superfície do eletrodo, pois há uma dependência linear da corrente de pico com a raiz quadrada da freqüência para o intervalo de freqüência entre 8 e 100 Hz. A ausência de adsorsão também é confirmada pelos estudos com voltametria cíclica, cujos resultados mostraram que o gráfico do logaritmo da corrente de pico em função do logaritmo da velocidade de varredura é linear com um coeficiente angular da reta de 0,45. O gráfico da corrente de pico em função do pH apresenta um máximo no pH 2,2. De maneira análoga a descrita na literatura em eletrodo de carbono vítreo, o gráfico de potencial de pico vs. pH mostra que o potencial de pico decresce linearmente com o pH no intervalo de 1,2 a próximo de 3,5: tornando-se independente acima de pH 3,5. A inclinação da reta de potencial de pico vs. pH na região mais ácida é de –57,0 mV por unidade de pH.
CONCLUSÕES:
As medidas voltamétricas indicaram que o eletrodo de pasta de carbono sofre perda de resposta devido à sua passivação ou ao bloqueio dos seus sítios ativos após cada ciclo de varredura; requerendo, portanto, sua renovação de superfície para medidas posteriores. Constatou-se que o comportamento eletroquímico do bentazon em eletrodo de pasta de carbono é muito semelhante ao comportamento obtido com o eletrodo de carbono vítreo, exceto para o valor máximo de corrente de pico em função do pH do eletrólito de suporte. A necessidade de renovação da superfície do eletrodo para cada registro do voltamograma e a ausência de adsorsão do bentazon sobre a superfície da pasta de carbono constituem fatores desfavoráveis à aplicação do eletrodo de pasta de carbono, sem qualquer modificação química ou ativação eletroquímica, na determinação voltamétrica do bentazon. A necessidade de constante renovação de superfície pode diminuir a reprodutibilidade da medida voltamétrica.
Instituição de fomento: FUNDECT
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Bentazon; Voltametria Cíclica; Voltametria de onda quadrada.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005