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F. Ciências Sociais Aplicadas - 9. Comunicação - 4. Jornalismo e Editoração
ESTUDO SOBRE A INTERFACE ENTRE LITERATURA E JORNALISMO FOCADO NA CRÍTICA GENÉTICA: O "LEAD" NOS JORNAIS DE SÃO LUÍS.
José Ribamar Ferreira Junior 1 (jferr@uol.com.br), Pâmela Araujo Pinto 1, Lígia Regina Andrade Guimarães 1 e Yane Silva Botelho 1
(1. Depto. de Comunicação Social, Universidade Federal do Maranhão - UFMA.)
INTRODUÇÃO:
As atividades desta pesquisa focalizam a trajetória das relações entre o jornalismo e a literatura, estabelecendo como corpus a linguagem praticada pelos jornais da capital maranhense. A prática jornalística era, sobretudo, opinativa até metade do século XX. Estruturações de notícias misturadas a comentários, recheadas de preciosismo, afetavam a objetividade da informação. As técnicas de redação, importadas dos Estados Unidos, apareceram na imprensa brasileira no após guerra. O lead (conduzir) foi introduzido pelo Diário Carioca em 1951. Contudo, o processo demorou a ser efetivado, consolidando-se somente na década 1970. Trata-se de uma técnica em que são respondidas seis perguntas no início de uma matéria: o quê, quem, quando, onde, como e por que. Em São Luís, nota-se, consultando os periódicos, que o “nariz de cera” (técnica anterior ao lead e por meio da qual a abertura da matéria era construída com dados sem maior importância) esteve presente em uma época na qual já começava a ser substituído em outras cidades do país. A problematização está no fato de que havia intelectuais (com inserção na prática de gêneros literários ou híbridos como a crônica), em São Luís, os quais já conviviam, no âmbito nacional, com as mudanças editorais. Contudo, ainda não as praticavam. O objetivo da pesquisa é apontar as estratégias de tessitura do texto, mapeando os contornos,
METODOLOGIA:
A metodologia dessa pesquisa estará seguindo aquela estabelecida pela Crítica Genética de matriz semiótica que se fundamenta, inicialmente, na constituição do prototexto (avant-texte), definido pelos geneticistas como instrumento operacional, realizado pelo pesquisador, resultante da organização e, quando necessário, da transcrição dos documentos de processo, significando, simplesmente, os documentos cronologicamente anteriores ao momento definido, pelo pesquisador, como texto ou como obra referente da pesquisa. Nesta etapa, constitui-se um dossiê (no caso, as incursões redacionais que trasladaram o texto do nariz de cera para o lead). Estando de posse do prototexto, o crítico genético expõe esse labirinto criativo e observa as mudanças pontuais ali existentes. Os próprios documentos servem de guia controlador para as interpretações que dele serão feitas. Todo o material do qual se necessitou esteve disponível na Biblioteca Pública Benedito Leite, sendo possível acessar também o acervo da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
RESULTADOS:
De modo pontual, verifica-se a presença do “nariz de cera” em matérias cuja relevância factual era de extrema importância. Cite-se, como um exemplo emblemático, o texto da notícia sobre a morte do então presidente da República, Getúlio Vargas, em 25 de agosto de 1954, no Jornal do Povo: “A morte de Getúlio Vargas emocionou a cidade, sobretudo nossos bairros proletários. Muitas pessoas chorosas, outras tiveram palavras de carinho para o presidente morto. Muitas mensagens de condolências estão enviadas à família Vargas”.
CONCLUSÕES:
A estratégia encontrada nos jornais de São Luís para noticiar fatos de maior ou menor relevância apresentava uma certa hibridez textual em que aparecem elementos característicos do lead, porém envoltos em construções frasais impregnadas por disposições típicas do “nariz de cera”, elemento esse que perpassou toda a década de 50 e 60 do século XX.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Jornalismo; Literatura; Crítica Genética.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005