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F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Planejamento Urbano e Regional - 4. Planejamento Urbano e Regional
ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO E SUA ARTICULAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO URBANO: IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO.
Angélica A. Tanus Benatti Alvim 2 (abalvim@uol.com.br), Gilda Collet Bruna 1, Carlos Leite de Souza 1, Roberto Righi 1, Nadia Somekh 1, Luiz Guilherme Rivera de Castro 2, Paula Raquel da Rocha Jorge Vendramini 1, Luis Fernando C.S. Oliveira 1, Juliana di Cesare Marques 1 e Juliana Dalbello 2
(1. Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie- UPM; 2. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM)
INTRODUÇÃO:
O objetivo do trabalho é analisar a estrutura produtiva industrial recente no Estado de São Paulo -ESP, para reconhecimento e caracterização de Arranjos Produtivos Locais - APLs e sua articulação com o desenvolvimento urbano.
A presença de concentrações produtivas em determinados municípios contribui para o aparecimento de novos pólos urbanos de crescimento, e o desenvolvimento de APLs pode representar uma ferramenta eficaz e multiplicadora de benefícios econômicos e sociais em direção à promoção de um desenvolvimento urbano-regional sustentável - essas são as hipóteses deste trabalho.
O APL constitui um espaço geográfico que possui identidade coletiva e capacidade de promoção de expectativas de desenvolvimento, estabelecimento de parcerias e compromissos para manter investimentos dos agentes econômicos na região, possibilitando promover a integração econômica e social no âmbito local (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, 2004).
Apresentando resultados da pesquisa “Reestruturação Produtiva e Projetos Urbanos: os Clusters e Tecnopólos como instrumentos de Regeneração Urbana”, este trabalho amplia o campo de conhecimentos acerca desta temática, articulando questões urbanísticas a uma problemática oriunda do campo do desenvolvimento econômico.
METODOLOGIA:
A metodologia empregada baseia-se em fontes secundárias disponíveis nos sítios de institutos de pesquisas estaduais e análise estatística a partir de um índice de especialização. Foram quatro as fases de trabalho: i) tabulação do número de estabelecimentos industriais e valor adicionado por divisão da indústria, respectivamente, de 1996 (Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos - SEADE), para todos os municípios paulistas; ii) aplicação de índice denominado quociente locacional - QL, que mede a especialização produtiva, definido por estudo específico do SEBRAE (2002), considerando QL > 1 e o número de estabelecimentos > 30; iii ) comparação dos dados encontrados com outros estudos, (SEBRAE e IE-UNICAMP) para a identificação dos setores com maior incidência; iv) mapeamento e análise dos setores relevantes e seus municípios quanto aos aspectos: localização regional; porte do município (utilizando a classificação de pequeno porte até 100 mil habitantes; médio porte de 100.001 a 400 mil habitantes e, grande porte, acima de 400 mil habitantes); dinâmica demográfica (taxa geométrica anual de crescimento populacional das décadas de 1970 a 2000); aspectos econômicos; qualidade de vida (IDH 1991 e 2000); existência de instrumentos urbanísticos (Plano Diretor) e infra-estrutura viária estadual.
RESULTADOS:
Principais setores concentrados identificados no ESP: calçados de couro; móveis de madeira; malharias; edificações; e gráfico-editorial.
Localização regional e porte dos municípios: a) No setor calçadista, os municípios são de médio porte e localizam-se nas regiões de Franca, Birigui e Jaú; b) no setor móveis de madeira, municípios de pequeno e médio porte no noroeste do ESP e de grande porte na Região Metropolitana de São Paulo -RMSP; c) nos setores de malharia e de edificações, municípios turísticos de pequeno porte no litoral e em regiões serranas; d) o setor gráfico-editorial concentra-se em municípios de grande porte na RMSP.
Dinâmica demográfica: similar à do ESP, com altas taxas de crescimento nos anos 70 seguidas por redução nos anos 80 e 90 em municípios de médio e grande porte; nos municípios de pequeno porte, taxas negativas nos anos 70 e taxas maiores nas décadas seguintes.
Qualidade de vida: aumento geral do IDH no ESP de 1991 para 2000, com um ligeiro aumento do indicador relativo à educação nos municípios dos setores calçadista e de móveis de madeira.
Instrumentos urbanísticos: a existência de planos diretores nos municípios não apresenta correlação com a presença de APLs; os municípios de grande e médio porte apresentam plano diretor conforme disposição constitucional, enquanto os de pequeno porte não apresentam.
Sistema viário: grande parte dos APLs localiza-se nos eixos rodoviários duplicados que articulam os pólos mais dinâmicos do ESP a partir da RMSP.
CONCLUSÕES:
A desconcentração da indústria paulista foi relativa pois, mesmo com a redução da participação do Valor Adicionado industrial (VA) da RMSP e o crescimento do interior em relação ao VA médio do ESP na década de 80, a RMSP é ainda responsável por 60% do VA total estadual.
As indústrias mais dinâmicas e modernas estão concentradas no Complexo Metropolitano Expandido - CME, representadas pelos setores metal-mecânico, eletro-eletrônico, de comunicações, petroquímico e gráfico-editorial.
Os APLs identificados localizam-se nas regiões mais desenvolvidas do ESP, principalmente naquelas dotadas de boa infra-estrutura viária. Novos pólos com concentração de atividades industriais tradicionais foram identificados no interior do ESP, onde, apesar da presença freqüente do setor tradicional (alimentos e bebidas), algumas especificidades regionais são relevantes e indicam alternativas de desenvolvimento: editorial e gráfica em Ribeirão Preto; importante pólo calçadista em Franca; além de Birigui e Jaú; pólos moveleiros em São José do Rio Preto e Votuporanga; indústria têxtil em Americana; além das de malharia e construção civil em cidades turísticas.
Se nem todas as concentrações produtivas identificadas podem ser denominadas de APLs, apresentam entretanto, tendências que, se potencializadas através de políticas públicas urbano-regionais, poderão contribuir para o desenvolvimento urbano de um conjunto significativo de cidades do interior paulista.
Instituição de fomento: Fundo Mackenzie de Pesquisa - MACKPESQUISA ; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP
Palavras-chave:  Arranjos produtivos locais; Políticas públicas; Desenvolvimento urbano.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005