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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 2. Literatura Comparada
TEMPO E MEMÓRIA NA POÉTICA DE DRUMMOND E BANDEIRA
Kátia Suênia Farias Dias 1 (sueniafarias@bol.com.br) e Geralda Medeiros Nóbrega 2
(1. Profa. do Col. Rosa Mística de CG-PB, Pós-Graduanda do Depto. de Letras-UEPB; 2. Profa. Dra. do Depto. de Letras e Artes, Universidade Estadual da Paraíba-UEPB)
INTRODUÇÃO:
Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade trabalham a literatura como representação do mundo real e como compromisso com a vida, respaldando o imaginário artístico. Nestes dois autores o imaginário situa-se no limiar do real, em campos utópicos e contestatórios, inseminados de uma visão cultural imbricada em aspectos variados que vai do presente ao passado, do real a memória, da matéria ao espírito. MB e CDA constituem um universo poético subordinado ao tempo e ao mundo povoado de reminiscências e imagens, buscando às vezes um equilíbrio entre o passado e o presente. A memória também é fator marcante na poética desses dois autores. Isso porque é fácil encontrarmos suas experiências de vida no campo da família, do amor, da infância, da cidade natal e dos acontecimentos sociais de suas épocas. Os poemas de CDA e MB armazenam todas as suas lembranças e saudades, como também a visão de mundo de cada um. O estudo dessa poética nos permite explorar uma memória que é um passado presente, um presente vivo na lembrança.
METODOLOGIA:
No desenvolvimento do trabalho foi introduzida a pesquisa bibliográfica, no âmbito mais geral da pesquisa qualitativa, que fomentou estudos sobre o imaginário, sobre os aspectos sócio-culturais, sobre os elementos literários e ideológicos, sobre os dados selecionados a comparação, no que se refere ao estudo da memória e do tempo. O método enfatizado foi o comparativo quando se trabalha as questões da intertextualidade. Apresentamos, na análise, poemas escolhidos por desenvolverem o tema do tempo e da memória, para estudá-los de forma comparativa, mostrando como os dois poetas trataram o imaginário do tempo centrado na memória. Nesta análise aplicamos a fundamentação teórica, no estudo das semelhanças e diferenças dos poemas dos dois autores literários em questão.
RESULTADOS:
Conseguimos perceber concepções de tempo diferentes em MB e CDA. Drummond sente o tempo mais no presente, traz as marcas de seu tempo, individual e socializado. O tempo exercendo grande influência na vida humana, na preocupação de aproveitá-lo, de não desperdiçá-lo, de fazer a coisa certa na hora exata. Também transmite a idéia do tempo incontrolável, onipotente, imposto como instituição social que vai sendo assimilada pela criança à medida que cresce em uma sociedade. O tempo para CDA é sentido como a maioria das pessoas: objeto da preocupação que divide a existência humana. MB sentia o tempo, muito mais, através da memória. Ao refletir sobre suas memórias e as memórias sociais sentia o tempo passar, mudar e influenciar as pessoas e ele mesmo. Sua poética é uma tentativa de reunir fragmentos do mundo e do seu próprio eu. Assim como CDA, MB esteve aberto à mobilidade do mundo, soube desentranhar do cotidiano a matéria de sua poesia, apropriar-se das palavras que são experiência, que são vida. Assim podemos encontrar em seus poemas não só as suas lembranças, mas também as do mundo. O eu e o mundo estão maravilhosamente unidos na poética de MB e CDA.
CONCLUSÕES:
Por fim, consideramos que este trabalho é uma possibilidade de leitura e fonte de pesquisa desses dois grandes poetas brasileiros. Este estudo é fator de enriquecimento da vida, pela forma como eles trabalham a literatura como uma tentativa de transformar a realidade. O estudo comparativo nos colocou em contato com imagens variadas, estabelecendo um principio dialógico entre culturas e visões de mundo. O estudo interdisciplinar foi inevitável, porque tivemos de aprofundar nossos conhecimentos sobre tempo e memória, em fontes históricas e filosóficas. Consideramos como alcançado o objetivo de estudar o imaginário poético centrado nas imagens do tempo em seu contexto mnemônico, na poética de CDA e MB. Procuramos identificar as ocorrências mnemônicas numa perspectiva comparativa, explanando as imagens do tempo. Como também procuramos estabelecer uma relação do universo literário com o mundo real a partir da identificação das imagens do tempo.
Instituição de fomento: UEPB
Palavras-chave:  Tempo; Memória; Imaginário.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005