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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica | ||
POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE GLOBULINAS DE FEIJÃO-DE-CORDA [ Vigna unguiculata (L.) Walp.] COMO FONTE ALTERNATIVA DE PROTEÍNA DE ALTO VALOR BIOLÓGICO | ||
Geórgia Sampaio Fernandes 1 (georgiasampaio@pop.com.br), Emanuelle Mendes de Sousa 1, Fernanda Maria Machado Maia 2, Claudio Cabral Campello 3, José Tadeu Abreu de Oliveira 1 e Ilka Maria Vasconcelos 1 | ||
(1. Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará -UFC; 2. Curso de Nutrição, Universidade Estadual do Ceará-UECE; 3. Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Ceará-UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
A subnutrição protéica é um dos graves problemas que afeta grande parcela da população em países em desenvolvimento principalmente devido à escassez dos alimentos de origem animal. Para amenizar o déficit de suprimento alimentar, vários estudos vêm sendo conduzidos buscando novas fontes alternativas de proteínas. Dentro deste contexto, os alimentos de origem vegetal surgem como uma fonte promissora de nutrientes. Assim, nos últimos 30 anos, o uso de concentrados protéicos oriundos de sementes de plantas tem aumentado consideravelmente, devido ao maior conhecimento de suas propriedades funcionais, processamento e valor nutricional. O feijão-de-corda constitui uma fonte alternativa de proteínas tendo em vista o seu conteúdo protéico relativamente alto (25%). Dados prévios obtidos em nosso laboratório mostraram que dieta contendo globulinas de sementes de feijão-de-corda (50%) complementada com proteínas da clara do ovo (50%) como fonte de proteína (100 g/Kg dieta), e suplementada com metionina, promoveu o crescimento de ratos e apresentou valor nutricional similar, ou mesmo superior, ao da dieta à base de clara de ovo. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo avaliar, através de estudos bioquímicos e nutricionais, a qualidade nutricional de globulinas de feijão-de-corda quando incorporadas em dietas (75% e 100%), não suplementadas com metionina, para ratos em crescimento. |
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METODOLOGIA:
Sementes do genótipo de feijão-de-corda TE 93-244-23F cedidas pela Embrapa (Meio-Norte) foram utilizadas para a preparação da farinha. As proteínas foram extraídas com NaCl 0,5M e posteriormente centrifugadas a 15.000x g por 30 min. O sobrenadante obtido foi dialisado contra água destilada para a separação da fração globulinas (solúvel em sal) e da fração albuminas (solúvel em água). A fração globulinas obtida foi liofilizada e armazenada em frascos hermeticamente fechados, a 4 ˚C. Para a avaliação da qualidade nutricional desta fração protéica, foram realizados testes biológicos utilizando ratos machos que foram mantidos individualmente em gaiolas metabólicas. Os animais pesando em média 70 ± 5g foram divididos em quatro grupos sendo dois grupos controles [clara do ovo (100%) e isento de proteínas] e dois grupos experimentais [globulinas (75%) + clara do ovo (25%) e globulinas (100%)]. Ao final de 10 dias, os animais tiveram seu sangue coletado para dosagem de proteínas plasmáticas e, então, sacrificados para retirada de seus órgãos internos. A qualidade nutricional da fração globulinas foi avaliada através dos seguintes índices: escore químico (EQ), utilização líquida de proteína (NPU), digestibilidade (D), valor biológico (VB) e determinação do escore químico corrigido pela digestibilidade (PDCAAS). Os dados obtidos foram submetidos á análise de variância. A significância das diferenças entre médias foi determinada através do teste de Tukey (p< 0,05). |
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RESULTADOS:
Análise da composição das dietas formuladas com a fração globulinas mostrou metionina e cisteína como os primeiros aminoácidos limitantes, com escores químicos iguais a 55,61 e 41,11, respectivamente. Os animais expostos às dietas contendo globulinas apresentaram uma significativa redução da taxa de crescimento e menores valores de NPU (73,67% e 36,22%), digestibilidade (92,41% e 88,70), valor biológico (79,65% e 40,86%), PDCAAS 1 (0,54 e 0,40) e PDCAAS 2 (0,68 e 0,63), em comparação com os animais submetidos à dieta contendo clara do ovo (cujo NPU, digestibilidade, valor biológico, PDCAAS 1 e 2 foram 90,49%, 98,28%, 92,27%, 0,71 e 0,79, respectivamente). Em adição, os ratos submetidos às dietas contendo globulinas apresentaram atrofias do timo e baço e, em alguns casos, aumento dos rins. Alterações histológicas no intestino delgado e pâncreas de ratos alimentados com dietas contendo globulinas não foram evidenciadas. Os valores de albumina plasmática foram menores nos grupos experimentais do que no grupo que recebeu a dieta a base de clara de ovo. Em geral, as alterações foram mais pronunciadas em animais que receberam a dieta contendo 100% de globulinas. |
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CONCLUSÕES:
Os parâmetros analisados em conjunto mostram que embora as globulinas de sementes de feijão-de-corda não tenham se mostrado superior à de proteína animal, é inegável a sua superioridade em relação à farinha. Portanto, esta fração protéica pode servir como mais uma fonte alternativa de proteína no intuito de minimizar o problema da subnutrição. |
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Instituição de fomento: CAPES, FUNCAP e CNPq | ||
Palavras-chave: Feijão-de-corda; Globulinas; Valor nutricional. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |