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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: QUAL SEU ESPAÇO DE ATUAÇÃO ?
Berenice da Silva Franco 1 (berenicefranco@terra.com.br), Haydée Nascimento de Moraes 1, Marjie Dee Boop 1 e Silvana Lehenbauer 1
(1. UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA)
INTRODUÇÃO:
A presente investigação, realizada em instituições escolares de Porto Alegre/RS, pesquisou a contribuição da Psicopedagogia na Educação Infantil no sentido de criar novos espaços e relações de ensino-aprendizagem nas escolas. Nosso estudo, situado na Educação Infantil, deve-se ao fato de que é nessa faixa de escolarização que se estabelecem as bases do processo de auto-imagem e de autoconhecimento que fundamentam a apropriação do conhecimento pelo sujeito aprendente, pois só pode conhecer o mundo aquele que conhece a si mesmo.Esta pesquisa teve por objetivo conhecer a ação do Psicopedagogo na Educação Infantil e seu espaço profissional, no ambiente educativo. A relevância deste estudo esta ligada a dois fatores : o primeiro é a grande importância para este grupo de pesquisa, uma vez que estas pesquisadoras são Psicopedagogas, inclusive com atuação em clínicas e, há quase 13 anos, vem sendo precursoras na formação de profissionais da Psicopedagogia, desde os primeiros Cursos de Pós-Graduação, sendo, inclusive, autoras dos primeiros Projetos com respaldo universitário, desta nova área de formação. E o segundo fator é que a ULBRA, instituição da qual faz parte este grupo oferece o Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia e tem grande interesse em conhecer o mercado de trabalho desta área bem como a prática de seus egressos.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada para esta investigação foi a de realização de entrevistas com perguntas semi-abertas, com 16 educadoras das escolas de Educação Infantil. Posteriormente, as entrevistas receberam tratamento de análise através da técnica de Análise de Conteúdos de Bardin. As questões norteadoras que fundamentaram a investigação foram:
- Qual o campo de atuação do psicopedagogo na instituição escolar?- Quais os subsídios teóricos que fundamentam a prática psicopedagógica? - Quais as propostas psicopedagógicas institucionais são promovidas? Que objetivos encontram-se presentes?- Quais as propostas com características preventivas e/ou interventivas foram implantadas nas escolas pesquisadas?
Para o desenvolvimento da pesquisa optamos por uma escolha aleatória de sujeitos que foi realizada através de três etapas: 1º- Levantamento das Escolas de Educação Básica, públicas e privadas, no Município de Porto Alegre, onde havia Educação Infantil. 2º- Após o levantamento, procedeu-se uma triagem onde foram identificadas 91 escolas que possuíam serviços educativos relacionados a crianças de 0 a 6 anos. 3º- Destas escolas somente 16 contavam com profissionais formados em Psicopedagogia os quais desempenhavam as seguintes funções: 1 Psicopedagoga Institucional, 1 Diretora de Escola, 2 Coordenadoras Pedagógicas, 2 Orientadoras Educacionais,1 Professora de Sala de Recursos e 9 Professoras de Maternal I , II e Jardim B.
Com estas 16 profissionais foram feitos contatos, em suas próprias escolas e realizadas as entrevistadas.
RESULTADOS:
Na fase de pré-análise e da exploração do material pôde-se constatar que 91 escolas tinham Educação Infantil e nestas somente 16 profissionais tinham psicopedagogas. Na fase categorial, chegamos a três categorias principais : 1ª-A Formação Psicopeda-gógica - diferencial no “olhar” e na “escuta” dos profissionais:Foi unânime no discurso das profissionais entrevistadas que, a partir da formação psicopedagógica, houve uma mudança quanto à forma de avaliar e entender as questões que envolvem as crianças de zero a seis anos. Na medida em que a compreensão diferenciada que passaram a ter sobre o desenvolvimento e a aprendizagem foi modificada tornou-se possível um novo “olhar” e uma nova “escuta” sobre os sinais que estas crianças manifestam quando em grupo, nas escolas. 2ª-A Prática Docente- mudança na atuação : Na prática ocorreram mudanças em suas intervenções e na interação com seus alunos fazendo com que os mesmos obtivessem mais “sucesso” em suas aprendizagens na medida em que puderam ressignificar o processo pelo qual cada criança passa, que é individual e único. 3ª-A Relação com as Famílias: Relaram que a relação com as famílias passou a ser modificada em sua atuação profissional compreendendo melhor suas dificuldades o que as levou a buscar novas formas de atendimento. Referiram, também, que entenderam como é preciso ter uma relação de interação SEM PRECONCEITOS para estar atento a todos os dados, informações e segredos que lhes são confiados pelos pais, respeitando-os e utilizando-os de forma construtiva com o aluno e suas famílias.
CONCLUSÕES:
Das 16 educadoras entrevistadas, somente uma delas atuava como Psicopedagoga Institucional, o que se considerou um número inexpressivo para o que buscava-se saber. Inferiu-se que o conhecimento Psicopedagógico, que tem como seu foco principal a aprendizagem humana está muito aquém do que se esperava já que, desde 1992, foi implantado o primeiro Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia, e calcula-se que tenham sido formados uma média de 100 a 150 profissionais desta área, por ano. Estima-se portanto, que em 12 anos de Cursos tenha-se por volta de mil a mil e quinhentas profissionais já formadas. A análise dos resultados demonstra que a formação psicopedagógica modifica a prática,nas funções que ocupam, referindo-se a uma visão ampliada e modificada, através das várias áreas de conhecimentos da formação psicopedagógica e,que a partir deste entendimento passaram a ter um novo“ olhar” e uma nova“escuta” de seus alunos e de suas famílias e às possibilidades de desenvolverem um trabalho de prevenção às dificuldades de aprendizagem. Estes dados refletem sobre o quanto o conhecimento psicopedagógico, ainda, é novo e DESconhecido pela área da Educação onde não há, ainda, uma visão integrada da evolução do sujeito em todas as áreas de seu desenvolvimento.
Palavras-chave:  PSICOPEDAGOGIA - FORMAÇÃO DE PROFESSO; PRODUÇÃO DE FRACASSO ESCOLAR; PREVENÇÃO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005