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F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Planejamento Urbano e Regional - 2. Métodos e Técnicas do Planejamento Urbano e Regional
ANÁLISE ESPACIAL DE INDICADORES INTRA-URBANOS.
Marcelo Saraiva Gondim 1 (marcelogondim@fortalnet.com.br), José Meneleu Neto 1 e Daniel Rodriguez de Carvalho Pinheiro 1
(1. Mestrado Acadêmico em Geografia, Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
Tendo em vista a necessidade crescente de se adotar uma abordagem equilibrada e integrada das questões relativas ao meio ambiente e da necessidade de se promover o desenvolvimento sustentável (agenda 21), a análise espacial de indicadores intra-urbanos surge como uma ferramenta capaz de identificar áreas que necessitam de um tratamento diferenciado, orientar possíveis intervenções urbanas, bem como contribuir para a atualização, consulta e recuperação dos dados/informações, tendo como finalidade principal a difusão de sua utilização como ferramenta de apoio ao planejamento urbano e regional. É nesse sentido que caminha nossa pesquisa: estudar o fenômeno urbano e, através das possibilidades de sua representação, perceber a diversidade de seus elementos e a complexidade de suas relações. Temos como objetivo, através da análise intra-urbana, ampliar a capacidade de visualização e de percepção dos fenômenos que compõem o urbano.
METODOLOGIA:
A área de estudo é o Município de Fortaleza (capital do Ceará), selecionado de acordo com: localização geográfica, ausência de estudos semelhantes e boa quantidade de dados e informações acessíveis. Os procedimentos metodológicos adotados constituem-se em: coleta e levantamento de dados; preparação e conversão de formatos; modelagem do banco de dados geográfico e análise geográfica. A base de dados utilizada compõe-se de dados do IBGE relativos ao censo demográfico (1991 e 2000) e documentos coletados na Prefeitura Municipal de Fortaleza (cartografia e divisão territorial), sendo constituida por polígonos e atributos, representados através das divisões dos setores censitários, bairros e regionais (níveis de agregação das informações). Foram utilizados dois programas para a montagem do banco de dados geográfico: SPRING e MySQL; a análise espacial dos dados foi realizada através dos módulos de estatística espacial e geoestatística do SPRING e TERRAVIEW, com o auxílio do pacote estatístico R e REDATAM; na elaboração de textos, gráficos e tabelas foi utilizado o OPENOFFICE; todos na plataforma LINUX e de domínio público. Para a realização da análise espacial dos dados geográficos utilizamos o conceito-chave de dependência espacial, onde “todas as coisas são parecidas, mas coisas mais próximas se parecem mais do que coisas mais distantes”, como afirma Waldo Tobler. A representação computacional deste conceito é obtida através da utilização da autocorrelação espacial.
RESULTADOS:
Constatamos através da utilização de um indicador global de autocorrelação espacial (índice de Moran) a caracterização da dependência espacial no Município de Fortaleza. Mostrando como os valores estão correlacionados no espaço, verificamos quanto o valor observado de um atributo em um bairro é dependente dos valores desta mesma variável nos bairros vizinhos. Foi possível analisar o comportamento da variabilidade espacial através da comparação entre os valores normalizados dos atributos em um bairro com a média dos seus vizinhos. Tarefa realizada através da construção de um gráfico (diagrama de espalhamento de Moran), que se caracteriza por possuir no eixo das abcissas o valor normalizado dos atributos e no eixo das ordenadas a média dos vizinhos. Este gráfico é dividido em quatro quadrantes: Q1 possui valores positivos (atributo normalizado) e médias positivas (média dos vizinhos); Q2 possui valores negativos e médias positivas; Q3 possui valores negativos e médias negativas; e Q4 valores negativos e médias negativas. Desta forma, Q1 e Q3 indicam pontos de associação espacial positiva, pois os vizinhos de um determinado bairro apresentam valores semelhantes; enquanto Q2 e Q4 indicam pontos de associação espacial negativa, pois os vizinhos apresentam valores distintos. O diagrama de espalhamento de Moran também foi trabalhado na forma de mapa temático, onde cada bairro foi representado com uma cor específica, indicando seu quadrante no diagrama.
CONCLUSÕES:
O gráfico de espalhamento de Moran, bem como o mapa de espalhamento de Moran fortalecem os resultados obtidos através do indicador de autocorrelação espacial (índice de Moran). Permitem, também, uma análise gráfica e espacial dos atributos pesquisados, facilitando desta forma a compreensão dos dados. Quando atrelados a uma análise temporal, nos permite realizar um panorama do desenvolvimento urbano no Município, além de poder constatar tendências, padrões e peculiaridades da produção do espaço urbano. Os gráficos e mapas elaborados na pesquisa nos permitem evidenciar aspectos do desenvolvimento sócio-espacial do Município de Fortaleza e, inclusive, justificar determinadas situações; contudo, não podemos submetê-los a “qualidades” que explicariam por si a realidade urbana e suas transformações, tendo em vista que estas se caracterizam por aspectos complexos e que não podem ser apreendidos exclusivamente analizando-se dados quantitativos.
Instituição de fomento: FUNCAP
Palavras-chave:  Indicadores urbanos; Estatística espacial / geoestatística; Planejamento urbano.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005