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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia
CARÊNCIA DE FORMULAÇÕES FARMACÊUTCAS ADEQUADAS PARA USO PEDIÁTRICO: UM ESTUDO PILOTO.
Helena Lutéscia Luna Coelho 1 (helenaluna@secrel.com.br), Janete Eliza Soares de Lima 2 e Patrícia Quirino da Costa 3
(1. Departamento de Farmácia/Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE) – UFC– Mestrado em; 2. Departamento de Farmácia/Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE) – UFC; 3. Departamento de Farmácia/Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE) – UFC - Mestrado em)
INTRODUÇÃO:
As diferenças observadas entre crianças e adultos em termos de farmacocinética e farmacodinâmica tornam a generalidade da extrapolação de informações de uma faixa etária para outra inadequada; além disso, as distintas fases do desenvolvimento infantil impedem que essa população possa ser considerada homogênea em termos de vulnerabilidade aos riscos do uso de medicamentos. No aspecto farmacêutico, as dificuldades mais freqüentes em pediatria dizem respeito à inexistência de formulações líquidas de certos produtos, características organolépticas inadequadas, presença de substâncias alergênicas e dosagens elevadas. Conforme a literatura, a utilização freqüente de medicamentos não registrados para uso pediátrico (unlicensed) ou o uso diferente daquele padronizado em crianças (off label) é prática corrente em unidades hospitalares, ambulatórios e na comunidade, sendo consideravelmente maior para prescrições realizadas em unidades hospitalares, aumentando com a complexidade da doença, particularmente em unidades de tratamento intensivo. Diversos trabalhos têm mostrado que as reações adversas são mais freqüentes com medicamentos não registrados ou com o uso não padronizado. O presente estudo piloto é parte de uma investigação que objetiva conhecer os medicamentos cuja formulação ou forma farmacêutica representam um problema para o tratamento de crianças no Brasil e os riscos que isso acarreta. O ponto de partida foi o levantamento de Medicamentos Problema (MP) à partir da opinião de prescritores.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo observacional descritivo transversal realizado em março de 2004 em um hospital público pediátrico de referência em Fortaleza-CE, no qual, xx prescritores (26,53% do total) foram entrevistados sobre medicamentos que representam um problema em sua prática clinica. O questionário continha perguntas sobre: ausência de forma farmacêutica apropriada para o uso infantil; medicamentos com aditivos que podem causar alergia ou intolerância, associações medicamentosas injustificáveis e conduta do médico na ausência de uma formulação pediátrica adequada. Os medicamentos foram classificados de acordo com a classificação Anatomical Therapeutic Chemical (ATC). Foram calculadas as frequências das variáveis obtidas
RESULTADOS:
Foram analisados 13 questionários aplicados aos médicos. Os três medicamentos mais referidos pelos pediatras como não tendo dosagem adequada para crianças foram: furosemida 38,46%, digoxina 23,08% e carbonato de cálcio 15,38%. Os medicamentos de uso cardiovascular corresponderam a 54,17% das citações. As associações de medicamentos existentes e consideradas desnecessárias foram aquelas contendo: descongestionantes nasais para uso sistêmico (paracetamol, guaifenesina, maleato de carboxinoxamina) 46,16%, anti-histamínicos de uso sistêmico (guaifenesina, betametasona) 46,16%, corticosteróides (betametasona e desoximetasona) 15,38%, antimicóticos de uso tópico (betametasona, sulfato de neomicina) 15,38% e antiinfecciosos de uso oftálmico (dexametasona) 7,69%. Entre os medicamentos citados pelos médicos como contendo aditivos capazes de desencadear alergias freqüentes constam o paracetamol, ibuprofeno, maleato de dexclorfeniramida e associações, metamizol e ambroxol .Já eritromicina captopril, griseofulvina, furosemida, propanolol, digoxina, carbonato de cálcio, acilina,vigabatrina, nifedipina e acetazolamina oram referidos como sendo medicamentos que não existem na forma farmacêutica líquida o que representa um problema na clinica pediátrica. Na ausência de uma formulação pediátrica 38,46% dos médicos afirmaram determinar a adaptação de uma formulação de uso adulto para criança ou prescrever formulações magistrais.
CONCLUSÕES:
De acordo com os resultados do estudo piloto, a carência de formulações e formas farmacêuticas adequadas para uso pediátrico é uma realidade também em nosso meio constituindo uma limitação da prática terapêutica. O importante grupo das drogas cardiovasculares foi o mais citado evidenciando a necessidade urgente de solução para esse problema. Revela-se também que, na opinião dos pediatras, várias associações medicamentosas presentes no mercado não têm justificativa médica e que certos produtos contêm em sua formulação aditivos inadequados ao uso pediátrico. Os resultados obtidos são semelhantes ao encontrados em outros países e justificam a continuidade do estudo e a investigação dos riscos associados às adaptações das formulações indicadas pelos prescritores.
Palavras-chave:  formulações pediatricas; uso de medicamentos; crianças.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005