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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 16. Orientação e Aconselhamento | ||
SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO: LIMITES E POSSIBILIDADES DO TRABALHO DE ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO RECIFE. | ||
Silvana Maria Oliveira 1 (silvanamariaoliveira@bol.com.br) | ||
(1. PREFEITURA DO RECIFE-PR) | ||
INTRODUÇÃO:
A sexualidade humana é uma das demandas urgentes do contexto escolar, uma vez que é um terreno sobre o qual crianças e jovens têm especial curiosidade e interesse, um assunto que ocupa suas conversas e grande parte de sua permanência na escola. Nesse sentido, a Secretaria de Educação do Recife iniciou em 1994 o trabalho de Orientação Sexual nas escolas municipais, compreendendo a sexualidade como uma dimensão fundamental do ser humano e entendendo esta lacuna na atividade educativa da escola. Este estudo tem como objetivo identificar os limites e as possibilidades das contribuições das aulas de Orientação Sexual na mudança de comportamentos dos alunos e das alunas. Acredita-se que estas aulas, ao desmistificar tabus e preconceitos, debatendo a saúde reprodutiva e a saúde sexual na escola, possibilitam uma vivência mais saudável, prazerosa e responsável da sexualidade, fortalecendo assim, a juventude, para assumir uma postura mais cuidadosa consigo e com o(s) outro(s), disseminando a prevenção e a solidariedade. |
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METODOLOGIA:
O instrumento utilizado na realização desta pesquisa foi a “entrevista”, enquanto instrumento de coleta para obtenção de informações de cinco alunas e cinco alunos do ensino fundamental II ( 5ª a 8ª série) e de duas professoras de duas escolas municipais do Recife: E. M. Paulo VI e E. M. Antônio Heráclio, estudantes e professoras que participaram do trabalho de Orientação Sexual nos anos de 1996/1997, anos estes em que as aulas eram ministradas sistematicamente, uma vez por semana, no horário extra-classe, contrário às aulas curriculares dos/as estudantes. Além das entrevistas, também foi realizada uma análise de documentos do trabalho de Orientação Sexual no Recife, de 1994 a 2000 com a intenção de destacar os “anos áureos” deste trabalho (1996/1997), quando houve uma maior expansão no quadro de profissionais envolvidos com o tema da sexualidade nas escolas. Nesse contexto, se fez importante analisar o percurso do trabalho, avaliando os limites e possibilidades junto à fala dos alunos, das alunas e das professoras. |
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RESULTADOS:
A entrevista gravada permitiu uma investigação mais precisa sobre a realização deste trabalho, trazendo contribuições valiosas para o (re)direcionamento das aulas de Orientação Sexual nas escolas. Os resultados das entrevistas apontam alguns limites, como a compreensão da concepção de sexualidade humana, reduzida a “sexo” (relação sexual) e suas conseqüências. Apesar das professoras trabalharem com um olhar ampliado em torno da definição do conceito de sexualidade, no discurso dos/as estudantes, na maioria das vezes, havia uma associação do tema às doenças (DST/AIDS), prevenção e riscos. Raramente associavam à saúde, afetividade e amor. Dentre as possibilidades da Orientação Sexual na escola, os/as entrevistados/as, apontaram perspectivas político-pedagógicas no tocante à melhoria da qualidade de vida nas comunidades de baixa renda do Recife. Destacaram a importância da juventude enquanto protagonista na socialização de informações sobre sexualidade humana e agentes de transformação social. Uma sugestão apresentada foi a criação de grupos de adolescentes multiplicadores de informações nas escolas. No que diz respeito à mudança de comportamento dos/as jovens, a partir das aulas, apontaram como destaque a incorporação do uso do preservativo e outras práticas preventivas de saúde. As professoras, por sua vez, apontaram o fortalecimento nas atitudes referentes às questões de gênero ( mais equidade e respeito na convivência de alunas e alunos). |
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CONCLUSÕES:
Uma das grandes dificuldades de se trabalhar sexualidade na educação advém de nossos valores morais adquiridos numa cultura repressiva, que repassa, ainda hoje, estes valores de maneira distorcida e limitada, associando sexualidade apenas ao sexo e este à “safadeza, coisa feia e pecaminosa”. Na análise dos resultados , constatou-se a necessidade de ampliar o diálogo , “procurando não cometer o erro de associar sexo a doença”, é preciso, então, desenvolver um trabalho mais focado na promoção da saúde nas escolas, não só da saúde reprodutiva, mas também da saúde sexual, incluindo direitos sexuais, direito ao prazer e à felicidade, conversando sobre as emoções e a afetividade que perpassam a sexualidade humana. As professoras que realizaram o trabalho de Orientação Sexual na escola apontaram resultados importantes, tais como : aumento do rendimento escolar ( devido a diminuição de ansiedades, tensões e preocupações em relação a sexualidade, à medida que debatem sobre o tema ), e aumento da solidariedade e do respeito entre alunos e alunas, e entre estes e a comunidade escolar. |
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Palavras-chave: Orientação Sexual na Escola; Orientação Sexual; Sexualidade e educação. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |