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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional | ||
PERFIL DOS USUÁRIOS DO GRUPO PROGRAMA DE FISIOTERAPIA DO TRABALHO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA | ||
Ana Catarina Leite Véras Medeiros 1 (aclvm2002@yahoo.com.br), Ana Paula Formiga Pinto 1, André Gustavo Soares de Oliveira 1, Daniel Duarte Quintans 1, Emanuel Eliezer Pinheiro Júnior 1, Gracilene Rodrigues Tavares 1, Michelly Bezerra dos Santos 1, Jerônimo Farias de Alencar 1 e Maria Cláudia Gatto Cárdia 1 | ||
(1. Depto. de Fisioterapia, Universidade Federal da Paraíba - UFPB.) | ||
INTRODUÇÃO:
As recentes inovações tecnológicas têm produzido radicais transformações no mundo do trabalho, com profundas repercussões nos trabalhadores, tanto em nível individual como coletivo. Atualmente, patrões, empregados, profissionais de saúde e instituições previdenciárias têm sido estimulados a pensar de uma forma mais complexa e menos mecânica, a questão do ser humano em situação de trabalho e as repercussões psicofísicas que isto acarreta. As Lesões por Esforços Repetitivos (LER), atualmente, referidas como Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) representam um conjunto de manifestações clínicas decorrentes de movimentos repetitivos de qualquer parte do corpo que podem provocar lesões em tendões, músculos e articulações, principalmente dos membros superiores, ombros e pescoço devido ao uso repetitivo ou à manutenção de posturas inadequadas, resultando em dor, fadiga e declínio do desempenho profissional. Os DORT podem surgir em qualquer ramo de atividade, resultantes da interação entre as condições de trabalho e o indivíduo esse com as suas respectivas características fisiométricas e morfométricas, bem como da organização do trabalho. Em meio à problemática dessa doença ocupacional, o presente estudo tem como objetivo identificar e analisar o perfil dos pacientes portadores de DORT, do Programa de Fisioterapia do Trabalho (PROFIT) da UFPB, levando-se em conta os distúrbios psicossomáticos e do sono e a avaliação das atividades da vida diária e do trabalho. |
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METODOLOGIA:
O presente estudo correspondeu a uma pesquisa de lógica descritiva. Quanto aos meios de investigação, este trabalho se limitou a um grupo de doze pessoas, de ambos os sexos, com uma idade variando de 24 a 50 anos, portadores de DORT, que participaram do PROFIT, desenvolvido no Departamento de Fisioterapia da UFPB. Em relação ao ambiente da pesquisa, o estudo foi realizado na sala de Exercícios Terapêuticos, na Clínica Escola de Fisioterapia da UFPB. Os dados foram coletados durante as atividades desenvolvidas no PROFIT, no período de fevereiro de 2004, por meio de três questionários, baseados no Programa de Prevenção dos Riscos Ergonômicos e Posturais (PPREP). Esses instrumentos aplicados a cada trabalhador abordavam questões relacionadas aos distúrbios psicossomáticos, à qualidade do sono e às atividades da vida diária do trabalho (AVDT´s). O questionário de avaliação dos distúrbios psicossomáticos analisa fatores como a depressão, ansiedade, angústia, irritabilidade, baixa da imunidade, dor de cabeça, entre outros; o questionário de avaliação da qualidade do sono analisa o sono em seus aspectos de qualidade e reparação e o questionário de avaliação das AVDT´s verifica as repercussões cinético-funcionais no indivíduo, decorrente da realização de tarefas cotidianas do lar e ambiente do trabalho e suas dificuldades, que possam apresentar estreita relação com a manifestação de patologias ocupacionais. |
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RESULTADOS:
A pesquisa teve a participação de doze pacientes, estando os dados aqui referidos de acordo com uma análise descritiva. Analisando os dados colhidos através da aplicação do questionário de AVDT’s, observou-se que todos os pacientes tiveram alguma queixa relacionada com o seu posto de trabalho, dentre os quais 41,7% consideraram o seu ambiente físico de trabalho desconfortável; 33,3% referiram mobiliário inadequado; 25% deles informaram que suas ferramentas de trabalho eram de difícil manuseio; 5% queixaram-se de diminuição do rendimento laboral e 50% tiveram necessidade de alteração em seu posto de trabalho. A análise dos dados referentes à aplicação do questionário sobre os distúrbios psicossomáticos mostrou que 75% dos pacientes apresentaram queixas referentes aos distúrbios físicos, pelo menos uma vez por semana, dentre os quais os mais citados foram a cefaléia, a má digestão e os problemas intestinais; 91,7% apresentaram algum distúrbio psicológico, pelo menos uma vez ao dia, tais como ansiedade, irritabilidade, angústia, depressão e fúria. Na análise do questionário da avaliação da qualidade do sono percebeu-se que 66% dos pacientes apresentavam algum distúrbio, desde agitado à insônia e apenas 33% referiram sono tranqüilo. Investigando a possibilidade de reparação do sono, verificou-se que 58,3% dos pacientes acordam ainda cansados, enquanto que 41,7% deles, independente do tipo de sono, conseguem acordar descansados. |
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CONCLUSÕES:
Este estudo possibilitou uma melhor percepção da problemática dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, que engloba não apenas a manifestação da incapacidade de realização do trabalho, ou seja, a disfunção cinesiológica dos movimentos executados durante esta tarefa, mas também as repercussões psicossociais que essa condição proporciona em cada indivíduo, envolvendo problemas como alterações psicossomáticas, disfunções no sono e dificuldades enfrentadas em realizar as atividades da vida diária e do trabalho. Os resultados obtidos despertam para uma maior compreensão dessa doença ocupacional por parte dos profissionais envolvidos na saúde do trabalhador, dentre eles o fisioterapeuta, pelo seu papel na recuperação da saúde laboral desses indivíduos, e para a necessidade de se analisar o indivíduo portador de DORT de forma integral, abrangendo não só os aspectos organizacionais do trabalho, bem como seu ambiente físico e social. |
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Palavras-chave: doença ocupacional; DORT; fisioterapia. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |