|
||
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 7. Economia Regional e Urbana | ||
ANÁLISE DA GEOGRAFIA ECONÔMICA DA REGIÃO SUL-FRONTEIRA DE MATO GROSSO DO SUL | ||
Eliana Lamberti 1 (eliana@uems.br), Fabiano Dutra Alves 1, Lauro Silva Silveira 2 e Raphaela Proença Leal 1 | ||
(1. Depto. de Economia e Administração, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS; 2. Depto. de Economia e Administração, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS) | ||
INTRODUÇÃO:
De acordo com a metodologia adotada pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul para elaborar os Planos Regionais de Desenvolvimento, a região Sul-Fronteira é composta por 15 municípios, que respondem por uma população de 246.113 hab., aproximadamente 11% dos sul-mato-grossenses, distribuídos em 8,14% da área total do Estado e fazem parte de uma mesma região por terem em comum certas características.Partindo de dados disponíveis, percebe-se que a região participa atualmente com percentual menor do que em períodos históricos anteriores na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Esta situação chama a atenção a partir do momento em que são considerados fatos históricos da ocupação local, haja vista o potencial econômico da época: a expansão da erva-mate e exploração da pecuária bovina de corte. Neste sentido, considerando não somente os aspectos econômicos, mas também a influência do caráter geográfico da região pretende-se fazer o levantamento e análise das condições geo-econômicas dos mercados locais, localização espacial e organização dos fatores produtivos, descrição e avaliação dos métodos regionais de produção, composição setorial da atividade econômica, ou seja, fazer o retrato do desenvolvimento econômico e social dos 15 municípios que compõe a Região Sul-Fronteira de Mato Grosso do Sul a partir de uma abordagem multidisciplinar com ênfase na situação geográfica de municípios fronteiriços. |
||
METODOLOGIA:
A relevância do presente trabalho centra-se na falta de análises específicas e detalhadas que possam apontar, a partir de aspectos históricos, geográficos, econômicos e sociais, os gargalos do desenvolvimento da região em questão. O método de abordagem a ser adotado é o indutivo e para que este método possa ser construído, partir-se-á de: fontes primárias (entrevistas e conversas com pessoas envolvidas na administração pública dos municípios e sociedade civil organizada), fontes secundárias (revisão bibliográfica, coleta de dados junto a entidades e instituições, bem como jornais, revistas e demais periódicos). Os dados e informações relevantes são aqueles que possam subsidiar a análise dentro do conceito de desenvolvimento econômico, como bem descreve SANDRONI, 1998, p.95: é o crescimento econômico acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia, e ainda: o desenvolvimento de cada país (ou região) depende de suas características próprias (situação geográfica, passado histórico, extensão territorial, população, cultura e recursos naturais). Neste sentido, as informações de base referem-se aos dados econômicos (PIB, renda per capita, produção por setor produtivo – comércio, serviços, indústria, agropecuária, etc) e sociais (crescimento populacional, nível de escolaridade, grau de alfabetização, doenças incidentes, cobertura ambulatorial e hospitalar, saneamento, entre outros). |
||
RESULTADOS:
O estudo permitiu identificar e comprovar não somente características comuns aos 15 municípios da região investigada, como situações completamente contrárias. Enquanto a ocupação de alguns data do séc. XIX, outros foram efetivamente povoados somente no final do séc. XX. Os dados oficiais, indicam outros aspectos importantes: a densidade demográfica dos municípios, em 2002, variou entre 3,3 até 31,71 hab. por km quadrado , a taxa de urbanização identificada, também foi bastante variável (19,62% a 89,28%). O número de eleitores da região (em 2002), correspondeu a 65,5% do total populacional; para o mesmo período, foram registradas 184 escolas, das quais 76% de caráter público, para atender 90.633 alunos do ensino fundamental e médio. A população da região conta com 869 leitos credenciados ao Sistema Único de Saúde, número inferior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde. O setor primário da economia, relaciona-se com a produção de soja, milho, trigo, feijão e mandioca . Os rebanhos de aves e eqüinos são os que apresentam as maiores taxas de crescimento (de 1990 a 2002), 241% e 18,1% respectivamente. O setor secundário da economia conta com 308 indústrias, principalmente dos setores alimentício, madeireiro e de minerais, sendo que 54% destas estão concentradas em apenas 04 municípios (Amambai, Naviraí, Ponta Porã e Itaquiraí). O número de unidades comerciais atacadistas declinou (- 16,55%) de 2000 para 2002, enquanto o varejista registrou crescimento de 14,7%. |
||
CONCLUSÕES:
De acordo com o IBGE, Mato Grosso do Sul é composto por 11 regiões distintas. Porém, o governo do Estado, para fins de planejamento, dividiu-o em 8 regiões, cuja definição baseou-se na similaridade das características tanto geográficas como econômicas. A Região Sul-Fronteira, como o próprio nome indica, envolve municípios que localizam-se no limite geográfico do Brasil. Tal situação explica alguns pontos de estrangulamento, como a procura da população estrangeira por serviços gratuitos na área da saúde e educação no território brasileiro. O resgate histórico e econômico, permitiu identificar o percurso do desenvolvimento na região. A vocação não industrial da região pode ser comprovada. O setor agrícola, pecuário e comercial responderam por 84,5% da arrecadação de ICMS em 2002, enquanto o industrial e de serviços, apenas 5,5%; percentuais próximos aos identificados em 1990. Da mesma forma, a região contribuiu em 0,65% do total arrecadado com ICMS no Estado em 1990; em 2002, o índice foi de 0,469%. Os dados identificados permitiram definir algumas linhas de interpretação para o desenvolvimento observado na região. Primeiramente, pode-se apontar a pouca ou nenhuma agregação de valor nas cadeias produtivas existentes. Em segundo lugar, tem-se os incentivos fiscais e ações de políticas públicas, tanto da esfera municipal como estadual, sendo aplicados em outros municípios do Estado, tornando-os mais atrativos e viáveis para investimentos privados. |
||
Instituição de fomento: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: planejamento; crescimento econômico; desenvolvimento. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |