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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica | ||
AS PLANTAS MEDICINAIS ENCONTRADAS EM MAIOR ABUNDÂNCIA NA TERRA INDÍGENA PORTO LINDO/JAKAREY, JAPORÃ/MS | ||
Lucimara Simão da Rocha 1 (mara_uems@yahoo.com.br), Fábio Roberto Valente 1, Beatriz dos Santos Landa 1 e Sáuria Lúcia Rocha de Castro 1 | ||
(1. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS) | ||
INTRODUÇÃO:
A Terra Indígena Porto Lindo/Jakarey, localizada no município de Japorã/MS, é habitada por índios falantes da língua Guarani, sub-grupo ñandeva. Possui atualmente uma população composta por 3660 habitantes dividida em 960 famílias. A área ocupada é de 1648 hectares, sendo que apenas 12% do total ainda possui cobertura vegetal rarefeita. As novas práticas agrícolas empregadas, tanto na área indígena quanto nas fazendas vizinhas, ocasionaram a diminuição de áreas com mata, fazendo quase extinguir algumas espécies, e provocando o desaparecimento de várias plantas e animais que os Guarani, historicamente, sempre utilizaram para o consumo e cura de diversos males. Desde 2003 vem sendo realizado um levantamento das espécies de plantas medicinais utilizadas e cultivadas na aldeia Porto Lindo/Jakarey pelos habitantes do local, permitindo que houvesse a identificação das espécies, o uso e a sua abundância. |
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METODOLOGIA:
Até o momento foram utilizados diversos métodos para a obtenção dos dados. A História Oral tem servido como base, pois já foi e continua sendo amplamente utilizada por vários pesquisadores, o que permite hoje a sua utilização com maior eficácia. Também foram coletados dados, muitas vezes em ocasiões bastante informais ou em momentos inusitados. A inclusão de questões referentes a existência de plantas medicinais em cada habitação, no questionário utilizado para a produção de um mapa da área estudada, contribuiu sobremaneira para a obtenção de um maior número de informações. O objetivo original era coletar dados sobre a cultura material existente, e as referências geográficas de cada habitação. A inclusão dos dados nas fichas de cadastro da casa indígena surtiu um efeito bastante significativo, possibilitando a identificação das espécies mais abundantes, pois as plantas medicinais menos comuns só puderam ser identificadas quando o morador estava em casa. Em outros momentos, a identificação aconteceu em situações inesperadas, a partir de um fato, comentário ou relato que possibilitava que se relacionasse a uma determinada prática onde estava incluído o uso de uma planta medicinal. |
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RESULTADOS:
Ao término do trabalho foram analisadas as fichas das 702 residências cadastradas, e constatou-se um total de 80 espécies diferentes de plantas medicinais distribuídas em 191 casas. Algumas foram encontradas em menor número, porém outras foram bastante observadas, pois possuem um uso freqüente na aldeia. As espécies mais abundantes foram, o capim-cidreira (Cymbopogon citratus) que estava presente em 25% das residências com plantas medicinais em seu quintal, o boldo (Coleus sp.) foi a segunda planta medicinal mais encontrada, pois 20% das residências apresentaram-na, a erva-cidreira (Melissa officinalis) representando 11% do total, e a guiné (Petiveria alliaceae), que foi encontrada em 8% das residências. |
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CONCLUSÕES:
Apesar da reserva Porto Lindo/Jakarey possuir uma densidade demográfica muito superior à capacidade suportada pela sua dimensão territorial, e pouco espaço com cobertura vegetal de mata, existe ainda um elevado índice de recursos naturais utilizados pelos moradores do local, sendo que a maioria é cultivada por eles nos pátios residenciais. O uso tradicional dessas plantas revela a diversidade existente mesmo quando alguns acreditam não haver mais recursos no local. É notória a diminuição da quantidade de espécies medicinais, devido à expansão de áreas para o cultivo agrícola mecanizado no entorno. Porém, ainda há uma grande diversidade promovida pela própria comunidade. Estes dados demonstram a importância que as plantas medicinais exercem dentro dos costumes dos Ñandeva/Guarani do local, não apenas como uma fonte de medicamentos naturais, mas como estimuladora da cultura de um povo que sobrevive mesmo quando o espaço não lhe é suficiente para prover seu sustento dentro de padrões tradicionais. |
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Instituição de fomento: PIBIC/UEMS; CNPq; FUNDECT | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Guarani-Ñandeva; Plantas Medicinais; Etnobotânica. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |