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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal | ||
ASPECTOS ETOLÓGICOS DA VESPA Polistes canadensis canadensis L, 1758 (HYMENOPTERA, VESPIDAE) | ||
Viviana de Oliveira Torres 1 (vivianabio@yahoo.com.br), Gisele Bortoluzzi 1, Silvana Sousa da Silva 1, William Fernando Antonialli Junior 1 e Edilberto Giannotti 2 | ||
(1. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS 1; 2. Universidade Estadual Paulista – UNESP 2) | ||
INTRODUÇÃO:
Polistes canadensis canadensis é uma espécie que tem ampla distribuição geográfica e assemelha-se a P. lanio lanio. Estudos sobre a fase de fundação de colônias de Polistes indicam que elas podem ser iniciadas por uma ou um grupo de fundadoras associadas. A eussocialidade, em qualquer grupo de animais, é caracterizada por: sobreposição das gerações adultas, cuidado cooperativo da prole e a divisão reprodutiva de trabalho (WILSON, 1971; MICHENER, 1974). A evolução da eussocialidade tem sido um tema de grande interesse dos pesquisadores nas últimas décadas e o gênero Polistes é importante no estudo da evolução do comportamento social das vespas por diversos motivos: o fato de apresentar ninhos com favos visíveis, colônias relativamente pequenas, por não possuir castas morfologicamente distintas dando a possibilidade de qualquer fêmea tornar-se uma rainha; e sua ampla distribuição geográfica permite a comparação das diferentes estratégias adaptativas aos diversos ambientes que ocupa. Tais fatores levaram Polistes a ser chamado de gênero-chave para o entendimento da evolução do comportamento social das vespas (EVANS, 1958; EVANS & WEST-EBERHARD, 1970). |
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METODOLOGIA:
Os estudos de colônias de P. c. canadensis foram efetuados em Mundo Novo, MS (“latitude 23º 56’ 17”, “longitude 54º 16’ 15”), região centro-oeste do Brasil, clima subtropical. No intuito de se estudar alguns aspectos etológicos dessa espécie em condições naturais, as observações foram desenvolvidas nos próprios locais de nidificação. Os métodos de trabalho de campo consistiram em: localizar os ninhos, catalogar o comportamento de forrageamento e anotar a posição ocupada pelas vespas durante os estágios de desenvolvimento da colônia. Foi adotada a terminologia: Rainha: a fêmea que tem comportamento agressivo na colônia, dominando as demais, sendo a única que oviposita; operária: aquela que se submete à agressividade da rainha; forrageadora: é a operária que se dedica a atividade de forrageamento para a alimentação dos adultos e das formas imaturas. As observações foram realizadas três vezes por semana em sessões de 1h, nos períodos mais quentes do dia; registrando-se as atividades de forrageamento, posição ocupada pelas vespas no ninho, tempo de execução dos comportamentos observados, além de outros aspectos comportamentais de 15 colônias no campus da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Mundo Novo, do período de 28 de abril de 2004 a 10 de janeiro de 2005, totalizando 100 horas de observação. |
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RESULTADOS:
Em relação às posições ocupadas pelas vespas no ninho pode-se observar que as rainhas permanecem 73% do tempo no ninho sobre as células, principalmente nas centrais, sobre as pupas; 17% das vezes permanecem atrás do favo; 5,6% de lado; 3,8% forrageando e apenas 0,6% no substrato. Já as operárias permanecem 42, 3% dispersas sobre as células do ninho; 27,24% atrás do favo; 18,8% forrageando; 7,7% de lado no favo e 4% no substrato. Foi observado que as vespas forrageadoras chegam ao ninho e fazem trofalaxis adulto-adulto em 35% das vezes, trofalaxis larva-adulto em 47%, 14% permanecem imóvel e/ou fazem auto-limpeza corporal e em 4% dos casos depositam água sobre a célula. Das 15 colônias observadas, 6 (40%) foram fundadas por uma única vespa e apenas 3 (50%) destas obtiveram sucesso, enquanto que das 9 (60%) colônias fundadas por associação de vespas 8 (88,8%) destas obtiveram sucesso reprodutivo. Estudos realizados por GAMBOA (1980), HERMANN et al., (1975) e HIROSE & YAMASAKI (1984) sugerem que ninhos iniciados por uma associação de fundadoras apresentam maior produtividade e probabilidade de sucesso devido ao aumento da capacidade de defesa do ninho contra predadores e/ou parasitas e mesmo, contra sua usurpação por vespas coespecíficas. |
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CONCLUSÕES:
Pode-se concluir que a maioria das fundações foi iniciada por um grupo de fundadoras; e que se considerarmos o estágio de pós-emergência com ao menos a eclosão de um adulto, como sendo uma colônia que obteve sucesso, a maioria das colônias que obteve este sucesso foi originariamente fundada por uma associação de vespas. A rainha foi a vespa que iniciou a colônia, quando a fundação foi solitária; ou este status foi determinado pela agressividade das fêmeas que juntamente iniciaram a colônia, neste caso ocorrendo também uma oofagia diferencial. Verificou-se ainda, que as rainhas permaneceram mais tempo no ninho, sobre as células, assim como também ocorreu com as operárias. Contudo se considerarmos a atividade forrageadora, a rainha só forrageou no início da fundação da colônia, enquanto que a atividade forrageadora foi muito significativa para as operárias. Conclui-se ainda que na maioria das vezes (86%) as forrageadoras obtêm sucesso quanto à busca de alimento, pois efetuam alguma atividade ao chegar ao ninho. |
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Instituição de fomento: PIBIC/UEMS | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Aspectos etológicos; Eussocialidade; Polistes. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |