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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
AS REPRESENTAÇÕES DOS ESTUDANTES ACERCA DO VESTIBULAR COMO FORMA DE AVALIAÇÃO PARA O INGRESSO NO ENSINO SUPERIOR.
Eloiza da Silva Gomes de Oliveira 1 (eloizaoliveira@uol.com.br), Alessandra Cardoso Soares Dias 1 e Lázaro Santos 1
(1. Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ)
INTRODUÇÃO:
A pesquisa se detém na análise dos procedimentos de ingresso à Universidade procurando perceber formas mais adequadas à realidade do Ensino Médio e da própria Universidade. Ter o Vestibular como objeto de estudo é um grande desafio. Ao refletir sobre o Vestibular não se pode olhar somente para frente, ou seja, a universidade. Mas também é necessário atentar para os efeitos colaterais de que poucos se dão conta. Esse estudo é de grande relevância devido à importância que o Vestibular se reveste na sociedade. Tal exame é visto como possibilidade de acesso a melhores condições sócio-econômicas, fonte de orgulho e auto-estima para os jovens e familiares, indicador de sucesso ou fracasso para as instituições educacionais e influenciador nas práxis pedagógicas dos níveis de ensino anteriores. Pela importância que se reveste, consideramos pertinente detectar as representações sociais de estudantes e professores quanto à tão temida seleção e estabelecer a existência ou não de relação entre o sucesso no exame e o posterior rendimento acadêmico do aluno, considerando o seu grau de satisfação e a sua realização individual. Esses sãos objetivos da pesquisa, assim como, desvelar as expectativas dos alunos que ingressam na Faculdade de Educação da UERJ em relação à instituição e ao curso e subsidiar as discussões relativas aos procedimentos de ingresso nas Universidades públicas, fundamentadas na formação do “mapeamento” das representações sociais dos estudantes e professores.
METODOLOGIA:
Para atingir tais objetivos, o trabalho se desenvolve através de uma metodologia quantitativo-qualitativa. Uma metodologia qualitativa, a nosso ver, permitirá um salutar cotejo com os dados quantitativos obtidos. A coleta dos dados consistiu, em uma primeira etapa, de entrevistas semi-estruturadas, com alunos e professores da Faculdade de Educação da UERJ, tendo como tema o Vestibular. Na segunda etapa, foram retiradas das entrevistas palavras-chave referentes ao Vestibular e organizadas em rede polissêmica a partir da incidência. Em seguida, elaborou-se um quadro de mapeamento dessas associações livres. A análise quantitativo-comparativa se deu através da metodologia de Análise do Discurso. As entrevistas foram categorizadas de acordo com o grau de incidência de repetições. Cada categoria foi dividida em sub-categorias, sendo contabilizadas sua freqüência e percentagem. A análise dos dados será complementada com a coleta e análise documental do questionário sócio-cultural - a fim de definir o perfil do aluno de Pedagogia -, e o número de pontos obtidos no exame, juntamente com o diário de notas e freqüência das turmas, fornecido pela Secretaria da Faculdade, para assim detectarmos a existência ou não de relação entre o sucesso no Vestibular e o rendimento na graduação. A coleta e análise dos dados qualitativos já foram finalizadas. A pesquisa encontra-se na fase final, com o término da coleta e análise dos dados quantitativos a fim de cotejar com os resultados qualitativos.
RESULTADOS:
Na 56ª SBPC apresentamos o mapeamento das associações dos alunos quanto ao Vestibular. Revelou-se que a maioria das representações - principalmente as reações emocionais e físicas - é de teor negativo, ao contrário das sub-categorias de prospecção de futuro e valoração do indivíduo. Caracterizam o exame como: “carga pesada”, “prova de fogo”, e “bicho de sete cabeças”. Os alunos acreditam não existir relação entre o resultado do Vestibular e o desempenho na graduação. Na 57ª SBPC delinearemos a opinião dos alunos quanto ao Vestibular como avaliação para o ingresso na Universidade. Nas categorias “Lembranças do Vestibular” e “Opinião sobre o Vestibular” constatou-se que 69,2% dos alunos têm recordações desagradáveis do Vestibular. Somente 14% dos entrevistados têm opiniões positivas referentes ao concurso. Predominaram alusões a fatores físico-emocionais. O nervosismo foi o fator mais citado. Tais fatores foram também mencionados pelos alunos como prejudiciais à avaliação. Sendo 73,3% os entrevistados que não concordam com o Vestibular como avaliação devido à interferência do estado físico-emocional prejudicando o desempenho dos candidatos. Citaram também que o exame não mede os conhecimentos do aluno, e sim a capacidade de armazenar conteúdos; e a impossibilidade de num único momento avaliar o real aprendizado do candidato. A solução mais indicada para a substituição do Vestibular foi a avaliação através das notas do Ensino Médio / histórico escolar.
CONCLUSÕES:
O “quadro representacional” do Vestibular para os estudantes está próximo do fim. Os resultados demonstrados acima, e os apresentados na 56ª SBPC demonstram que as significações atribuídas ao Vestibular são predominantemente negativas. A maioria das recordações dos candidatos referente ao período do Vestibular é de teor desagradável. A grande maioria dos alunos, também não concorda com o Vestibular como forma de avaliação. O Vestibular é caracterizado pelos alunos como um processo de stress e como uma avaliação não fidedigna e injusta. Por isso, acreditam não existir relação entre o resultado no Vestibular e o rendimento acadêmico posterior no curso. Consideramos pertinente analisar, futuramente, as representações dos professores quanto ao Vestibular como processo de seleção de alunos para o Ensino Superior, relacionando-as com a dos alunos. Desejamos, assim, descobrir se os professores comungam das idéias desagradáveis dos alunos associadas ao Vestibular.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Vestibular; Avaliação Institucional; Representações Sociais.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005