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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)

FORMAR PROFESSORES COMPETENTES: AS INCERTEZAS DO CAMINHO

Maria Goretti Herculano Silva 1 (goherculano@hotmail.com) e Isabel Maria Sabino de Farias 1

(1. Centro de Educãção, Universidade Estadual do Ceará - UECE)

INTRODUÇÃO: O presente trabalho apresenta resultados do estudo: Formar Professores Competentes: as incertezas do caminho. A pesquisa tomou como ponto de partida o atual contexto vivido pelo curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará, marcado pelo desafio de construir uma nova proposta curricular. O trabalho teve como objetivo refletir sobre a noção de competências, analisando sua incorporação no discurso educacional sobre a formação de professores, em especial no curso de pedagogia da UECE..Nesta perspectiva, o estudo se propôs a investigar o pensamento dos alunos do curso de Pedagogia desta IES sobre o perfil do educador para o século XXI, com ênfase na visão dos mesmos sobre a formação que estão recebendo e sua contribuição no desenvolvimento das competências necessárias hoje à profissão.Trata-se de um tema que tem sido alvo de discussões e debates internacionais, estando em pauta no cenário de reformas da educação brasileira, principalmente a partir da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtien, Tailândia (1990). Essa discussão perpassa todo o cenário de reformas e mudanças estruturais na educação brasileira e se estabelece na escola, na sala de aula, no cotidiano de alunos e professores, no medo do desconhecido, na incerteza do que está por vir. É no sentido de dirigir o olhar para esse cotidiano, para esses medos e incertezas, na busca de respostas, que compreendemos ser pertinente a reflexão abordada pelo tema na comunidade acadêmica. v

METODOLOGIA: Diante das possibilidades metodológicas de desenvolvimento deste trabalho de pesquisa optamos pela abordagem qualitativa, mais especificamente pelo estudo de caso. Tomamos como caso a UECE, mais especificamente uma amostra de formandos (2003.2) do Curso de Pedagogia. Esta IES tem dedicado especial atenção para a formação de professores, a qual tem se destacado como uma vocação histórica. Tais ações, conforme argumenta seu atual Pró-Reitor, “tem procurado... responder às demandas da sociedade por profissionais qualificados, reflexivos, críticos que possam atuar com competência na busca de uma sociedade mais justa e igualitária”.Buscando encontrar esses profissionais em formação foi que escolhemos nossa amostra dentre os formandos do curso de pedagogia. A escolha do grupo deu-se pelo fato de que, por estarem finalizando o curso, supõe-se que estes alunos tenham desenvolvido, ao longo do mesmo, saberes e competências necessárias ao bom desempenho profissional. Outros fatores que foram considerados para a escolha da amostra, que totalizou 10 alunos, foram a disponibilidade de acesso a essas pessoas e o envolvimento e identificação da pesquisadora com o grupo pesquisado. Como estratégia de coleta de dados recorremos à entrevista semi-estruturada. O roteiro da entrevista foi elaborado a partir de questões abertas constando de três itens: o perfil do entrevistado; a formação inicial e o desenvolvimento de competências; e, a visão sobre competência profissional.

RESULTADOS: Todo o trabalho, ao longo de sua construção tomou como mote a reflexão sobre o perfil do educador para o século XXI, a partir da noção de competências.Na revisão de literatura foi possível identificar uma concepção de competências que se refere a pensar a mobilização de recursos cognitivos e afetivos diversos para confrontar situações que se apresentam no cotidiano (Perrenoud 2000). Essa idéia abre um debate amplo em todo âmbito da educação brasileira dando forma à atual reforma educacional e provocando posicionamentos diversos.Notamos que a noção de competências presente nos documentos oficiais que expressam orientações básicas sobre a formação de professores é apresentada como núcleo ou foco central da reforma revelando, desta forma, uma sintonia entre o que vem sendo discutido teoricamente e com os formuladores das políticas educacionais. Essa visão se contrapõe à visão dos alunos entrevistados que questionam a falta de coerência entre o que é requerido como perfil do pedagogo e o que é ofertado durante a formação para que ele supra tais expectativas. É patente o pensamento entre os entrevistados sobre a falta de conexão entre a teoria e a prática presentes em sua formação. Revela-se a preocupação tanto com a má distribuição do estágio no decorrer da formação quanto com a necessidade da pesquisa. Não se tratando de aumentar a prática em detrimento da teoria, a questão consiste em buscar uma nova forma de produzir conhecimento no interior dos cursos de formação do educador.

CONCLUSÕES: Com efeito, as pistas que conseguimos obter ao longo desse grande desafio, nos remetem ao âmbito da discussão da proposta curricular do referido curso. Logo, percebemos em nossa reflexão que o grande desafio a ser enfrentado é fazer da formação de professores uma formação profissional de alto nível, para tanto, o perfil do profissional que se espera deve ser refletido nos objetos de uma formação que não seja apenas acadêmica, mas que se estenda a uma preparação voltada para atender aos desafios feitos à escola neste século e a uma educação que não seja um instrumento de reprodução das desigualdades e de sujeição das massas ao pensamento dominante. Assim, através de uma formação que valorize a investigação e a prática docente perpassando todo o curso, a escola que se deseja para todos poderá vir a ser legitimada.Por fim, cabe dizer que embora sejam muitas as controvérsias geradas a partir desse novo paradigma do ensino, poucos podem negá-lo como uma das bases sobre a qual se tem apoiado a atual reforma na educação brasileira. O dito e o feito na atual política educacional evidenciam que no âmbito da formação de professores o modelo de competências tem dado forma às atuais Diretrizes Curriculares sob a égide do discurso da ampliação do conceito da autonomia profissional docente e da unidade entre teoria e prática. O que pensam e dizem os formandos de Pedagogia da UECE, entretanto, traz elementos significativos para a reflexão entre o proclamado e o executado por tais políticas.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  competências; formação; políticas educacionais.

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005