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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
REGISTROS DE OCORRÊNCIA DA ESPÉCIE Tricolia affinis (MOLLUSCA: GASTROPODA) EM COSTÕES ROCHOSOS DO MUNICÍPIO DE CABO DE SANTO AGOSTINHO, PERNAMBUCO - BRASIL
Kcrishna Vilanova de Souza Barros 1 (kcrishna@universiabrasil.net), Múcio Luiz Banja Fernandes 1, 2, 4, Gledson Fabiano de Araújo Ferreira 5, Alberto José A de Aguiar 1, Andréa Karla Pereira da Silva 3, 4, Roberto de Albuquerque Régis 1, Adilson de Castro Chaves 4, Rodrigo Melo de Andrade 1 e Lenilda Oliveira de Assunção 1
(1. Laboratório de Estudos Ambientais da Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata; 2. Faculdade Frassinetti do Recife - FAFIRE; 3. Faculdade de Ciências da Administração da Universidade de Pernambuco - FCAP; 4. Fundação de Ensino Superior de Olinda - FUNESO; 5. Instituto de Ciências do Mar - Universidade Federal do Ceará)
INTRODUÇÃO:
O ambiente marinho da costa brasileira, por sua posição privilegiada, apresenta uma quantidade muito grande em ecossistemas de características muito particulares, como é o caso de fanerógamas marinhas, recifes, estuários, manguezais e costões rochosos. Tal fato é responsável por uma imensa variedade em representantes de todos os Reinos. Algumas espécies têm chamado atenção por terem obtido destaque ou ainda por serem observadas em vários desses ecossistemas. Tricolia affinis (C. B. ADAMS, 1850) é uma dessas espécies. Registrou-se a presença deste gastrópode em estuários (SANTOS, 2003; FERNANDES, 1990), substratos não-consolidados (SZÉCHY & PAULA, 2000; RESURREIÇÃO, 1985), fanerógamas marinhas (PROGRAMA DE CORREÇÃO PASSIVO AMBIENTAL – Suape, 2003), recifes (FERNANDES, 2000) etc. Porém muitos pesquisadores têm observado sua presença abundante em ecossistemas de costão rochoso em diversos Estados brasileiros, como AGUIAR et al (2003), no Estado de Pernambuco, e BATISTA et al, (1996), em São Paulo e Rio de Janeiro. Por este motivo, sua ecologia tem despertado o interesse de diversos pesquisadores, como é o caso de ALVES (2001). De acordo com BARROS et al (2003), Tricolia affinis tem se revelado uma espécie característica de áreas impactadas. O objetivo deste estudo foi verificar a distribuição desta espécie nos costões rochosos pernambucanos, cujos afloramentos e estudos são raros, como em todo o Nordeste, buscando entender um pouco sobre o hábito desta espécie.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no período de Março a Julho de 2004, em quatro pontos de afloramentos de costão no Município do Cabo de Santo Agostinho e áreas de influência. Procurou-se coletar amostras de três padrões verticais nas três últimas Estações, definindo-se Infralitoral (A), Médio Litoral Inferior (B) e Médio Litoral Superior (C), a fim de se poder verificar a distribuição e o comportamento da espécie. As amostras das três primeiras Estações resumiram-se ao Padrão (C). Assim, foram seis Estações de coleta: Cabo - Estações E1 e E2; Calhetas - Estação E3; Baía de Suape - Estações E4 e E5; e Gaibu - Estação E7. De todas, a única amostra de costão abrigado foi a E3C. As amostras foram raspadas por meio de uma espátula metálica em área delimitada por um quadrado de PVC com 20 cm de lado, armazenadas em sacos plásticos etiquetados e transportadas ao Laboratório de Estudos Ambientais (LEA) da Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata (FFPNM-UPE). Então, foram triadas, afixadas em potes plásticos contendo formol a 4% até a identificação dos táxons, com auxílio de estereomicroscópio, placas de Petri, pinças metálicas e literatura pertinente.
RESULTADOS:
Foi encontrada uma variedade muito grande de animais, entre invertebrados e urocordados. Os crustáceos anfípodos, ao lado dos moluscos, foram os mais numerosos. Para estes, um total de 38 espécies foram identificadas e Tricolia affinis foi a única espécie encontrada em todas as amostras, bem como em todos os padrões estudados e Estações de coleta. Foi a espécie mais freqüente nas Estações E1C e E2C, bem como nos três padrões de E7. Essa freqüência, no entanto, foi particular a cada Estação, devido às condições diversas de cada ponto de coleta. Foi observado que sua maior freqüência se dá em Infralitoral, onde há maior concentração de nutrientes, a exemplo das amostras de Gaibu, sendo 73% do total de moluscos daquele padrão; e Baía de Suape, tendo representado 50% e 38% nas E4 e E5, respectivamente, dos moluscos de Infralitoral. No total de indivíduos, nestas últimas Estações, representou 27% e 26%, respectivamente. Sua freqüência mais baixa se deu na E3C, de costão abrigado, representando 0,01%, e a mais alta, em Gaibu, nas quais representou 65% do total de moluscos identificados. Neste local, identificou-se certo grau de eutrofização, o que pode estar influenciando esses números. Por outro lado, as Estações do Cabo de Santo Agostinho mostraram-se protegidas de ação urbana ou antrópica e também apresentaram Tricolia affinis como espécie mais freqüente.
CONCLUSÕES:
O estudo sugere que a espécie Tricolia affinis é um animal típico do ecossistema de costão rochoso do Estado de Pernambuco, como em outros Estados brasileiros, onde existe uma maior constância de pesquisas nestes ambientes. Apesar de ser um representante da macrofauna, apresenta um tamanho relativamente pequeno e isto o torna perfeitamente adaptado a um ambiente com hidrodinamismo tão acentuado como é o caso dos costões. Todavia, a espécie revela aspectos ecológicos ainda muito pouco estudados e necessitando de um estudo mais aprofundado e com uma freqüência determinada, levando-se em consideração os pontos de coleta, a época do ano, os processos antrópicos sofridos pela área e as relações com outras espécies, podendo assim dar uma margem maior de parâmetros a serem analisados para uma melhor compreensão do seu comportamento.
Instituição de fomento: Fundo de Apoio à Pesquisa e Extensão da Universidade de Pernambuco - FDPE
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Costões Rochosos; Moluscos; Tricolia affinis.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005