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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
CORRELAÇÃO GEOMORFOLÓGICA ENTRE A EROSÃO DO MACIÇO DE BATURITÉ E A DEPOSIÇÃO DOS SEDIMENTOS BARREIRAS NO LITORAL CENTRAL DO ESTADO DO CEARÁ, BRASIL.
Marcelo Martins de Moura Fé 1 (marcelomourafe@hotmail.com) e Vanda Claudino-Sales 1
(1. Departamento de Geografia, Universidade Federal do Ceará - UFC.)
INTRODUÇÃO:
A área de estudo, situada na zona litorânea central do Estado do Ceará, entre a foz do rio Ceará (Fortaleza) e a ponta da Taíba (São Gonçalo do Amarante), perfazendo assim, cerca de 43 km no litoral, é delimitada em direção ao interior pelo maciço cristalino de Baturité, relevo que apresenta altitude média de 900 m e extensão máxima na área de estudos da ordem de 90 km, direção ESE-WNW. A evolução estrutural dessa zona costeira central cearense, que parece ter sido encerrada, pelo menos na sua estruturação fundamental, no Terciário Superior, a partir da ocorrência da Flexura Marginal e conseqüente deposição da chamada Formação Barreiras em todo o Nordeste brasileiro, é o objeto desse nosso estudo. Com efeito, verificamos que as vertentes íngremes do Maciço de Baturité, composta por gnaisses, ortognaisses e quartzitos, com declividades que variam de 40%, nos trechos mais íngremes e entre 10 a 15% nas vertentes ocidental e setentrional, onde a dissecação pelas drenagem é menor, teria sido uma importante área-fonte para os sedimentos Barreiras, em cujo topo foi organizado o denominado tabuleiro costeiro que se estende igualmente por todo o Nordeste.
METODOLOGIA:
A análise das vertentes do Maciço de Baturité foi baseada, do ponto de vista metodológico, no “Princípio do Uniformitarismo”, englobando atividades técnicas diversas tais como ampla revisão bibliográfica sobre a evolução estrutural do litoral cearense e a gênese e área de abrangência da Formação Barreiras, além de análises de imagens de radar, mapas geológico e geomorfológico e trabalhos de campo utilizando GPS, mapas, imagens de radar e máquina fotográfica. A partir dessas análises, verificamos a existência, através de identificação in situ ainda não mapeada oficialmente, da ocorrência de leques aluviais e terraços fluviais bem caracterizados, tanto em setores a sotavento quanto em setores a barlavento do maciço.
RESULTADOS:
Consideramos assim que sedimentos oriundos da erosão de setores elevados foram depositados sob a forma de leques aluviais nos vales adjacentes, sobre as rochas do embasamento cristalino, tendo provavelmente permanecido assim por um longo período de tempo até o material ter sido novamente mobilizado. Verificamos ainda a ocorrência de depósitos similares, caracterizados pela presença de fragmentos rochosos na forma de seixos arredondados, esféricos e de tamanhos variados inseridos numa matriz arenosa, areno-argilosa, depositados na área mapeada como tabuleiro costeiro, de ocorrência, portanto da Formação Barreiras, nos setores costeiros e litorâneos que margeiam o maciço (e.g. Taíba, Paracuru, Lagoinha).
CONCLUSÕES:
A partir das análises acima expostas, considermos que os depósitos Barreiras foram carreados por cursos d’água de elevada vazão – tal consideração está associada ao tamanho acentuado dos sedimentos, cujo transporte e deposição exigiria elevada energia fluvial - a partir de diversos segmentos de vertentes do Maciço de Baturité, o qual seria portanto o grande fornecedor de sedimentos para a planície costeira central do Ceará. Considermos que tais mecanismos podem ter ocorrido de maneira similar numa escala regional, estando os sedimentos Barreiras, pois, intimamente relacionados à erosão das vertentes dos grandes relevos do Estado do Ceará.
Instituição de fomento: PIBIC / CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Evolução Geomorfológica; Sedimentos Barreiras; Leques Aluviais.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005