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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População | ||
INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS ALIMENTARES NO PRIMEIRO DIA EM CASA DE CRIANÇAS MENORES DE 4 MESES SOBRE A PREVALÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO EM CUIABÁ-MT. | ||
Letícia Pacífico Queiroz Salustiano 1 (leticiapacifica@yahoo.com.br), Giovanny Vinícius Araújo de França 1 e Gisela Soares Brunken 2 | ||
(1. Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.; 2. Depto. de Saúde Coletiva, Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.) | ||
INTRODUÇÃO:
No Brasil, os índices de aleitamento materno eram considerados bons até a década de 70. Com a instalação das indústrias de leite em pó, o elevado grau de urbanização, o êxodo rural e a emancipação da mulher, que passou a ser incorporada como elemento de trabalho, intensificou-se a introdução de alimentos complementares antes do recomendado, diminuindo-se, assim, a prevalência do Aleitamento Materno. Sabe-se que a criança que recebe o leite materno apresenta um desenvolvimento corporal dentro dos limites médios da normalidade, diminuindo-se os riscos de desenvolver obesidade e/ou desnutrição, característicos de crianças alimentadas artificialmente. A introdução da alimentação complementar precoce, associada a demais fatores, está relacionada a maior prevalência de internações entre crianças, apresentando desvantagens como: escassez de vitaminas e ferro, excesso de sal, cálcio e fosfatos, inadequação de gorduras e proteínas, má digestão, alergia e custos elevados.Além disso, essa atitude diminui a produção de leite da mãe. É necessário que a criança sugue freqüentemente a mama para estimular a produção, e se a criança ingere outros alimentos, mama menos e conseqüentemente a produção de leite pela mãe fica comprometida. O presente estudo tem por objetivo verificar a associação da ingestão de líquidos (água, chá ou outro leite) no primeiro dia em casa de crianças menores de 4 meses, no município de Cuiabá-MT, sobre a prevalência do aleitamento materno total. |
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METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo transversal analítico, com um plano amostral representativo das crianças menores de um ano presentes no primeiro dia da campanha de multivacinação do ano de 2004, na cidade de Cuiabá. Todavia, serão consideradas neste estudo as menores de quatro meses. O instrumento utilizado foi um questionário semi-estruturado, composto de questões predominantemente fechadas sobre o padrão alimentar e outras especificidades da criança. Os acompanhantes das crianças foram abordados na fila de vacinação e informados dos objetivos da pesquisa, sendo solicitado o consentimento dos mesmos. Por tratar-se de um inquérito populacional, observacional, não ofereceu riscos de natureza física, psíquica, moral, intelectual, social ou cultural aos entrevistados. O recordatório alimentar de 24 horas foi utilizado para a determinação do Aleitamento Materno Total (AM), considerando-se crianças que receberam leite materno, com ou sem complementos. As crianças estudadas foram classificadas em relação ao consumo ou não de líquidos (água, chá ou outro leite), aliado ao aleitamento materno no primeiro dia em casa. Para a análise estatística, utilizou-se o teste de qui-quadrado para as associações entre as variáveis, apresentando o nível de significância de 5%. A análise dos dados foi feita através do software Epi Info versão 6.0. |
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RESULTADOS:
Havia 291 crianças menores de 4 meses, sendo 162 (56%) do sexo masculino e 129 (44%) do sexo feminino. Entre essas, uma terça parte (n=107; 37%) consumiu água, chá ou outro leite em complemento ao leite materno no primeiro dia em casa. Na data da vacinação, 268 crianças (92%) eram amamentadas e, dessas, uma terça parte (n=91; 34%) também consumiram outros líquidos, além do leite materno, no primeiro dia em casa. Constatou-se que as crianças que não consumiram água, chá ou outro leite no primeiro dia em casa (n=23) apresentaram maior prevalência (70%) do aleitamento materno no momento da entrevista, obtendo-se significância para o teste do qui-quadrado (11,55; p<0,001), o que evidencia a associação entre as duas variáveis estudadas. |
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CONCLUSÕES:
Os resultados demonstraram uma expressiva introdução de outros alimentos, além do leite materno, já no primeiro dia em casa, estando associada à menor prevalência do aleitamento materno. Sabe-se que uma menor duração da amamentação exclusiva não protege o crescimento da criança tão bem quanto a amamentação exclusiva por 6 meses e não melhora o crescimento da criança. Por isso, é de fundamental importância trabalhar para a conscientização das mães a respeito dos malefícios causados pela introdução precoce de outros alimentos, além do leite materno, até os seis meses de vida. O incentivo ao aleitamento materno exclusivo deve ser parte integrante das consultas de pré-natal, envolvendo os profissionais de saúde e a sociedade em geral. Ressalta-se que a política de aleitamento materno no Brasil, bem como no município de Cuiabá, tem envolvido diversas ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento, objetivando atingir a meta de aleitamento materno exclusivo recomendada, bem como de garantir que as crianças sejam amamentadas até o segundo ano de vida ou mais, como recomenda o Ministério da Saúde (MS, 2001). |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Práticas Alimentares; Aleitamento Materno; Prevalência. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |