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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas | ||
POLISSACARÍDEOS SULFATADOS COM ATIVIDADE ANTICOAGULANTE EXTRAÍDOS DE Halodule wrightii | ||
Mariana Santana Santos Pereira da Costa 1 (marispc_bio@yahoo.com.br), Sara Lima Cordeiro 1, Leandro Silva Costa 1, Nednaldo Dantas dos Santos 1, Ivan Rui Lopes de Albuquerque 1, Maria Iracema Loyola 2, Edda Lisboa Leite 1 e Hugo Alexandre de Oliveira Rocha 1 | ||
(1. Depto. de Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN; 2. Depto. de Botânica, Ecologia e Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
Polissacarídeos sulfatados desempenham funções estruturais, estão envolvidos em diversos processos biológicos, como adesão, proliferação e diferenciação celular, câncer, artrite, além disso, possuem diversas atividades farmacológicas, como anticoagulante, antiinflamatória, anti-tumoral, etc. Eles são encontrados em todos os filos animais, alguns fungos e em macroalgas marinhas. Até recentemente, não se tinha registro de polissacarídeos sulfatados em vegetais superiores, quando em janeiro de 2005, foi publicado o primeiro trabalho demonstrando a presença de polissacarídeos em três espécies de capim do mar. As angiospermas marinhas Ruppia maritima, Halodule wrightii e Halophila decipiens apresentaram polissacarídeos sulfatados (Aquino et al. Glycobiology, 15(1): 11-20, 2005). Contudo, apenas R. maritima teve seus polissacarídeos analisados quimicamente. O presente trabalho teve como objetivo extrair polissacarídeos sulfatados de Halodule wrightii, coletado em Macau/RN, aplicando uma metodologia simples, caracteriza-los quanto à relação polissacarídeo/sulfato e avaliar o seus potenciais anticoagulantes. |
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METODOLOGIA:
O vegetal coletado foi segmentado em duas amostras, folha e rizoma/raiz, e lavado em água corrente, retirando-se epífitas e inclusões calcárias. Após secagem em estufa aerada (60oC) o material foi triturado e submetido à despigmentação e delipidação por 24h (4 volumes de etanol 96%). O material resultante desse foi submetido a uma digestão proteolítica para extração dos polissacarídeos. Os polissacarídeos solúveis foram precipitados com 2 volumes de metanol (4oC, 4h) e recolhidos por centrifugação (10.000g, 4oC, 15 min). Após secagem a pressão reduzida, obteve-se o extrato bruto da folha (FCM) e do rizoma/raiz (RCM). Os monossacarídeos presentes em FCM e RCM foram identificados por cromatografia descendente em papel, após hidrólise ácida com HCl 2N, no sistema de solvente ácido isobutírico:amônia 1,0N (5:3) v/v e visualizados com nitrato de prata. O teor de sulfato foi medido após hidrólise ácida (HCl 4N, 6 horas, 100 oC), por turbimetria. A presença de polissacarídeos sulfatados também foi observada através de eletroforese em gel de agarose em tampão PDA 0,05M pH 9,0. Depois da corrida, os polissacarídeos foram precipitados e as lâminas foram coradas com azul de toluidina. A quantidade de polissacarídeos totais foi determinada pelo método fenol/ácido sulfúrico A atividade anticoagulante de FCM e RCM foi determinada por teste de tempo de trombina parcial ativada (aPTT) e tempo de protrombina (PT), usando plasma humano citratado. |
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RESULTADOS:
Análise por cromatografia de papel indicou a presença dos monossacarídeos: ácido glucurônico, galactose e traços de xilose e fucose tanto em FCM como em RCM. Contudo, o método de fenol/ácido sulfúrico mostrou uma maior quantidade de polissacarídeos em RCM (30,2%) em relação a FCM (26,2%). Ambas as frações apresentaram grupos sulfato RCM (6,2%) e FCM (3,5%). A eletroforese em gel de agarose mostrou a presença de polissacarídeos sulfatados, ainda, foi observado que nas duas frações os polissacarídeos possuíram o mesmo perfil de dispersão. Os testes de aPTT indicaram uma alta atividade anticoagulante de FCM, sendo necessário apenas 6,75μg dessa fração para se dobrar o tempo de aPTT, enquanto que para o Clexane® (heparina de baixo peso molecular) foi necessário cerca de 10 μg para se obter mesmo efeito. RCM também apresentou atividade anticoagulante, porém o aPTT dobrou com cerca de 25μg da fração. Não foi detectada atividade anticoagulante quando o material foi desafiado em teste de PT. |
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CONCLUSÕES:
A metodologia utilizada demonstrou a presença de polissacarídeos sulfatados tanto nas folhas como no rizoma/raiz do Halodule wrightii. Contudo, há uma diferença a relação polissacarídeo/grupos sulfato 1:0,18 e 1:0,20 para FCM e RCM, respectivamente. Essa diferença parece ter se refletido na atividade anticoagulante de RCM, pois mesmo apresentando mais grupos sulfatos, essa fração teve uma menor atividade. Por outro lado, FCM apresentou um grande potencial anticoagulante, maior até que o Clexane®. Atividade anticoagulante das duas frações só foi observada com testes de aPTT, indicando que o(s) seu(s) sítio(s) de ação se encontram na via intrínseca da coagulação. Essa é a primeira vez, que se demonstra polissacarídeos extraídos de angiospermas com atividade anticoagulante. Pretende-se purificar a fração polissacarídica com atividade anticoagulante e se identificar os seus sítios de ação futuramente. |
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Instituição de fomento: PIBIC-CNPq, CAPES | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: capim do mar; polissacarídeos sulfatados; atividade anticoagulante. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |