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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada
APANHADO DE NOTAS
PATRICIA AMORIM DA SILVA 1, 2, 3 (patymaio@yahoo.com.br) e NUBIAN JAQUELINE DE BIAGIO 1, 2, 3
(1. CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE-CEPECA; 2. ESTAÇÃO CIÊNCIA-EC; 3. LETRAS,UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP)
INTRODUÇÃO:
O trabalho é um estudo Antroponímico, que é um ramo da Onomástica, que estuda os nomes das pessoas. Surgiu da observação e vivência diária com as crianças dentro do Projeto Clicar. O Projeto Clicar é um projeto de inclusão social e digital, voltado a crianças e jovens em situação de risco social, que freqüentam o espaço da Estação Ciência. Este projeto surgiu em 1996 com o objetivo de criar um espaço educativo para atender os interesses destes garotos, integrado à proposta da Estação Ciência (que é um centro de divulgação científica).
METODOLOGIA:
Analisar os nomes das crianças que freqüentam o Projeto Clicar, objetivo dessa pesquisa, justifica-se pela realidade vivenciada por educadores (autores da pesquisa) e o interesse em pesquisar os dados fornecidos pelas crianças, que podem apresentar nomes fictícios ou não. Ao entrar no Clicar, a criança passa por uma entrevista, na qual elabora um crachá e onde adota um nome ou sobrenome, utilizando-se em muitos casos de um nome de rua, uma alcunha ou apelido, dado por um amigo ou parente, de forma a incorporá-lo a sua própria identidade.
Muitas das informações, foram colhidas através de relatórios e entrevistas com os educadores e as crianças, que se propuseram a nos contar as histórias de seus nomes e apelidos, formando deste modo um apanhado de notas, que para os educadores são uma forma de trocar experiências e discutir a atuação dentro do projeto, expondo aquilo que mais chamou atenção no mês. A outra parte da pesquisa foi baseada na motivação das denominações das crianças, como por exemplo, nomes bíblicos, estrangeiros ou motivados pelos nomes de personalidades da moda ( jogadores, cantores, atores...).
RESULTADOS:
Verificou-se que a não necessidade de apresentar documentos de registros para inscrever-se no projeto assegura a cada criança a possibilidade de afirmar-se a partir de uma auto-identidade, reforçada através de uma documentação da identidade assumida (crachá), em conformidade com o espaço onde a criança está. Observou-se que a aproximação entre as pessoas e conseqüente relação de afetividade propicia a formação do apelido através da alteração do nome do sujeito para uma forma mais carinhosa. Características externas ao indivíduo também são motivadoras de apelidos, e estes em geral vão se dividir em duas classes: carinhosos ou depreciativos. Notou-se ainda uma terceira possibilidade, baseada na não aprovação do próprio nome pelo sujeito, que o substitui por outro nome ou apelido que lhe agrade.
CONCLUSÕES:
A escolha do nome/apelido substituto vai depender do ambiente de vivência de cada pessoa, neste caso da criança, correspondendo também ao fator social – que, como foi visto, vai acarretar em nomes de rua. Ao optar pela mudança do nome ou adoção do apelido o indivíduo busca atingir duas realizações: 1) satisfazer-se, alimentando o ego e buscando a formação de uma identidade; 2) marcar o outro, uma vez que o nome ajuda a introduzir quem é a pessoa que ele intitula.
Palavras-chave:  Antroponimia; Identidade; Inclusao Social.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005