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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas | ||
POTENCIAL ANTICOAGULANTE DE FRAÇÕES POLISSACARÍDICAS EXTRAÍDAS DE ALGAS MARINHAS. | ||
Leandro Silva Costa 1 (leandrosc@click21.com.br), Sara Lima Cordeiro 1, Mariana Santana Santos Pereira da Costa 1, Nednaldo Dantas dos Santos 1, Ivan Rui Lopes de Albuquerque 1, Eduardo Henrique Cunha de Farias 1, Edda Lisboa Leite 1 e Hugo Alexandre de Oliveira Rocha 1 | ||
(1. Depto. de Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
As doenças cardiovasculares são as maiores causas de mortalidade e morbidade no mundo desenvolvido, entretanto, em alguns países em desenvolvimento, o número de casos registrados também vem aumentando. Uma das principais causas dessas doenças é formação de trombos nos vasos sangüíneos. Esses processos tromboembólicos requerem terapia anticoagulante, principalmente, a heparina (um polissacarídeo sulfatado de origem animal). Entretanto, esse fármaco se mostra limitado quanto ao seu uso em algumas condições clínicas, devido ao seu efeito hemorrágico, e por causa da suas fontes de obtenção (suína e bovina) que podem trazer riscos de contaminação por partículas virais ou outros agentes aos humanos. Todas essas limitações abrem um campo de pesquisa voltado a busca de novos polissacarídeos sulfatados naturais. Nesse sentido, algas marinhas são bastante promissoras por apresentarem uma variedade destes polissacarídeos que são potencialmente livres de contaminantes. Neste trabalho 34 frações ricas em polissacarídeos sulfatados foram extraídas de 07 espécies de algas e analisadas com relação a suas atividades anticoagulantes, grau de contaminação protéica, quantidade de polissacarídeos e sulfato. |
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METODOLOGIA:
As espécies de algas utilizadas nesse estudo foram coletadas na praia de Búzios (RN) e Macau (RN). A escolha foi feita, utilizando-se como critérios a sua abundância, facilidade de obtenção, e não ter sido uma espécie que teve seus polissacarídeos estudados como anticoagulante. As espécies escolhidas foram Spatoglossum schröederi, Codium isthmocladum, Amansia multifida, Caulerpa Prolifera, Caulerpa Cupresoides, Caulerpa sertularioides e Dictyopteris delicatula. Após a coleta, as algas foram secas em estufa, trituradas e submetidas a delipidação com acetona PA durante 24 horas. O material obtido após esse processo foi submetido à extração das frações polissacarídicas através de adição de concentrações crescentes de acetona. As frações obtidas foram submetidas a análises químicas quantitativas de açúcares totais, proteínas e sulfato, pelos métodos fenol/ácido sulfúrico, Bradford e Complexo de bário, respectivamente. Alíquotas de 5mL (50mg), das diversas frações, provenientes do fracionamento com acetona foram aplicados em lâminas de agarose em tampão PDA 0,05M pH 9,0. Após precipitação com CETAVLON as lâminas foram coradas com azul de toluidina. Os ensaios de tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT) e tempo de protrombina (PT) foram realizados, seguindo o protocolo fornecido pelos kits comercias adquiridos (Labtest). |
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RESULTADOS:
Foram obtidos através de fracionamento com volumes crescentes de acetona sete frações da alga C. prolifera, cinco frações da alga C. istimocladum, quatro frações da alga A. multifida, sete frações da alga S. scrhöederi, quatro frações da alga C. sertularioides, três frações da alga C. cupresoides e três frações da alga D. delicatula. Todas as frações obtidas apresentaram concentrações consideráveis de açúcares totais e sulfato, e baixa contaminação protéica. A eletroforese em gel de agarose veio confirmar a presença de polissacarídeos sulfatados em todas as frações, porém, mostrou uma heterogeneidade quanto à distribuição destes polissacarídeos entre as algas, e até mesmo entre frações da mesma espécie. Dentre todas as frações desafiadas ao teste de PT, somente a fração 0,5V da alga C. cupresoides apresentou resultados positivos, dobrando o tempo de coagulação na concentração de 80µg. Em todas as condições testadas, as frações obtidas das algas A. multifida, S. schröederi e C. sertularioides não apresentaram atividade anticoagulante. Quanto ao teste de aPTT, apenas a fração 0,3V da alga C. prolifera, a fração 0,3V da alga C. istimocladum e as frações 0,3V e 2,0V da alga C. cupresoides não apresentaram atividade anticoagulante, sendo as demais frações capazes de dobrar o tempo de coagulação. |
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CONCLUSÕES:
As análises químicas demonstraram que todas as frações são compostas principalmente por polissacarídeos sulfatados, que foi confirmado por eletroforese em gel de agarose em tampão PDA 0,05M pH 9,0. Apenas as frações 0,3V e 0,5V da C. cupresoides apresentaram atividade anticoagulante quando desafiada ao teste de PT. As frações polissacarídicas provenientes das algas A. multifida e S. scrhöederi não apresentaram atividade para o teste de PT e aPTT. A fração 0,5V da C. cupresoides apresentou resultados positivos quando submetida a todos testes anticoagulantes, o que indica que possui sítio de ação na via comum da coagulação. As frações provindas das algas: C. prolifera, D. delicatula, C. isthmocladum, apresentaram atividade anticoagulante apenas quando submetidas a testes com o kit de aPTT, o que mostra que estes possuem sítios de ação localizados na via intrínseca da coagulação. As frações 0,7V e 1,2V da alga C. isthmocladum, 1,5V da alga C.prolifera e a fração 2,0V da alga D.delicatula quase chegaram a triplicar o tempo controle de coagulação numa concentração de 100mg quando desafiadas ao teste de aPTT. |
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Instituição de fomento: PIBIC-CNPq, CAPES | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: algas marinhas; polissacarídeos sulfatados; atividade anticoagulante. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |