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F. Ciências Sociais Aplicadas - 9. Comunicação - 3. Comunicação Visual | ||
DESAFIOS DO REGISTRO FOTOGRÁFICO NO CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO AMBIENTAL | ||
Lisbeth Oliveira 1 (lisbeth@facomb.ufg.br), Thalita Sasse Fróes 1, Ana Rita Vidica Fernandes 1, Jordana Rodrigues 1, Ana Carolina Felipe Guimarães 1, Júlia Mariano 1, Tiago Pinheiro 1 e Diogo Velasco 1 | ||
(1. Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia, Universidade Federal de Goiás - UFG) | ||
INTRODUÇÃO:
Este trabalho resgata o uso de imagens fotográficas como instrumento de sensibilização para as questões ambientais. A pesquisa foi realizada no interior do Projeto Pezinho de Jatobá, uma iniciativa presente desde 2001 junto à população carente do Setor Shangri-lá, no entorno do Campus II da UFG. Integrando a equipe interdisciplinar de pesquisadores do Projeto, professores e estudantes da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia lançaram mão do documento fotográfico, produzindo quinzenalmente registros das oficinas e atividades das mais diversas áreas do conhecimento, voltadas principalmente para o público infantil daquela comunidade. A pesquisa ressalta a importância de dedicar maior atenção aos significados culturais engendrados pelas imagens, bem como às formas como a produção e a leitura dessas imagens são mediadas, o que naturalmente vai muito além do simples registro e da documentação visual, nosso objetivo em um primeiro momento. Definimos ainda outros objetivos ao longo do trabalho: colaborar para a organização das atividades do Projeto; promover palestras periódicas envolvendo a população adulta e abordando temas relacionados com a questão ambiental; colaborar também como elo de ligação entre a comunidade e órgãos públicos e privados de decisão, instrumentalizando-os com documentos visuais e escritos de sua realidade agora documentada, no afã de vermos as reivindicações dos moradores serem ouvidas e atendidas e visando o bem estar daquela população. |
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METODOLOGIA:
A ideal utilização da linguagem fotográfica pode significar sim um poderoso instrumento de registro das ações temporais e dos acontecimentos reais durante uma pesquisa. Neste trabalho, as imagens fotográficas foram captadas por professores e alunos da área de Fotografia, integrantes do Projeto Pezinho de Jatobá. Para tanto foram utilizadas câmeras analógicas profissionais, formato 35mm do Tipo Reflex, visando maior agilidade no registro de cenas dinâmicas, a maioria delas externas. A Objetiva Padrão ou 50mm foi a mais usada, por ser a que mais se aproxima do ângulo da visão humana, além de ser a mais luminosa. Também foram usadas as Objetivas Grande-Angulares na busca de planos gerais, uma vez que podem ultrapassar os 180º de ângulo, possibilitando inclusive o registro em situações adversas de espaço. Em menor escala foram optamos pelas Teleobjetivas, quando se fizeram necessários, recortes do campo visual. Estas Objetivas permitem dar destaque a algum elemento específico em meio a tantos outros. E ainda a Objetiva Macro_ que permite fotografar com enquadramentos à curtíssima distância (5cm) sem provocar distorções _ também foram usadas, ao lado dos acessórios, como o tripé, fundamental quando se trabalha com velocidades de obturação abaixo de 1/30s, evitando que resulte em uma imagem tremida. Não foram utilizados flashs ou filtros de alteração de cores, por compreendermos que a luz que compõe uma determinada cena é parte fundamental dela. |
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RESULTADOS:
A pesquisa resultou concretamente numa documentação visual, que hoje reúne cerca de cinco mil imagens fotográficas em preto-e-branco e cor, acervo que vem gerando vários produtos ao longo desses quatro anos: Monografias e Trabalhos de Conclusão de Curso; estudos de socialização de crianças na periferia da cidade, pesquisa interdisciplinar buscando diagnosticar questões educacionais, pesquisa envolvendo economia associativa, agricultura orgânica e muitas outras iniciativas como a mais recente parceria com a Prefeitura Municipal de Goiânia, para a elaboração de um CD multimídia. Indubitavelmente, o uso de imagens em projetos de pesquisa têm limitações óbvias, mesmo porque imagens são sempre polissêmicas. Porém, não se pode negar seu poder de expressão e a necessidade da conjugação com outras linguagens (sonora, escrita), na busca de atender à complexidade de como se comunicam e funcionam os discursos visuais. Uma vez alcançada a etapa relativa à documentação visual, foi possível observar a mediação das imagens como produção cultural, pois estas ganharam significados ao serem contextualizadas junto à referida comunidade. |
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CONCLUSÕES:
Esta pesquisa não quis perder de vista o fato de que toda e qualquer imagem é uma obra aberta, sujeita a múltiplas leituras ou interpretações e que a utilização de imagens na pesquisa científica tem sim seus limites. Buscou-se aqui contudo, formas pelas quais a sua utilização possa vir a enriquecer o universo da pesquisa, contextualizando-o. Mais do que uma contribuição clara à perpetuação da memória visual desta comunidade, os registros fotográficos ampliaram as condições para o estabelecimento de um diálogo fecundo com outros universos culturais, na perspectiva de uma abordagem sistêmica de compreensão do mundo. A pesquisa possibilitou ainda ricas parcerias entre participantes da comunidade universitária e da comunidade envolvida, contribuindo para o processo de conscientização de crianças e adultos sobre a realidade em que vivem e a importância de zelarem pelo patrimônio ambiental que possuem, a Reserva Municipal Shangri-lá, espaço privilegiado para o exercício de cidadania e condição fundamental para um presente e futuro com melhor qualidade de vida na região. As imagens fotográficas parecem conter não apenas sentidos, mas também os caminhos necessários para compreendê-los. Sob esse prisma, a comunicação amplia seu foco de significação à medida que faz uso de imagens como seu instrumento de visão de mundo. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: comunicação ambiental; memória visual; comunicação comunitária. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |