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F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 1. Administração Geral e Gestão Estratégica
ESPECIFICIDADES DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE
HENRIQUE CÉSAR MUZZIO DE PAIVA BARROSO 1 (hmuzzio@bol.com.br) e MARIA LIDUINA BRANDÃO 1
(1. FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ)
INTRODUÇÃO:
A competitividade de firmas tem sido relatada na literatura acadêmica organizacional como um grande desafio enfrentado pelos gestores. Tal característica possui duas correntes que atualmente representam predominância na explicação da origem desta vantagem competitiva. A escola do Posicionamento advoga que as firmas obtêm desempenho superior a partir de seu posicionamento em suas indústrias, com a criação de barreiras de entrada ou de saída. A outra escola é a Visão Baseada em Recursos, que defende que a vantagem competitiva origina-se dos recursos internos das firmas, que devem ser escassos e de difícil imitação. Para as empresas de pequeno porte (EPP) os desafios de alcance da competitividade são ampliados, haja vista suas deficiências largamente destacadas em escala de produção, restrição de acesso a recursos, gestão concentrada na figura do sócio-proprietário, dentre outros. A estratégia oferece aos dirigentes empresariais meios de alcançar a competitividade. O planejamento estratégico, ainda que possua limitações e receba críticas na academia, constitui uma ferramenta importante no diagnóstico organizacional, no entendimento de cenários e no delineamento de ações. Nesse sentido, esta pesquisa visa investigar as nuances da aplicação do planejamento estratégico em uma pequena empresa. Sua relevância dar-se no fato de saber como tal ferramenta é aplicada em uma EPP, e daí subsidiar pesquisadores para que estes possam desencadear novas propostas de gestão para tais empresas.
METODOLOGIA:
Utilizou-se pesquisa exploratória, que visa prover o pesquisador de maior conhecimento sobre o problema da pesquisa. Inicialmente foi realizado um levantamento de fontes secundárias através de pesquisa bibliográfica no intuito de embasamento teórico. A parte empírica da pesquisa foi utilizada a técnica de estudo de caso, que segundo Yin, em sua obra Estudo de Caso, este “é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. Consistindo em uma investigação sistemática sem atentar para fundamentações probabilísticas, os resultados aqui apresentados não permitem a generalização dos resultados, como é característica dos estudos de casos, mas pode permitir a formulação de hipóteses para o encaminhamento de outros estudos. Quanto ao método de coleta de dados, foi adotado a entrevista semi-estruturada, que levantou informação de como a dirigente da empresa comporta-se quanto a suas decisões estratégicas. A pesquisa de campo realizou-se na Rede Administradora Hoteleira (RAH), que é uma EPP com atuação em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, responsável pela gestão de duas unidades hoteleiras. Sua atividade principal consiste na prestação de serviço para Apart hotéis. A gestão da empresa fica a cargo de uma sócio-executiva, recém-formada em administração de empresas, mas com larga experiência gerencial e no setor hoteleiro.
RESULTADOS:
Dentre os resultados, a respondente afirmou que antes encontrou dificuldades na execução do planejamento, pois não tinha conhecimento teórico e sua deficiência limitava suas atitudes. Hoje ela acha que o mesmo é utilizado de forma satisfatória, ainda que às vezes o faça de forma mental. Quanto às razões que levariam ao baixo uso do planejamento nas EPP, cita o desconhecimento de seus reais benefícios por parte da maioria dos empresários. Para ela “em geral as EPP valorizam ações situadas no plano prático, ferramentas que utilizem muitas discussões para consenso, se mostra como enfadonha e de difícil implementação. Ainda assim, ela afirmou que utiliza em “alguns momentos” a técnica SWOT e que “as análises ambientais externas e internas fizeram com que fossem adotadas formas diferentes de lidar com o risco inerente à atividade hoteleira”. Na RAH prevalece a escolha pessoal da dirigente nas decisões estratégicas. Quanto às escolhas estratégicas, um dos meios de subsídio são as experiências vitoriosas, outro é a analise dos recursos internos e informações do cenário externo colhidas no trade turístico local. A mesma diz também que algumas de suas ações são executadas sem planejamentos, fruto de situações momentâneas. Ainda assim, seu recente reconhecimento da importância de decidir baseada em uma visão estratégica a levou a já dimensionar novas atitudes a serem executadas, como: implementação de novos processos, reestruturação do organograma e adoção de indicadores de desempenho.
CONCLUSÕES:
É importante para as EPP que as estratégias desenvolvidas venha a ter uma visão clara de coerência entre os objetivos traçados, em função do mercado, do produto e do crescimento organizacional. A estratégia constitui um meio adequado para que organizações alcancem vantagens competitivas. As EPP não podem desprezar tais circunstâncias, ainda que observem suas limitadas condições e realizem adaptações metodológicas. A investigação de como dirigentes destas organizações interpretam e agem em relação a este tema se faz pertinente para o melhor entendimento deste segmento empresarial. Embora sem poder generalizar, os resultados indicam características peculiares no universo da EPP, com ainda um alto índice de informalidade, descontinuidade de procedimentos e uso incipiente de técnicas gestão e forte dependência das ações em seu dirigente principal, o que não deve ser incentivado, pois interpretações individuais são carregadas de limitações cognitivas. Relata-se a mudança de postura da dirigente ao ter acesso ao conhecimento do tema, o que a levou a traçar novas atitudes e tomar decisões que visam ampliar competitividade da empresa. Cita-se que a aquisição deste conhecimento foi forte influenciador para que esta pudesse implantar o uso de técnicas, ainda que de forma não contínua. Isso indica a necessidade de ampliar a capacitação de pequenos empresários que levem tais empresas ao fortalecimento da competitividade e deve ser incentivado por dirigentes e agentes públicos.
Palavras-chave:  Planejamento Estratégico; Empresa de Pequeno Porte; Setor Hoteleiro.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005