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C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 6. Morfologia
ANÁLISE COMPARATIVA DA MORFOLOGIA EXTERNA DE OURIÇOS-DO-MAR EM AMBIENTES RECIFAIS DO LITORAL SUL DE PERNAMBUCO.
Danielli Cândida de Oliveira 1 (danielli_ufpe@yahoo.com.br), Rita de Cássia Xavier de Carvalho 2, Eugênia Cristina Nilsen Ribeiro Barza 3, George Chaves Jimenez 4, Cosme de Castro Júnior 4, Henrique Carlos Marinho Pereira da Silva 8, Ricardo Rafael dos Santos Ceia 5, Luiz Henrique Gama Dore de Araújo 6, Ana Maria França 7 e Fálba Bernadete Ramos dos Anjos 7
(1. Deptº de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; 2. Deptº de Ciências Fisiológicas, Universidade de Pernambuco - UPE; 3. Deptº de Direito Público Especializado, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; 4. Deptº de Morfologia e Fisiologia Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE; 5. Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra - Portugal; 6. Deptº de Estatística, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; 7. Deptº de Histologia e Embriologia, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; 8. Istituto Tecnológico de Pernambuco - ITEP)
INTRODUÇÃO:
Os ouriços-do-mar são animais de hábito séssil que se encontram associados aos recifes de coral, sendo considerados dentre os organismos bentônicos os mais importantes herbívoros destes ambientes. A alta densidade de ouriços regula a abundância, composição e tamanho das comunidades de algas e sua produtividade primária, como resultado da herbivoria. Os ouriços são considerados os maiores promotores de bioerosão em recifes, sendo este impacto dependente da densidade da população, tamanho médio, condições ambientais e comportamento. A espécie Echinometra lucunter caracteriza-se por ser herbívora raspadora, alimentando-se predominantemente de algas (98% do conteúdo estomacal). Comum em Pernambuco, Salvador, Abrolhos e Cabo Frio, Rio de Janeiro e São Paulo, habita terraços localizados pouco abaixo dos níveis de maré. A carapaça calcária confere a estes animais um aspecto ovóide característico. Alterações nas condições ambientais podem promover alterações na morfologia externa de organismos sendo esta descaracterização resultante de anomalias do desenvolvimento. Os animais podem adaptar-se a agentes estressores apresentando alterações funcionais e comportamentais correspondentes. Devido as suas características, os ouriços são indicadores das mudanças na dinâmica dos ambientes litorâneos. Este trabalho teve como objetivo analisar aspectos da morfologia externa dos ouriços, correlacionando-os com os ambientes recifais de quatro praias do litoral sul pernambucano.
METODOLOGIA:
Foram analisados 181 ouriços (Echinometra lucunter), associados aos recifes nas praias de Pedra do Xaréu (N=38), Maracaípe (N=34), Carneiros (N=48) e São José da Coroa Grande (N=61) expostos à maré baixa, no período de agosto a outubro de 2004. As técnicas de amostragem utilizada compreendia a line transect e quadrats com área amostral de 0,25m2 cada, conforme metodologia descrita por Kilpp (1999) e Pereira (2001). As medidas da maior espícula, do maior diâmetro e da altura da carapaça foram obtidas através de paquímetros. Posteriormente, os dados foram processados utilizando o programa Origin 7.5®.
RESULTADOS:
O diagrama de dispersão da relação entre o maior diâmetro da carapaça e a altura revelou uma correlação positiva entre estas variáveis apresentando os seguintes valores de correlação de Pearson (r): 0.97, 0.97, 0.95 e 0.95, para os organismos das praias de Maracaípe, Carneiros, São José da Coroa Grande e Pedra do Xaréu, respectivamente. Com relação ao diagrama de dispersão da relação entre o maior diâmetro da carapaça e a maior espícula verificou-se uma correlação positiva para todos os indivíduos das quatro praias estudadas, sendo os valores dos coeficientes de correlação de Pearson para os organismos da Praia dos Carneiros, São José da Coroa Grande, Pedra do Xaréu e Maracaípe, respectivamente: 0.81, 0.75, 0.59 e 0.58.
CONCLUSÕES:
Para os indivíduos coletados na praia de São José da Coroa Grande foram observadas diferenças na forma da carapaça, com uma parcela dos indivíduos caracterizando uma irregularidade e abaulamento, enquanto a outra parte mostrou-se com forma regular e achatada. Os organismos das praias de Carneiros e Maracaípe apresentaram um mesmo valor de coeficiente de correlação maior diâmetro x altura (r=0,97); no entanto, apesar das alterações na forma, os organismos da praia de São José revelaram um coeficiente de correlação positivo, com valor próximo ao dos indivíduos destas praias e igual ao da praia de Pedra de Xaréu (r=0,95). Em todos os espécimes foi observada uma correlação positiva entre as variáveis morfometricas: diâmetro da carapaça e maior espícula, contudo, houve uma maior correlação para os organismos das praias de Carneiros e São José da Coroa Grande, em relação aos indivíduos distribuídos nas praias de Maracaipe e Pedra do Xaréu, para os quais foi encontrado o mesmo valor de coeficiente de correlação. Estas variações observadas entre as populações podem estar associadas a aspectos comportamentais resultando em um maior desgaste das espículas, estruturas utilizadas tanto para a escavação quanto para a locomoção, atividades intensificadas, possivelmente por uma maior necessidade de proteção ou de recursos alimentares, como observado em espécies distribuídas em áreas impactadas.
Instituição de fomento: PROEXT/UFPE/UPE/UFRPE/IBAMA.
Palavras-chave:  Ouriços-do-mar; Ambientes recifais; morfologia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005