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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DO ENSINO MÉDIO EM VESTIBULARES DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS.
Franciele R. Furlan 1 (juquidqi@bol.com.br), Alessandra E. C. Silva 1, Juliana C. Cancino 1, Neide Maria M. Kiouranis 1 e Edson José Wartha 1
(1. Depto. de Química, Universidade Estadual de Maringá - UEM)
INTRODUÇÃO:
O vestibular, embora criado no início do século XX, somente a partir de 1950, com o aumento do número de faculdades e da demanda por cursos superiores, passa a influir, de modo incisivo e negativo, imprimindo lamentavelmente, novas feições aos materiais de ensino utilizados e na prática docente.
Pacheco et al.(1995) já afirmava que uma forma de ensino voltada quase que exclusivamente para a retenção do aluno, expressa a concepção de ensino-aprendizagem correspondente ao modelo transmissão-recepção, determinando um ensino de caráter livresco, alienado, com ênfase na memorização mecânica, com total omissão em relação à epistemologia do conhecimento.
A educação básica segundo o artigo 22 da LDBEN 94/96 e PCNEM (1999), tem por finalidade, “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.
Este trabalho teve como objetivo realizar uma caracterização das questões de química tanto em sua distribuição de tópicos quanto em seu grau de dificuldades bem como as habilidades e competências exigidos.
METODOLOGIA:
Foram analisadas as questões de química das provas de vestibulares da Universidade Estadual de Maringá, Universidade de Campinas, Universidade Federal do Paraná e Universidade Federal de Minas Gerais do ano de 2004, verificando quais destes vestibulares exigem as competências e habilidades sugeridos pelos PCNEM.
A análise das provas foi realizada dividindo-as nas diferentes áreas de conhecimentos: Química Orgânica, Química Inorgânica, Físico-química, Química Analítica. Considerando as habilidades e competências propostas pelos PCNEM, tais como:
a) representação e comunicação (RC); b) investigação e compreensão (IC) e c) contextualização sócio-cultural (CS), onde cada um apresenta características próprias.
No item representação e comunicação (RC) foi dado ênfase ao desenvolvimento da capacidade de comunicação, onde é analisada as habilidades do aluno de ler e interpretar textos de interesse científico e tecnológico. Em investigação e compreensão (IC) foi considerado o desenvolvimento da capacidade de questionar processos naturais e tecnológicos, interpretações e prever resultados. Na contextualização sócio-cultural (CS) visa compreender e utilizar a ciência, como elemento de interpretação e intervenção, percebendo seu papel na vida humana em diferentes épocas a na capacidade humana de transformar o meio.
Como não foi possível enquadrar todas as questões dentro das propostas dos PCNEM(2002), estabeleceu-se a categoria memorização, avaliando o condicionamento adquirido.
RESULTADOS:
Na classificação dos diferentes conhecimentos, Físico-Química (FQ), Química Inorgânica (QI), Química Orgânica (QO) e Química Analítica (QA), as provas apresentaram boa diversidade entre os conhecimentos, proporcionando ao aluno uma prova com conhecimentos gerais dessa áreas dos conhecimentos químicos.
As provas da Unicamp e UFMG apresentaram maior número de questões que englobam a química inorgânica, cerca de 35%, relacionadas com processos de oxidação-redução, conceitos de ácidos e bases e sais e questões interdisciplinares.
As provas da UEM e UFPR apresentaram 40% dos conteúdos voltados para a físico-química, tendo como principais temas: equilíbrio químico, cinética química, energia de reação e propriedades coligativas.
Em um segundo momento, cada área do conhecimento foi analisada de acordo com as categorias preconizadas pelo PCNEM. Assim, temas importantes para a sociedade atual, cujo conhecimento é exigido na formação da cidadania puderam ser analisadas. As provas da UNICAMP e UFMG indicam a concepção de ensino voltada para a compreensão da química, utilizando várias formas de interpretação que possibilita ao aluno as diversas formas de habilidades e competências já citados.
Apesar da diversidade de competências e habilidades que a prova da UEM e UFPR proporcionam, as questões em sua maioria foram restritas à memorização de conteúdos, necessitando a evocação da memória e informações factuais ou de conceitos, o que pode ter criado algumas dificuldades para os alunos.
CONCLUSÕES:
Tendo como material de análise as provas de química destas instituições de ensino, pode-se observar que as provas se mostraram diferentes quanto a sua elaboração. A UEM e UFPR adotam os princípios voltados para a lógica dos livros didáticos do ensino médio, apresentam questões bem elaboradas, mas são notórios a falta de aspectos sociais, econômicos e culturais. Já a UNICAMP e UFMG utilizam seus recursos expressivos e figurativos, fazem referência à vida social e produtiva, apresentando problemáticas num contexto mais significativo.
Palavras-chave:  Habilidades e Competências; Vestibular; Universidade pública.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005