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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
“MANGUEZAIS DA ILHA DE SANTA CATARINA – SC”. 4ª ETAPA. MAPEAMENTO DO EMBASAMENTO DO MANGUEZAL DO RIO TAVARES APOIADO EM SONDAGENS DE ENGENHARIA
Rafael Martins da Silva 1 (f6rms@udesc.br) e Lúcia Ayala 2
(1. Depto. de Geografia, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC; 2. Prof. Dr. Depto. de Geografia, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC)
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho faz parte de um projeto maior que o Laboratório de Geologia da UDESC vêm desenvolvendo, e que visa estudar, sob o ponto de vista da geografia física, os manguezais da cidade de Florianópolis, SC. Nesta etapa, como o título o indica, o trabalho busca estabelecer a profundidade na qual se encontra o embasamento do manguezal do Rio Tavares, fundamentada em sondagens à percussão realizadas por empresas de engenharia que tenham trabalhado na área em estudo. Fazer o mapeamento das sondagens, além da construção e interpretação de seções estratigráficas, visando instrumentalizar o gerenciamento e planejamento do ecossistema, consiste no objetivo principal deste trabalho. A área de estudo localiza-se na porção centro-oeste da Ilha de Santa Catarina, entre as coordenadas geográficas 27º37’34”e 27º43’05” de latitude Sul e 48º20’30” e 48º30’23” de longitude Oeste, ao sul do centro urbano de Florianópolis, estado de Santa Catarina. Abrangendo uma área aproximada a 8,22 Km², se constitui no maior manguezal do município. Esta pesquisa considerou não apenas a área atual do manguezal, com seus atuais limites, mas utilizou também alguns dados de sondagens realizadas em seu entorno, em áreas que hoje não exibem mais esse ecossistema.
METODOLOGIA:
O desenvolvimento do trabalho exigiu uma capacitação teórica inicial, uma capacitação nos programas de computador mais adequados a cada etapa, um treinamento no manuseio dos Sistemas de Informação Geográficas (SIG) do Laboratório de Geoprocessamento da UDESC e, na seqüência, uma pesquisa de campo e um extenso trabalho de coleta de dados. Em laboratório esses dados foram transformados em perfis e seções estratigráficas, e, finalmente, num trabalho de interpretação geológica do espesso pacote sedimentar da bacia do manguezal do Rio Tavares. O produto cartográfico final foi obtido a partir dos métodos tradicionais e dos novos programas da cartografia digital. No Laboratório, foi utilizada uma base cartográfica na escala 1:10.000 da Ilha de Santa Catarina, já disponibilizada em meio digital; da mesma forma utilizou-se fotografias aéreas do ano 2000 em escala 1:8.000, já georreferenciadas e georretificadas, todas em meio digital. Para a obtenção dos dados de sondagens, foram consultados os órgãos públicos e privados responsáveis pelos diferentes tipos de construção existentes na área. A linha norteadora da pesquisa baseou-se pois em um trabalho de levantamento de dados de sondagem de engenharia, dados esses que, em laboratório, foram tabulados e interpretados fornecendo informações que serviram de base para a montagem do mosaico de resultados visando estabelecer as seções estratigráficas e sua interpretação.
RESULTADOS:
Foi obtido um total de 39 furos de sondagem em toda a área da bacia do rio Tavares . A intenção inicial do projeto era também produzir um mapa de isópacas, entretanto, os furos de sondagens, apesar de existirem em grande quantidade, estão distribuídos de forma concentrada em algumas áreas, e, em cada área, realmente colocados em linha, situação que, apesar de favorecer a confecção das seções estratigráficas e a interpretação da dinâmica ambiental, dificulta a interpretação espacial do paleorelevo, impedindo um correto desenvolvimento das isolinhas. Desta maneira apresentou-se o mapeamento do embasamento do manguezal e as seções estratigráficas resultantes. Quais sejam: Seção Estratigráfica Via Expressa Sul, Seção Estratigráfica Ressacada e Seção Estratigráfica Terminal de Integração do Rio Tavares. O estudo feito deu notícia de paleolinhas de praia, de paleodinâmicas ambientais, assim como de um espesso pacote sedimentar sobre o embasamento rígido de parte da bacia estudada, evidenciando um avanço lento e gradual que o manguezal vêm fazendo sobre a plataforma continental.
CONCLUSÕES:
As 3 seções estratigráficas construídas contam a história da deposição sedimentar nessa região. A seqüência sedimentar exposta na seção Via Expressa sul indica uma alternância entre um ambiente de planície de maré, calmo e fortemente redutor, com um outro ambiente, de maior dinâmica, onde dominam as areias marinhas e onde a concentração orgânica é menor. Isto parece indicar uma oscilação do nível do mar que, avançando, afogou a costa e transformou essa área de planície de maré em bacia de água mais profunda, vindo a cobrir aqueles sedimentos carbonosos com um pacote de areia marinha de plataforma rasa, e em seguida, recuando, devolveu à área o ambiente de planície de maré, permitindo que o manguezal voltasse a crescer. Nesta área foram encontrados os pontos de maior profundidade do embasamento registrados na Bacia, parecendo indicar a ocorrência aí de um paleovale inciso na topografia pretérita. É interessante ressaltar que a área do Estádio da Ressacada e aquela do Terminal de Integração do Rio Tavares não apresentam o ecossistema de manguezal em superfície hoje, entretanto em subsuperfície o ambiente de dominância carbonosa aparece bem representado. A pesquisa realizada indica que o mar já adentrou nesta porção continental mais de uma vez, comprovando também a inconstância dos processos deposicionais neste ambiente.
Instituição de fomento: PROBIC/UDESC
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Manguezal; Seção Estratigráfica; Rio Tavares.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005