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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 2. Farmacologia Clínica
OS ANTIMICROBIANOS COMO AGENTES CAUSADORES DE REAÇÕES ADVERSAS.
Amanda Vansan Marangon 1 (amanda_vansan@hotmail.com), Cristiane Emi Sugiura 1, Flávia Machry Sanches 2, Késia Gemima Palma Rigo 1, Aline Buriola 2, Michelle Caroline Estevan 2, Clara Mendes Baptista 1, Ivanir Couto Souza 3 e Paula Nishiyama 4
(1. Curso de Farmácia da Universidade Estadual de Maringá - UEM, Maringá/PR; 2. Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá - UEM, Maringá/PR; 3. Hospital Universitário Regional de Maringá - HUM, Maringá/PR; 4. Depto.de Análises Clínicas da Universidade Estadual de Maringá - UEM, Maringá/PR)
INTRODUÇÃO:
As reações adversas a medicamentos (RAMs), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são reações indesejáveis e não intencionais que podem ocorrer quando da administração de um medicamento em doses normalmente utilizadas para prevenir, diagnosticar ou tratar uma enfermidade. Essas reações são causas de admissão e/ou aumento do tempo de permanência hospitalar constituindo um problema importante na prática do profissional da área da saúde. Entre os medicamentos mais consumidos no meio hospitalar, estão os antimicrobianos que são substâncias que impedem o crescimento de microorganismos podendo eventualmente destruí-los. Diferem acentuadamente em suas propriedades físicas, químicas e farmacológicas, no espectro bacteriano e nos mecanismos de ação. Embora sejam de excepcional valor na terapêutica, eles se destacam entre as classes medicamentosas que mais causam (RAMs). O presente trabalho tem como objetivo relatar os casos de eventos adversos relacionados a medicamentos ocorridos no período de janeiro a dezembro de 2004 no Hospital Universitário Regional de Maringá, e identificar as suspeitas de reações adversas causadas pelos antimicrobianos.
METODOLOGIA:
As atividades de Farmacovigilância do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) são desenvolvidas por uma equipe composta por profissionais de saúde e estagiários que, desde junho de 2003 realizam reuniões periódicas para avaliar os eventos adversos relacionados aos medicamentos, estabelecer e padronizar as ações a serem realizadas. Para facilitar o desenvolvimento das ações no HUM, foram elaborados dois formulários: o primeiro, simplificado, disponibilizado em todos os setores do hospital contendo as informações básicas (nome, medicamento setor e data), e um segundo, para a investigação dos casos. Após o recebimento dos comunicados em formulário simplificado, os casos são investigados através de análise do prontuário e/ou entrevista com o paciente e familiares, pesquisa bibliográfica e consulta ao Serviço de Informação de Medicamentos (SIM). Após a obtenção dos dados, os casos são discutidos e avaliados para identificar as suspeitas de reações adversas a medicamentos (RAMs). É necessário diferenciar a suspeita de RAM de um erro de administração, problema de qualidade do medicamento, ou qualquer outro fato que possa ter influenciado para os sinais e sintomas apresentados. O algoritmo de Naranjo também foi utilizado para maior segurança no estabelecimento da relação causal.
RESULTADOS:
No ano de 2004 foram registrados 77 casos de eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos Estes casos foram investigados e posteriormente discutidos e avaliados pela Comissão de Farmacovigilância do HUM. Dos 77 casos de eventos adversos, 48 casos (62,3%) foram classificados como RAM. Destes, 19 casos (39,6%) estavam relacionados ao uso de antimicrobianos. Em 4 casos a utilização destes medicamentos foi responsável pela admissão hospitalar de seus usuários e em 6 casos as conseqüências de sua utilização resultaram no prolongamento da internação de pacientes. As reações de maior ocorrência foram afecções de pele (60,4% dos casos) e os antimicrobianos mais freqüentes foram aqueles indicados como bactericidas (73,7%). Ceftriaxona, cefalotina, amicacina e sulfametoxazol foram os antimicrobianos que ocasionaram maior casos de suspeita de RAM. As faixas etárias mais acometidas foram de 30-39anos (16,6%) e 50-59 anos (16,6%) e os homens (58,3%) foram as principais vítimas. Quanto ao resultado da aplicação do Algoritmo de Naranjo, este evidenciou em 52,1% dos casos, uma possível relação de causalidade. As suspeitas de RAM ocorreram principalmente no setor de Clínica Médica (31%) e essas notificações foram provenientes de busca ativa nos setores (48%).
CONCLUSÕES:
O potencial dos antimicrobianos em causar RAMs é elevado principalmente devido a sua ampla utilização pelos profissionais da saúde e também pela população. Em 21,0% dos casos a utilização domiciliar destes medicamentos foi responsável pela admissão no serviço de saúde, porém, é inquietante o fato de 79,0% dos casos ocorrerem em ambiente hospitalar, prolongando muitas vezes o tempo de internamento dessas pessoas, aumentando os custos de tratamento e trazendo transtornos para o paciente. Isso indica a necessidade da utilização racional de medicamentos, atenção com o paciente no sentido de identificar reações adversas prévias, observar o aparecimento de eventos adversos e a prática dos profissionais de saúde em notificá-los aos órgãos competentes.
Instituição de fomento: Projeto Hospitais Sentinela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA
Palavras-chave:  eventos adversos; farmacovigilância; antimicrobianos.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005