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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
VIVER COM HIPERTENSÃO ARTERIAL: MODO ADAPTATIVO FISIOLÓGICO E NECESSIDADE DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE
LUCIANA ALVES DA ROCHA 1 (cianinharocha@bol.com.br), LUCIA DE FATIMA DA SILVA 1 e TICIANE FERNANDES MAIA 1
(1. Depto. de Enfermagem, Univesidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
A hipertensão arterial é uma doença caracterizada como entidade mórbida para a saúde e de elevada relevância epidemiológica no mundo e no Brasil. A referida doença associa sinais/sintomas e incapacidades que requerem controle constante e prolongado. Quando não tratada adequadamente, acarreta danos ao organismo. É importante que os profissionais de saúde voltem sua atenção para tal clientela, procurando compreender o processo adaptativo dessas pessoas à doença, já que a cronicidade e as dificuldades inerentes ao adoecimento, exigem mudanças no seu estilo e qualidade de vida. Por isso, torna-se imprescindível que os profissionais de saúde ajudem as pessoas hipertensas a se adaptarem à doença e, assim alcançarem o bem-estar. Para atingir a meta, ações de educação em saúde são de grande valia para ajudar essas pessoas a enfrentar, satisfatoriamente, a condição de serem hipertensos. Tal educação não deve se basear somente na transmissão de conhecimentos sobre a doença e o tratamento, isso é, deve ir além, enfocando vários aspectos, inclusive os comportamentais e, principalmente, deve levar em conta os saberes, os desejos e as escolhas dos hipertensos, considerando-os como sujeitos de ações educativas. Considerando a importância da educação em saúde como uma das instâncias de prática da enfermeira, este estudo objetivou analisar a contribuição de um grupo de auto-ajuda, com base na educação em saúde, para o processo de adaptação das pessoas hipertensas à condição de hipertenso.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa de campo, com vistas a descrever e explicar, qualitativamente, a contribuição do processo educativo em saúde para pessoas portadoras de hipertensão arterial. O estudo fundamentou-se no modo adaptativo à necssidade fisiológica conforme Callista Roy. O trabalho foi realizado na área de uma equipe do Programa de Saúde da Família, no Ceará. Há 106 hipertensos cadastrados e, desses foi formado um grupo com o objetivo de trabalhar a educação em saúde como estratégia para adaptação às mudanças necessárias à pessoa hipertensa. A amostra estudada contituiu-se de um grupo formado por 10 mulheres hipertensas entre 40 e 65 anos. Decidiu-se optar por um grupo apenas de mulheres porque elas se apresentaram como maioria entre os hipertensos cadastrados. Os dados foram organizados em categorias temáticas, que se originaram da leitura e interpretação dos dicursos, obtidos nas entrevistas com as participantes, possibilitadores de identificação de temas relacionados aos problemas de adaptação. Para tanto, nos guiamos pela tipologia de problemas comuns de adaptação citados pela teórica Roy e que se apresenta como uma das formas de diagnóstico segundo a mesma. A interpreteção dos dados fundamentou-se no que foi coletado e comparado com a literatuta vigente. É preciso referir que nesta pesquisa foram respeitados os preceitos éticos e legais a serem seguidos nas investigações envolvendo seres humamos, conforme preconiza a Resolução 196-1996, do Conselho Nacional de Saúde.
RESULTADOS:
A idade das 10 hipertensas variou de 40 a 65 anos. Seis mulheres tinham entre 40 e 54 anos, faixa em que é maior a prevalência de hipertensão na porção masculina; e quatro delas pertenciam à faixa de 61 a 65 anos, idade na qual aumenta a prevalência feminina. Todas faziam parte da classe social menos favorecida, com poder aquisitivo baixo, isto é, entre 1 e 2 salários mínimos. O nível de escolaridade também era baixo. Ao analisar os relatos, na maioria das participantes o diagnóstico clínico de hipertensão se verifica após a menopausa. Neste estudo, identificou-se alguns problemas de adaptação: troca gasosa inadequada, ingesta inadequada de líquidos, privação de sono, alimentação inadequada, inadequada atividade física e de sono e repouso e nível de conscientização diminuído. Observou-se não haver adesão quanto à mudança da vida sedentária. Com relação às eliminações urinárias, houve queixas quanto à redução do volume e freqüência. As reclamações das alterações intestinais relacionavam-se com a irregularidade na freqüência. Portanto, através dos relatos, obteve-se que as participantes demonstraram pouca aderência no que diz respeito a dieta, uso de tabaco, prática de atividades físicas, uso regular de medicações recomendadas e dificuldade na aceitação de ser hipertensa.
CONCLUSÕES:
Este estudo reforça a necessidade de promoção da saúde às pessoas hipertensas, no intuito de ajudá-las a se adaptarem, não somente à doença e ao mundo já constituído, mas sim a elas próprias. Percebeu-se que as orientações dadas muitas vezes não são assimiladas e precisam ser trabalhadas para que o receptor atinja o objetivo da orientação. O modelo de Roy, quando aplicado no grupo, contribuiu para se conhecer o comportamento das participantes com relação ao modo adaptativo fisiológico e identificar os problemas de adaptação comumente recorrentes nas situações de saúde e doença como a hipertensão arterial. As mulheres, no geral, apresentavam respostas ineficientes e não mantinham as metas capazes de promover a integridade da pessoa. Com a pesquisa, foi possível perceber que o profissional de saúde, neste caso, a enfermeira, deve ser uma educadora transformadora, emancipadora e libertadora, cujo objetivo é a mudança de comportamento dos pacientes, a fim de obterem melhor condição de saúde. Percebeu-se a importância de se trabalhar em grupo. Espera-se adotar prática de educação em saúde em grupo e que seja um incentivo para os profissionais de saúde. Para isso, deverá ser usado referencial teórico apto a propiciar a reflexão e a crítica da realidade. Desse modo, as pessoas poderão participar da construção de sua adaptação ao novo estilo de vida.
Palavras-chave:  Hipertensão arterial; Enfermagem; Adaptação.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005