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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática

ALIMENTAÇÃO DE Tilapia rendalli (OSTEICHTYES - CICHLIDAE) EM AMBIENTE NATURAL: RESERVATÓRIO DE CAPIVARI, PARANÁ, BRASIL.

Maurício Gustavo Coelho Emerenciano 2 (mauricioemerenciano@hotmail.com), Milza Celi Fedatto Abelha 1 e Erivelto Goulart 1

(1. Depto. de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Maringá - UEM; 2. Depto. de Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá - UEM)

INTRODUÇÃO: Desde sua introdução em território nacional, Tilapia rendalli estabeleceu-se como importante componente da piscicultura brasileira e, simultaneamente, disseminou-se de forma extensiva pelos ecossistemas aquáticos, incluindo-se aqueles oriundos de barramentos hidrelétricos. Levantamentos realizados em 31 reservatórios pertencentes aos Estados do Paraná e São Paulo, abrangendo as bacias do rio Iguaçu, do Leste e do alto rio Paraná, registraram a presença de T. rendalli em todas estas, ocorrendo em maior abundância numérica na bacia do Leste. Entre outros fatores, o conhecimento da dieta e sua possível variação espaço-temporal são relevantes na compreensão dos mecanismos envolvidos no sucesso de espécies exóticas na colonização de novos ambientes. Desta forma, este trabalho visou caracterizar o hábito alimentar e avaliar possíveis variações espaço temporais na dieta de T. rendalli no reservatório de Capivari, Paraná.

METODOLOGIA: Foram realizadas amostragens trimestrais durante os anos de 1998 e 2002, em três locais, abrangendo as regiões fluvial, intermediária e lacustre do reservatório de Capivari, localizado na bacia do Leste, Estado do Paraná. Utilizou-se redes de espera de diferentes malhagens (2,4 a 14,0 cm entre-nós opostos), expostas por 24 horas, com despescas no período da manhã, tarde e noite. Os estômagos foram analisados de acordo com o método volumétrico no qual o percentual do volume (%V) de cada item é estimado em relação ao volume total dos conteúdos estomacais. Possíveis variações na dieta foram investigadas mediante a sumarização da matriz de dados dos estômagos analisados através de análise de correspondência com remoção do efeito do arco (DCA), sendo ordenados os anos de amostragem, as estações do ano e os locais de amostragem. Para a verificação de diferenças entre as médias dos escores dos eixos das DCA, empregou-se a análise de variância unifatorial (ANOVA) de modelos nulos. Diferenças significativas implicaram em α <0,05 após 5.000 aleatorizações. Nas análises estatísticas os recursos alimentares foram agrupados em quatro categorias taxonômicas amplas denominadas de detrito/sedimento, vegetais, invertebrados e algas. RESULTADOS

RESULTADOS: A análise de 139 conteúdos gástricos caracterizou um padrão geral de dieta composto por detrito/sedimento (%V=63,49), vegetais (%V=31,68), algas (%V=2,89) e invertebrados (%V=1,93). O espectro alimentar se estendeu a: detritos, composto por pequenos fragmentos vegetais (animais foram esporádicos) em processo de decomposição associados a porções variáveis de sedimento; frutos, sementes, folhas, caules e raízes de vegetais; insetos aquáticos, representados por larvas de quironomídeos, tricópteros e náiades de efemerópteros; insetos terrestres como coleópteros, dípteros, himenópteros, homópteros, isópteros, tisanópteros e tricópteros; invertebrados aquáticos compostos por aracnídeos, briozoários, copépodos, cladóceros e ostracódos; testáceos; algas bacilariofíceas, cianofíceas e clorofíceas; restos de peixe. Na ordenação dos estômagos em relação aos recursos alimentares consumidos, foram retidos os eixos 1 (autovalor=0,56) e 2 (autovalor=0,11) da DCA. O maior escore do eixo 1 caracterizou sua importância no processo de ordenação. A aplicação da ANOVA sobre os escores do eixo 1 da DCA revelou diferença significativa na composição da dieta entre as estações do ano ano [IO=3,87; p(O≥E)=0,01], particularmente no verão, quando o consumo de detrito/sedimento e vegetais foi equitativo (%V=46,06 e 47,88, respectivamente). Entretanto, não foram encontradas diferenças entre os anos amostrados [IO<0,001; p(O≥E)=0,99] e as regiões do reservatório [IO=0,28; p(O≥E)=0,76].

CONCLUSÕES: Os resultados sugeriram que: (i) T. rendalli apresentou hábito alimentar detritívoro, com tendência a herbivoria (principalmente no verão), devido à prevalência no consumo de detrito/sedimento e vegetais; (ii) a constância de detrito/sedimento e vegetais como itens principais da dieta foi consistente com a ampla disponibilidade destes recursos neste ambiente, onde a mata-ciliar (que inclui fragmentos remanescentes de Floresta Atlântica) encontra-se em razoável estado se conservação, sendo passível de utilização direta, na forma de frutos e estruturas vegetativas, ou indiretamente como fonte de detritos; (iii) a dieta não é fator restritivo ao crescimento populacional de T. rendalli no reservatório de Capivari devido ao seu forrageamento sobre recursos alimentares abundantes.

Instituição de fomento: COPEL, CAPES(PG), DBI/NUPELIA-UEM

Palavras-chave:  Tilapia rendalli; reservatório; dieta.

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005