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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática | ||
AS ATITUDES EM RELÇÃO À MATEMÁTICA DE PROFESSORANDOS DAS SÉRIE INICIAIS | ||
Patrícia De Campos Corrêa Trindade 1 (patidct@hotmail.com) | ||
(1. Núcleo Pedagógico De Apoio ao Desenvolvimento Científico, Universidade Federal do Pará - UFPA) | ||
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento de atitudes positivas em relação à matemática de professores em formação inicial nos parece ser um importante elemento favorecedor da desalienação (SILVA, 2000), da igualdade de oportunidades, da democracia e da justiça social (FREIRE, 1996). Acreditamos que as atitudes positivas em relação à matemática selecionam aqueles que vão permanecer na escola, que vão adquirir maior quantidade de conhecimento científico e maior oportunidade de acesso a melhores empregos e salários. Em concordância com nosso pensar, encontramos Jr, Shrigley e Hanonb (1991). A nossa preocupação com o tema da presente pesquisa emana do fato de que professores que apresentam atitudes negativas em relação à matemática, negligenciam seu ensino, dando pouca prioridade ao desenvolvimento do pensamento matemático. A utilização da escala de atitudes em relação à matemática (BRITO, 1998) permite a identificação das atitudes apresentadas pelos professorandos, de maneira que, estes, cientes de suas atitudes, procurem meios de modificá-las. Partindo da afirmação de que crianças são influenciadas por seus professores por tenderem a enxergá-los como modelos (positivos/negativos) a serem copiados e, considerando os três elementos constituintes das atitudes sociais - cognitivo, afetivo e comportamental (RODRIGUES, 1999), perguntamos: Quais os fatores que concorrem para a manifestação das atitudes em relação à matemática apresentadas por professores das séries iniciais do Ensino Fundamental? |
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METODOLOGIA:
Neste sentido, estabelecemos como objetivo geral: conhecer os fatores que concorrem para a manifestação das atitudes apresentadas pelos futuros professores. E, estabelecemos como objetivos específicos: (a) categorizar as atitudes dos professorandos, para com a disciplina matemática, desde a Educação Básica; (b) identificar as causas sociais que concorrem para a identificação ou rejeição para com a disciplina matemática; (c) verificar se as atitudes de identificação ou rejeição da disciplina matemática interferem na opção pelo curso de formação de professores. O presente estudo foi realizado em uma universidade pública, localizada em Belém-Pará. A opção se deu em razão de esta ser a única a oferecer o curso de formação de professores, que prepara o profissional para atuar na Educação Infantil e no Ensino Fundamental de 1a a 4a série. Os sujeitos foram 96 alunos do curso de formação de professores (47 do 1o semestre e 49 do último). A escolha se deu por inferirmos que os discentes iniciantes têm atitudes e concebem a matemática de forma diferente em virtude de suas experiências anteriores e por inferirmos que o curso poderia estar promovendo uma mudança de atitudes nos seus alunos. Os instrumento utilizados foram uma escala do tipo likert revisada por Brito (1996) a 96 alunos e, um questionário a 38 sujeitos (19 que apresentaram atitudes mais positivas e 19 que apresentaram atitudes mais negativas) de acordo com a pontuação alcançada na contagem da somatória da escala. |
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RESULTADOS:
O resultado da análise constatou que 52% dos professorandos têm atitudes mais positivas em relação à matemática e, que 63% detêm a concepção mecanicista da matemática. Apenas 10% dos alunos com atitudes mais negativas indicaram desempenho ótimo ou bom nos cursos anteriores ao universitário, o que nos leva a inferência de que o desempenho é determinante para as atitudes e, recorrentemente influencia nas futuras gerações de alunos. 73% dos alunos com as atitudes mais negativas afirmaram desistir de imediato ao se deparar com dificuldades em matemática e, 79% deles indicaram razão positiva pela opção de cursar formação de professores. Além disso, 44% deles afirmaram não desejar lecionar matemática.Contudo, dependendo da forma de organização escolar, eles serão forçados a lecionar a disciplina, o que nos preocupa pelo fato de o sujeito fazer algo que não tem prazer. Também são preocupantes as justificativas dadas como: não gosto; não tenho base; não estou preparada para isso; não tenho capacidade; se não consegui aprender, como vou ensinar? Isso exige um conhecimento profundo e esse não é o meu propósito.Essas justificativas coadunam com Gonçales (1996) que obteve, em sua pesquisa, a revelação de que os universitários de pedagogia tinham pouco conhecimento de conceitos básicos de matemática. Assim, alunos aprendem a ter aversão à matemática e, ao formarem-se professores voltarão para a Educação Básica, só que desta vez para influenciar crianças a terem também aversão. |
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CONCLUSÕES:
Nesta pesquisa, objetivamos desvelar a ocorrência de atitudes em relação à matemática apresentadas por professorandos. A análise dos dados revelou que 48% dos sujeitos têm atitudes mais negativas em relação à matemática, sendo elevado o coeficiente de confiabilidade (alfa = 0,9544). Em síntese, os fatores que concorrem para as manifestações das atitudes em relação à matemática apresentadas por professorandos identificados nesse estudo foram: a concepção a respeito da matemática, o desempenho em matemática nos cursos anteriores ao de formação de professores, a atitude frente às dificuldades em matemática, as razões pela opção de cursar formação de professores. Diante do exposto, sugerimos à universidade desenvolver programa de verificação de atitudes de ingressos e, ao longo do curso promover a mudança naqueles que apresentarem atitudes mais negativas em relação à matemática. Percebemos a importância e a necessidade de docentes serem estimulados a prosseguirem seus estudos com fins de preencherem lacunas existentes. Assim, ampliam-se as chances de auto-ruptura com as atitudes negativas. O exercício da pesquisa permitirá a transposição de dificuldades e desenvolvimento profissional. Acreditamos que docentes sentindo-se seguros e satisfeitos cumprirão seu dever com entusiasmo, comprometimento e zelo. Nesse sentido, aumentarão as possibilidades de professores influenciarem alunos a desenvolver atitudes positivas em relação à matemática. |
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Instituição de fomento: Universidade Federal do Pará | ||
Palavras-chave: Atitude; Matemática; Formção Docente. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |