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A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 1. Oceanografia Biológica | ||
CONTAMINAÇÃO POR Cu, Zn E Cd EM BIVALVES NOS ESTUÁRIOS DE FORTALEZA | ||
Danielle Vieira Lopes 1 (lopesdv@yahoo.com.br), Maria Gardenny Ribeiro Pimenta 1, Janaína Andrade dos Santos 1, Francisca Gleire Rodrigues de Menezes 1, Helena Matthews Cascon 1, Rozane Valente Marins 1 e Luiz Drude de Lacerda 1 | ||
(1. Instituto de Ciências do Mar/LABOMAR-UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
As espécies que acumulam metais-traço em seus tecidos são denominadas biomonitores apontando a fração biodisponível do contaminante capaz de provocar uma reação ecotoxicológica direta (Osuna et al.; 2002). Estes animais são sedentários, fáceis de identificar, abundantes e tolerantes às mudanças dos parâmetros fisico-químicos (Rainbow, 1995). A absorção na base das cadeias alimentares é o mais importante controle na quantidade destes metais que atingem os níveis tróficos superiores (Vaisman, 2003). A incorporação é influenciada por parâmetros ambientais (salinidade, pH, Eh) que podem afetar tanto a biodisponibilidade dos metais, quanto o próprio metabolismo dos organismos em questão. Os moluscos bivalves são usados em muitos programas de monitoramento de poluição em corpos d’água, conhecidos como “Mussel Watch Programs” (Claisse et al., 2001). A diferença entre a utilização de um bioindicador e de compartimentos abióticos do mesmo local consiste em que o primeiro apresenta as concentrações efetivamente biodisponíveis, isto é a fração potencialmente tóxica e ecotoxicologicamente relevante, enquanto as concentrações nos compartimentos abióticos não estão na sua totalidade disponíveis para incorporação pela biota. Este trabalho tem o objetivo de testar diferentes espécies de moluscos bivalves como bioindicadores e determinar os níveis de cobre, zinco e cádmio nos animais que ocorrem nos estuários dos rios Ceará, Pacoti e Cocó e em seus respectivos substratos. |
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METODOLOGIA:
As amostras de bivalves (Crassostrea rhizophorae /ostra, Mytella guyanensis /sururu,Anomalocardia brasiliana / vôngole, Iphigenia brasiliensis /taioba) e sedimentos foram coletadas nos estuários dos rios Cocó, Pacoti e Ceará, acondicionadas em sacos plásticos e conduzidas ao laboratório. Foram realizadas duas amostragens nos primeiros semestres de 2003 e 2004. Houve restrição na ocorrência das espécies nos estuários analisados em 2004, devido ao alto índice pluviométrico que alterou a distribuição dos organismos nos locais de coleta. Os animais foram digeridos segundo metodologia utilizada por Vaisman (2003) e as amostras de sedimento segundo Gonçalves (1993). Posteriormente, as amostras digeridas foram submetidas à análise de Cu, Cd e Zn, através de espectrofotometria de absorção atômica de chama. Nas amostras coletadas em 2003 foram realizadas análise de Cu e Cd nos bivalves. No ano seguinte, foram realizadas análise de Cu e Zn na biota e sedimento. A mudança de Cd para Zn justifica-se pelo fato dos inventários de emissão mostrarem que os metais emitidos de forma significativa nessa região são Cu e Zn (Aguiar, 2002). |
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RESULTADOS:
No Rio Ceará, as ostras apresentaram concentrações de Cu variando de 25,9 a 121,3 µg/g, 0,4 µg/g para Cd e 5,2 µg/g para Zn. Nos vôngoles a concentração de Cu foi de 9,3 µg/g e 0,3 µg/g de Cd . No Rio Cocó, as ostras apresentaram concentração de Cu variando de 66,2 a 47,6 µg/g, 0,33 µg/g para Cd e 4491,2 µg/g para Zn. No sururu a concentração de Cu variou de 9,2 a 12,5 µg/g, 0,1 µg/g para Cd e 31,3 µg/g para Zn. A taioba apresentou 7,4 µg/g de Cu, a concentração de Cd ficou abaixo do limite de detecção. No Rio Pacoti , as ostras apresentaram 40,2 µg/g de Cu e 0,75 µg/g para Cd. Nos vôngoles obteve-se valores de 7,8 a 8,1 µg/g de Cu, 0,42 µg/g de Cd e 108,23 µg/g de Zn. Os sururus apresentaram 6,1 µg/g de Cu e 0,07 µg/g Cd. No Rio Ceará as concentrações de metais no sedimento foram de 3,6 µg/g de Cu e 9,6 µg/g de Zn. No sedimento do Rio Cocó foram detectadas concentrações de 6 µg/g de Cu e 14,4 µg/g de Zn. No Pacoti as concentrações foram de 3,1 µg/g de Cu e 6 µg/g de Zn. |
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CONCLUSÕES:
O estuário do Rio Ceará apresentou elevadas concentrações de Cu em ostras, devido a contaminação industrial principalmente, têxteis e beneficiamento de couro, que empregam esses metais no seu processo produtivo. O estuário do Rio Cocó apresentou as maiores concentrações para Cu e Zn em sedimento. Esses valores são conseqüência direta do aporte de efluente doméstico sem tratamento adequado. O estuário do Pacoti apresentou a menor concentração de Cu tanto no sedimento quanto na biota. Tal resultado era esperado devido o maior grau de preservação do local. As altas concentrações de Zn em ostras do rio Cocó (4491,2 µg Zn/g) são semelhantes às encontradas na Baía de Sepetiba (9770 µg/g), devendo-se ressaltar que este valor foi quantificado em uma área de porte industrial e populacional mais elevado (Amaral et al., 2005). De acordo com a literatura as ostras apresentam altas concentrações de Zn por segregarem este metal em fosfatos e por filtrarem o material em suspensão que apresenta maior concentração de Zn que o sedimento de fundo (Dias, 2004). Conclui-se que dentre os organismos analisados, as ostras por serem excelentes aculumuladoras de metal são úteis como biomonitores da qualidade ambiental. |
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Palavras-chave: metais-traço; bivalves; estuários. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |