IMPRIMIR VOLTAR
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 6. Serviço Social do Trabalho
ABSORÇÃO DOS RECÉM-GRADUADOS DA UFES NO MERCADO DE SERVIÇO SOCIAL DO ESPÍRITO SANTO
Alessandro Zardini de Oliveira 1 (alessandro-ufes@click21.com.br), Aline Leão 1, Ana Paula Brito Mozer 1, Aracely Xavier 1, Carla Mognato Scardua 1, Josicleia Stelzer Zanelato 1, Juliana Mattedi Dalvi 1, Marilucia dos Santos Mattos 1, Patricia Ebani Peixoto 1 e Rafael Vieira Teixeira 1
(1. Depto. de Serviço Social, Universidade Federal do Espírito Santo - UFES)
INTRODUÇÃO:
O mercado de trabalho passa por profundas transformações na atualidade, verificando-se uma hegemônica tendência à informalidade. Tal fator coloca-se como problema uma vez que as relações informais de trabalho precarizam cada vez mais a situação dos trabalhadores, pois estes não encontram, na informalidade, o leque de direitos consolidados nas Leis Trabalhistas, tais como FGTS, Férias Remuneradas, Licença Maternidade, entre outros. A presente pesquisa surgiu então, do interesse do grupo PET – Serviço Social em elucidar o assunto referente à absorção e as condições de trabalho dos Assistentes Sociais no mercado de trabalho do Espírito Santo. Identificou-se a necessidade de averiguar de que forma essas metamorfoses do mundo do trabalho refletem-se no mercado de trabalho do Serviço Social já que a profissão, estando inserida no campo da contradição entre capital e trabalho, não poderia deixar de reproduzir tais relações. Soma-se a isso a necessidade de se levantar dados, até então insuficientes, a respeito da inserção profissional dos Assistentes Sociais no estado do Espírito Santo.
METODOLOGIA:
A execução desta pesquisa concretizou-se mediante discussão de uma bibliografia atualizada sobre a mudança na produção e reprodução do capital e seus rebatimentos diretos no mercado de trabalho como um todo, a partir da qual realizou-se um estudo de caráter descritivo, na perspectiva de estabelecer relações entre as variáveis encontradas referentes à empregabilidade dos Assistentes Sociais. O universo pesquisado compreendeu a amostra de 60% dos profissionais formados nas turmas de Serviço Social da UFES dos períodos de 2002/1, 2002/2, 2003/1 e 2003/2, totalizando 66 entrevistados. Utilizou-se como instrumento central da pesquisa um questionário semi-aberto, aplicado junto aos referidos ex-graduandos, na perspectiva de verificar se estes encontram-se inseridos no mercado de trabalho como Assistentes Sociais. Buscou-se verificar as condições de trabalho dos profissionais, qual a remuneração do seu contrato de trabalho, e se há um percentual de profissionais de Serviço Social na informalidade, desvinculado do mercado de trabalho direto, atuando em desvio de função ou até mesmo desempregado. Foram utilizadas abordagens quantitativas e qualitativas na produção da pesquisa, por se entender que tais procedimentos podem ser complementares na compreensão da abrangência da pesquisa e, portanto, fundamentais para o alcance do seu objetivo.
RESULTADOS:
A maioria dos entrevistados encontra-se na faixa etária de 20 a 25 anos (46,97%) e o sexo feminino coloca-se como hegemônico, representando 98,48% dos entrevistados. A maioria dos entrevistados formou-se no período de 2002/2, sendo estes 34,85%. Do total de entrevistados, 78,79% estão inseridos no mercado de trabalho como Assistentes Sociais, sendo que 82,69% destes conseguiram emprego até 5 meses depois de formados e 84,62% são registrados como Assistentes Sociais. O município de Vitória representa 34,62% dos locais de atuação, seguido pelas cidades do interior do Espírito Santo e de outros estados, que juntas representam 34,62% dos municípios de trabalho. Em relação à renda mensal, 53,85% dos entrevistados recebem entre R$ 961,00 e R$ 1440,00 seguidos por 32,69% que recebem entre R$481,00 e R$960. O setor público coloca-se como o maior empregador, representando 63,46% das instituições de trabalho dos entrevistados e é seguido pelas ONG`s e empresas (instituições privadas) com 21,15 e 11,54%, respectivamente. No que se refere ao vínculo empregatício, 46,15% possui contrato de trabalho sem carteira assinada, 34,62% possuem vínculo empregatício formal registrado em carteira, 11,54% atuam em cargos comissionados e 5,77% possuem contrato temporário registrado em carteira. As áreas de atuação que concentram o maior número de profissionais são família com 53,85% e planejamento, execução e coordenação de projetos sociais com 50% sendo possível nessa pergunta mais de uma opção.
CONCLUSÕES:
Observa-se a precarização no trabalho dos Assistentes Sociais não só em relação à pequena remuneração da maioria, inferior a seis salários mínimos, mas no que tange às condições em que se estabelecem as contratações. Apesar de 78,79% dos entrevistados estar empregado, a maioria das contratações são temporárias (51,92%) e cabe ressaltar que as contratações temporárias sem carteira assinada são 46,15% do total de empregados. Tais números apontam aos Assistentes Sociais do ES a tendência à informalidade, flexibilização e precarização das relações de trabalho e reafirmam a profissão enquanto produto e reprodutora das contradições do mundo do trabalho. Apesar do Estado continuar o maior empregador, o terceiro setor coloca-se como evidente espaço de inserção do Assistente Social, com 21,15% dos postos de trabalho, reafirmando a lógica neoliberal de transferência de responsabilidades do Estado para a iniciativa privada que passa a empregar o serviço social como forma de cobrir as lacunas deixadas pelo Estado no enfrentamento da Questão Social. Preocupa ainda, a absorção dos profissionais nesse mercado, uma vez que cinco novas escolas de serviço social foram criadas nos últimos anos e a partir de 2004 haverá um aumento de profissionais. Isso poderá saturar o mercado na Grande Vitória, como já se verifica pela migração de profissionais da capital para cidades do interior do ES e de outros estados e também aprofundar a precarização das relações existentes.
Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial - PET
Palavras-chave:  mercado de trabalho; assistente social; precarização.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005